Dólar fecha em baixa, em movimento de correção acompanhando o mercado exterior

O dólar comercial fechou em baixa de 1,36%, cotado a R$ 3,5461 para compra e a R$ 3,5467 para venda, com máxima de R$ 3,5804 e mínima a R$ 3,5429, em um movimento de correção, depois de acumular uma alta de 2,62% no mês até ontem, quando foi negociado acima de R$ 3,60, atingindo a maior cotação em dois anos.

Após subir por três dias seguidos, o dólar fechou em queda, influenciado pelo recuo global da moeda norte-americana após dados mais fracos de inflação aliviar a pressão sobre alta de juros adicionais nos Estados Unidos neste ano.

“Os rendimentos dos Treasuries estão caindo, a moeda recua no exterior e aqui aproveita para corrigir”, disse o gerente da mesa de câmbio do banco Ourinvest, Bruno Foresti.

Os rendimentos dos títulos norte-americanos recuavam nesta sessão, com o T-Note de 10 anos abaixo do nível de 3% tocado recentemente em meio à percepção de que os juros poderiam subir mais intensamente nos Estados Unidos neste ano em meio ao cenário de inflação e atividade mais fortes.

Neste pregão, os mercados respiravam um pouco mais aliviados depois da divulgação de que o índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos aumentou menos do que o esperado em abril.

No mercado internacional, por volta das 17h50 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em baixa de 0,39%, cotado aos 92,59 pontos, enquanto o euro estava em alta de 0,55%, cotado a US$ 1,1915.

Internamente, o chamado diferencial de juros também influenciava os mercados, diante da expectativa de que o Banco Central brasileiro vai reduzir a Selic na próxima semana para nova mínima histórica, a 6,25% ao ano.

E, com temores de que o Federal Reserve poderia elevar mais os juros nos Estados Unidos, os investidores tendem a migrar para a maior economia do mundo atrás de rendimentos com baixíssimo risco.

“Mesmo que o BC corte os juros por aqui, o mercado doméstico continua atrativo, não tanto quanto antes, mas continua”, disse Foresti, acrescentando que, diante do cenário eleitoral incerto, a pressão de alta do dólar é maior do que a de queda.

Mas, mesmo em meio ao nervosismo que tomou conta das moedas emergentes nos últimos dias, pesquisa Reuters com analistas constatou que, pelo menos para as seis principais divisas latino-americanas, uma parte da perda de valor recente deve ser recuperada nos próximos meses.

O dólar deve ser negociado a R$ 3,40 em 12 meses, mostrou a pesquisa, sobre R$ 3,35 esperados no levantamento de um mês atrás, enquanto o peso mexicano permaneceu em 18,5 por dólar.

O BC vendeu, pela sexta sessão, a oferta integral de 8.900 contratos de swap cambial tradicional. Com a venda de hoje, o BC já rolou US$ 2.670 bilhões do lote de US$ 5.650 bilhões que vence em junho.

Se mantiver e vender esse volume diário até o final do mês, o BC terá rolado integralmente os contratos que vencem no mês que vem e colocado o equivalente a US$ 2.8 bilhões adicionais.

Juros futuros têm primeiro dia de alívio no mês de maio

O mercado futuros de taxas de juros finalmente teve um dia de alívio no mês de maio. As taxas voltaram a cair, e desta vez com força e de maneira generalizada, após oito sessões sem trégua.

Na ponta mais longa da curva de juros, a queda foi uma das mais acentuadas de 2018. O DI janeiro de 2025 recuou 0,23% para 9,940%, o que não era visto desde a queda de 0,30% em 24 de janeiro, quando o mercado era tomado pela euforia com a condenação do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva.

Desta vez, foi o exterior que abriu espaço para o “respiro” nas taxas, já que a cena política por aqui ainda é rodeada de incertezas. O gatilho do movimento veio com o índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos, que subiu menos que o esperado em abril, atenuando as preocupações com uma alta de juros mais forte no país.

O quadro, entretanto, ainda é de cautela. O próprio nível das taxas evidencia um ambiente sob mais pressão. Parte das taxas dos DIs, a partir de janeiro de 2025, estão rodando em dois dígitos ou, pelo menos, bem perto disso.

“A dinâmica ainda não é nada confortável, já que o exterior não é tão benigno e a situação local, política e fiscal, segue bem fragilizada”, disse o estrategista-chefe da Coinvalores, Paulo Nepomuceno.

Outros indicadores de percepção de risco também seguem elevados. Segundo dados da Anbima, o juro real da NTN-B de longo prazo opera nos maiores níveis em cerca de cinco meses. O título com vencimento em 2055 fechou, na quarta-feira (9/5), com taxa de 5,4045%, o nível mais elevado desde que bateu 5,440% em 20 de dezembro de 2017.

Diante desse momento de mais cautela, o Tesouro Nacional tem feito ofertas relativamente pequenas de títulos prefixados, como é a NTN-F. Hoje, o lote de 450.000 títulos foi absorvido integralmente pelo mercado e as taxas até ficaram em linha com consenso de mercado. “A atuação do Tesouro evita colocar mais pressão no mercado, em um momento de nervosismo”, disse o executivo de uma corretora bastante ativa no segmento.

A escalada recente do dólar tem enfraquecido as expectativas de nova queda da Selic na reunião do Copom, na semana que vem. Na visão de uma parcela do mercado, a deterioração do balanço de riscos, com o ambiente externo mais adverso para os países emergentes, justificaria a atitude mais conservadora da autoridade monetária.

Hoje, esse alerta foi atenuado tanto pela queda do dólar quanto pelo resultado baixo do IPCA de abril. O indicador de inflação subiu 0,22%, contra 0,09% em março, mas ficou abaixo da média de 0,28% esperada por economistas ouvidos pelo Valor Data.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve ser encorajado a “honrar sua diretriz e reduzir a taxa Selic” de 6,50% para 6,25% quando se reunir na semana que vem, disse o economista Alberto Ramos, do Goldman Sachs. Essa expectativa é justificada pela inflação benigna e mais baixa que o esperado entre janeiro e abril, além da queda das expectativas inflacionárias em 2018 e 2019. O quadro conta ainda com a desaceleração da dinâmica da atividade econômica.

“A inflação de serviços e o núcleo [da inflação] também tiveram resultados visivelmente abaixo das expectativas e o índice de difusão do núcleo de serviços ficou mais moderado a partir de março”, disse Ramos. No entanto, a recente pressão sobre o real brasileiro e a instabilidade dos mercados financeiros globais devem levar o Copom a endurecer a linguagem e sugerir que o longo ciclo de flexibilização já tenha terminado. “Sem cortes adicionais no horizonte previsível”, resumiu Ramos.

No fim da sessão regular, às 16h, o DI janeiro de 2019 caiu para 6,265% (de 6,295% no ajuste anterior), o DI janeiro de 2020 cedeu para 7,220% (7,340% no ajuste anterior), o DI janeiro de 2021 recuou para 8,260% (8,440% no ajuste anterior) e o DI janeiro de 2023 caiu para 9,450% (9,680% no ajuste anterior).

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp