Dólar fecha em forte alta acompanhando mercado internacional, a despeito de atuação do BC

O dólar comercial fechou em forte alta de 2,64%, cotado a R$ 3,8112 para compra e a R$ 3,8119 para venda, com máxima a R$ 3,8160 e mínima a R$ 3,6924. O dólar se fortaleceu no mercado brasileiro de câmbio após às 15h, acompanhando a alta no mercado internacional, a despeito da nova intervenção do Banco Central com oferta de swap cambial.

Essa foi a maior alta desde 18 de maio (8,15%).

“O euro despencou e fortaleceu o dólar no mundo todo. Lá fora as moedas emergentes pioraram muito, tínhamos que acompanhar”, disse o operador de câmbio de uma corretora local.

O euro caiu após o BCE decidir manter as taxas de juros em baixas recordes até o verão de 2019 no hemisfério Norte e estender seu enorme programa de compra de títulos até o final deste ano, embora vá reduzir o volume de compras a partir de outubro.

A decisão do BCE de prolongar o estímulo monetário veio em meio a preocupações com a desaceleração do crescimento na zona do euro, a turbulência política na Itália e as tensões comerciais globais, disseram analistas.

A decisão do banco europeu vem um dia depois de o Federal Reserve ter anunciado que pretende elevar os juros quatro vezes neste ano, ambas as decisões com implicações sobre o fluxo global de recursos e impacto sobre países emergentes, como o Brasil.

No mercado internacional, por volta das 17h50 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em alta de 1,40%, cotado aos 94,87 pontos, enquanto o euro estava em baixa de 1,80%, cotado a US$ 1,1579.

Operadores comentaram que a intervenção do Banco Central vinha “represando” uma alta mais intensa do dólar por aqui, mantendo a cotação perto de R$ 3,70. Desta vez, entretanto, a onda global de compras de dólar superou a resistência trazida pelo BC e até compensou o bom comportamento por aqui dos últimos dias.

Os profissionais das mesas de operações no Brasil citavam que contribuiu ainda para reforçar a alta do dólar a proximidade do fim do lote de US$ 20 bilhões em swaps cambiais tradicionais que o BC informou que colocaria no mercado até esta semana.

“O estoque do BC está acabando. Voltou a especulação, o mercado está chamando o BC, quer saber o que ele vai fazer”, disse o gerente de câmbio da corretora Ourominas, Mauriciano Cavalcante.

Nesta sessão, a autoridade monetária fez três leilões de swaps, somando desde a sexta-feira passada até agora US$ 18 bilhões. O último leilão do dia, de 20.000 contratos, foi realizado no meio da tarde, quando o dólar disparava ao redor do mundo.

Na véspera, especialistas consultados pela Reuters avaliaram que a atuação mais firme do BC deve cumprir o prazo dado pelo presidente da instituição, Ilan Goldfajn, e terminar nesta sexta-feira, o que não queria dizer que a autoridade deixará o mercado à deriva.

Ilan também disse na semana passada que, se fosse necessário, o BC continuaria atuando no mercado, inclusive com outros instrumentos.

O BC vendeu ainda nesta sessão a oferta integral de 8.800 contratos de swap cambial tradicional para a rolagem do lote de US$ 8.762 bilhões que vence em julho. Com a venda de hoje, o BC já rolou US$ 4.4 bilhões. Se mantiver esse volume até o final do mês, fará rolagem integral.

Juros futuros disparam com alta do dólar e expectativa com COPOM

A alta do dólar acertou em cheio o mercado futuro de taxas de juros e os contratos de DI dispararam no início da tarde desta quinta-feira (14/6), fechando em forte alta em relação ao ajuste de quarta-feira (13/6). A tendência do câmbio seguiu a alta da moeda americana ao redor do mundo, tanto em comparação com demais países emergentes quanto sobre outros desenvolvidos, e o já fragilizado mercado brasileiro acabou sofrendo mais.

“O Banco Central Europeu (BCE) alertou hoje que irá reduzir o programa de compra de ativos (QE) depois de um Fed mais duro. Isso é ruim para países emergentes por reduzir a liquidez global e ainda temos a pressão adicional das eleições”, disse Paulo Petrassi, sócio gestor da Leme Investimentos.

A desvalorização do real foi evitada inicialmente pelo Banco Central, que fez três intervenções desde o início da manhã via swaps cambiais e ofertou o equivalente a US$ 5 bilhões de contratos de swap cambial. Mas, aos poucos, o efeito do movimento global foi sendo incorporado. “Mesmo o BC tentando desvincular os juros do câmbio, os DIs sobem acompanhando o movimento do dólar”, disse Matheus Gallina, trader de renda fixa da Quantitas.

Segundo ele, o efeito é maior nos prazos mais curtos porque os participantes do mercado que esperam a piora do cenário do Brasil estão preferindo atuar em juros em detrimento do dólar.

“Os juros refletem a piora do cenário sem o efeito da intervenção do BC, que prejudicaria a estratégia desses participantes do mercado. O Tesouro Nacional tem recomprado títulos, mas a influência é na parte mais longa da curva.”

Com essa dinâmica pior, volta para a pauta a possibilidade de o BC elevar a taxa de juros na reunião da próxima semana. “Depois de dias de atuações tanto no câmbio como nas NTN-F, o mercado segue bastante volátil. Não vejo outra saída a não ser o BC considerar, de fato, subir juro para conter a deterioração no cenário”, disse o operador Luís Laudísio, da Renascença. Segundo estimativa da Quantitas, o mercado precifica, hoje, uma aumento de 0,45% da Selic na próxima reunião.

Já o economista-chefe do banco de investimentos Haitong no Brasil, Jankiel Santos, disse que os fundamentos continuam os mesmos e não espera uma alta para a semana que vem.

“A inflação está ancorada, a atividade distante do seu potencial e com um grau de retomada devagar. Me parece estranho subir os juros agora, espero que isso aconteça no início de 2019”, disse. Segundo ele, acontece atualmente uma queda de braço entre o BC e o mercado. “Não tivemos mudança nos fundamentos econômicos nos últimos dias.”

Ao fim da sessão regular, às 16h, o DI janeiro/2019 subiu para 7,550% (7,23% no ajuste anterior); o DI janeiro/2021 avançou para 10,290% (9,94% no ajuste anterior); o DI janeiro/2023 estava cotado a 11,680% (de 11,35% no ajuste anterior); o DI janeiro/2025 fechou a 12,300% (11,96% no ajuste anterior); e o DI janeiro/2027 subiu para 12,670% (12,29% no ajuste anterior).

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