Dólar fecha em leve baixa em sessão volátil com noticiário no Brasil compensando o exterior

No fim da tarde, porém, a moeda norte-americana reduziu a queda no Brasil, em meio ao noticiário ligado ao Congresso Nacional, que está na reta final dos trabalhos em 2023 – Foto de Alexander Grey na Unsplash

O dólar voltou a cair nesta quinta-feira, dando continuidade ao movimento da véspera, após o Federal Reserve adotar uma postura mais branda em relação à inflação, e repercutindo também o comunicado do COPOM, que reforçou a expectativa por mais cortes de 0,50% da Selic, e não de 0,75%.

No fim da tarde, porém, a moeda norte-americana reduziu a queda no Brasil, em meio ao noticiário ligado ao Congresso Nacional, que está na reta final dos trabalhos em 2023.

O dólar fechou cotado aos R$ 4,9140 para a venda, em leve baixa de 0,07%. Foi a segunda sessão consecutiva de queda da moeda norte-americana, que com o movimento desta quinta-feira registra estabilidade em dezembro.

Na B3, às 17h31 (Horário de Brasília), o primeiro vencimento do contrato futuro do dólar estava em baixa de 0,10%, cotado aos R$ 4,9130.

Na quarta-feira, o dólar fechou em baixa de 0,97%, após o Fed anunciar a manutenção da sua taxa de juros na faixa de 5,25% a 5,50%, como esperado, mas estimar cortes de 0,75% em 2024, mais do que o previsto anteriormente.

Nesta quinta-feira, a pressão de baixa vinda do exterior continuou, com o dólar recuando em relação as divisas fortes e a quase todas as moedas de emergentes e de exportadores de commodities. Novamente, o Fed mais “dovish” (brando com a inflação) influenciava as perdas do dólar, amplificadas ainda por indicações de bancos centrais da Europa de que os cortes de juros na região vão demorar mais do que o esperado.

No Brasil, a decisão do Comitê de Política Monetária (COPOM) do BC, na véspera, também favorecia mais um dia de queda para o dólar. O COMPOM cortou a Selic em 0,50% para 11,75% ao ano, mas reforçou a intenção de promover pelo menos mais dois cortes de mesma magnitude.

Os efeitos da decisão do BC atuavam no sentido de nova queda para o dólar nesta quinta-feira, após a moeda norte-americana ter fechado a quarta-feira em baixa de 0,97%, influenciada pelo comunicado do Fed.

Isso porque, ao reforçar a perspectiva de mais cortes de 0,50% e não de 0,75%, como chegou a ser aventado na curva a termo brasileira, a percepção era de que o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos seguirá em níveis mais elevados, pelo menos por enquanto, o que favorece a atração de divisas para o País, segundo profissionais ouvidos pela Reuters.

Neste cenário, o dólar chegou a cair abaixo dos R$ 4,90, registrando a mínima do dia aos R$ 4,8750 (- 0,92%), às 11h51.

Ao longo da tarde, porém, a moeda norte-americana recuperou o fôlego no Brasil. O movimento ocorreu sob influência do noticiário de Brasília, que trouxe novamente à tona os receios em torno do equilíbrio fiscal do governo Lula.

Numa derrota para o Planalto, o Congresso votou pela derrubada do veto presidencial ao Projeto que prorroga até 2027 a desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia. A rejeição do veto dificulta os esforços do governo para aumentar a arrecadação federal e sua intenção de cumprir a meta fiscal de déficit zero em 2024.

Além disso, uma Comissão Mista do Congresso aprovou a Medida Provisória que regulamenta as subvenções, após alterações flexibilizarem a proposta original do governo, incluindo também uma regra mais frouxa para o mecanismo de Juros sobre Capital Próprio (JCP).

Com as mudanças feitas pela Comissão, o potencial de arrecadação poderá cair. O Ministério da Fazenda, que ainda não apresentou novas estimativas de impacto, estimava um ganho de R$ 45.8 bilhões para o ano que vem, R$ 35.3 bilhões com o tema das subvenções e R$ 10.5 bilhões com JCP.

Com o noticiário local, o dólar fechou próximo da estabilidade, em leve baixa, ainda que no exterior a divisa seguisse em baixa em relação às demais moedas.

Às 17h31 (Horário de Brasília), o Dólar Índice estava em baixa de 0,93%, cotado aos 101.920 pontos.

Pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados para a rolagem dos vencimentos de fevereiro.

O Banco Central informou nesta quinta-feira que o Brasil registrou um fluxo cambial total negativo de US$ 387 milhões em dezembro até o dia 8, em movimento puxado pela Conta Financeira.

Os dados mais recentes são preliminares e fazem parte das estatísticas referentes ao câmbio contratado.

Pela Conta Financeira, ocorreram saídas líquidas de US$ 1.326 bilhão em dezembro até o dia 8. Por esta Conta são realizados os investimentos estrangeiros diretos e em carteira, as remessas de lucro e o pagamento de juros, entre outras operações.

Pela Conta Comercial, o saldo de dezembro até o dia 8 foi positivo de US$ 938 milhões.

Na semana passada, de 4 a 8 de dezembro, o fluxo cambial total foi negativo de US$ 775 milhões.

No acumulado do ano até 8 de dezembro, o Brasil registra um fluxo cambial total positivo de US$ 24.076 bilhões. No mesmo período do ano passado, o fluxo estava positivo em US$ 8.716 bilhões.

Normalmente divulgados às quartas-feiras, os dados do fluxo cambial saíram nesta quinta-feira em função do movimento dos servidores do Banco Central por melhores salários.

As taxas dos DIs fecharam a quinta-feira em queda no Brasil, pela quarta sessão consecutiva, em sintonia com a queda dos rendimentos das Treasuries nos EUA, que ainda repercutiam a posição do Federal Reserve mais branda com a inflação, ofuscando boa parte dos impactos, na ponta curta da curva brasileira, da decisão do COPOM na noite anterior.

Na tarde de quarta-feira, o Fed anunciou a manutenção da sua taxa de juros na faixa de 5,25% a 5,50%, como esperado, mas estimou cortes de juros de 0,75% em 2024, mais do que o previsto anteriormente, e inflação na meta de 2% em 2026. A decisão foi considerada mais branda com a inflação do que em reuniões anteriores, o que levou as taxas dos Treasuries e dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) a cederem.

Este movimento continuou nesta quinta-feira, com a curva de juros norte-americana novamente fechando, em meio à percepção de que aumentaram as chances do Fed promover cortes de juros já em março do próximo ano. No Brasil, as taxas dos contratos futuros de juros também cediam.

“Muito disso é continuidade do movimento que vimos ontem (quarta-feira), de repercussão das decisões de política monetária nos EUA e no Brasil. A surpresa maior foi com o Fed, que manteve os juros, mas emitiu um comunicado mais favorável, prevendo cortes”, disse João Ferreira, sócio da One Investimentos.

O rendimento da TNote de 10 anos caiu para abaixo dos 4%, o que fez durante boa parte do dia as taxas dos DIs mais negociados caírem mais de 0,10%.

Essa pressão baixista vinda do exterior ofuscou boa parte dos impactos previstos para a ponta curta da curva brasileira, após a decisão do Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central, na noite de quarta.

Como esperado, o COPOM cortou a Selic em 0,50% para 11,75% ao ano, mas reforçou a intenção de promover pelo menos mais dois cortes de mesma magnitude.

Como na sessão de quarta-feira as taxas dos DIs haviam desabado durante a tarde em função do noticiário ligado ao Fed, a leitura era de que a comunicação do COPOM trazia um viés mais “hawkish” (duro com a inflação) para os negócios no Brasil.

Assim, profissionais ouvidos pela Reuters avaliaram que se o exterior não trouxesse novidades, as taxas curtas poderiam subir nesta quinta-feira, em um processo de ajuste. Porém, a queda dos rendimentos dos títulos norte-americanos se sobrepôs à influência do COPOM, e as taxas dos DIs cederam novamente, ao longo de toda a curva.

Durante a tarde, porém, a queda das taxas futuras diminuiu, em especial entre os vencimentos mais curtos, em meio a uma pequena recuperação dos rendimentos e ao noticiário ligado ao Congresso, que está na reta final dos trabalhos em 2023.

Neste cenário, no fim da tarde a taxa do DI janeiro/2025 estava a 10,12%, contra 10,169% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI janeiro/2026 estava a 9,725%, contra 9,741% do ajuste contra 9,846% do ajuste anterior.

Entre os vencimentos mais longos, a taxa do DI janeiro/2028 estava a 10,085%, contra 10,126% do ajuste anterior. O DI janeiro/2031 estava a 10,53%, contra 10,591% do ajuste anterior.

Perto do fechamento a curva a termo precificava em 92% as chances do corte da Selic em janeiro ser de 0,50%, como vem sinalizando o BC. As chances de um corte de 0,75% estavam em 8%.

Às 16h39 (Horário de Brasília), o rendimento da TNote de 10 anos, referência global para decisões de investimento, caía para 3,9394%.

Fonte: Reuters 
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