O dólar comercial fechou em baixa de 0,47%, cotado a R$ 3,1002 para compra e a R$ 3,1008 para venda, com máxima a R$ 3,1270 e mínima a R$ 3,0900, acompanhando o mercado externo e favorecido pela perspectiva de ingresso de recursos no País.
O movimento, no entanto, foi contido por causa da cautela do mercado diante dos cenários político e fiscal.
Na semana, o dólar acumulou queda de 1,36%, interrompendo sequência de três altas semanais.
“Com a agenda esvaziada e o recuo da moeda (dólar) no exterior, os fatores positivos foram se sobrepondo”, disse o operador de câmbio da Ourominas Corretora, Mauricio Gaioti. “A trajetória de baixa tende a continuar, se o noticiário político não atrapalhar”.
O mercado acredita que o Brasil deve atrair mais recursos externos diante de alguns fatores, como a recente melhora da perspectiva do rating do País pela Moody’s e o leilão de concessão dos aeroportos de Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Florianópolis, que arrecadou R$ 3.7 bilhões.
No mercado internacional, por volta das 17h35 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em alta de 0,06%, cotado aos 100,15 pontos, enquanto o euro estava em baixa de 0,27%, cotado a US$ 1,0737.
A sinalização de que o Federal Reserve não deve realizar altas adicionais nos juros neste ano, além das esperadas, também trouxe mais alívio ao mercado recentemente. Juros elevados tendem a atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados hoje em outras praças, como a brasileira.
No entanto, as questões política e fiscal internas permaneceram no foco e seguraram quedas maiores do dólar nesta sessão. O mercado teme que o fato de vários políticos da base e ministros do governo do presidente Michel terem sido citados na lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encaminhada ao STF, possa atrapalhar a votação de importantes reformas, como a da Previdência.
“O contraponto desta tendência (de baixa do dólar) é a demora na votação das reformas estruturais, que pode atrasar o ajuste fiscal”, disse a corretora Correparti em relatório.
O Banco Central realizou nesta sessão mais um leilão e vendeu a oferta total de 10.000 contratos de swap tradicional. Com isso, reduziu para US$ 8.711 bilhões o lote que vence em abril e que ainda resta para rolar.
Juros futuros de curto prazo fecham estáveis
Os contratos futuros de taxas de juros chegaram ao fim do pregão regular desta sexta-feira perto da estabilidade, com a tendência de baixa vinda do exterior sendo contrabalançada pelo dia de intensos ruídos domésticos.
O DI janeiro/2018 ficou estável a 10,005%. O DI janeiro/2021 caiu para 9,960% (9,990% no ajuste da véspera).
A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta sexta-feira a Operação “Carne Fraca”, que prendeu executivos do frigorífico JBS e da BRF Brasil, após investigações de pagamentos de propinas a fiscais do Ministério da Agricultura para aliviar a fiscalização em frigoríficos. Esses recursos, segundo a PF, abasteceram PMDB e PP.
A curva de juros indicava 69% de probabilidade de corte de 1% da Selic em abril, abaixo dos 72% de ontem.
O Goldman Sachs revisou projeção para a Selic e agora vê queda de 1% da taxa na reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM), do BC, de abril. A expectativa anterior era de corte de 0,75%. Ao fim do ano, a Selic terminará em 8,75% ao ano, contra estimativa prévia de 9,25%, segundo o banco.
Segundo o diretor de pesquisas econômicas para a América Latina do Goldman, Alberto Ramos, a revisão é amparada pelo atual cenário “benigno” e pela perspectiva “positiva” para a inflação, cujas expectativas estão “bem ancoradas”.