Numa sessão marcada pela instabilidade, o dólar comercia fechou em baixa de 0,51%, cotado a R$ 3,7616 para compra e a R$ 3,7633 para venda, com máxima a R$ 3,8046 e mínima a R$ 3,7534, após duas intervenções do Banco Central no mercado e sob a influência do mercado exterior, onde a moeda norte-americana operava em baixa.
“O BC não está deixando a moeda ir acima dos R$ 3,80”, disse o gerente da mesa de câmbio do banco Ourinvest, Bruno Foresti.
Pela manhã, quando o dólar chegou ao patamar de R$ 3,80, a autoridade monetária ofertou e vendeu 20.000 novos contratos de swap cambial, o que reduziu o movimento de alta da moeda norte-americana naquele momento.
Durante a tarde, no entanto, o dólar voltou a subir e o BC fez o segundo leilão, nas mesmas condições e resultados do primeiro. Com isso, já injetou o equivalente a US$ 4 bilhões em swaps, do total de US$ 10 bilhões previstos para esta semana.
O BC também vendeu 8.800 contratos de swap para rolagem do lote de US$ 8.762 bilhões que vence em julho. Com a venda de hoje, já rolou US$ 6.6 bilhões. Se mantiver e vender esse volume até o final do mês, fará rolagem integral.
Entre os dias 8 e 15 passados, o BC já havia feito leilões de novos contratos de swap, equivalentes a US$ 24.5 bilhões, para tentar acalmar o mercado diante de preocupações com o quadro externo e a situação política local, a poucos meses das eleições de outubro.
“Acho que ele deveria deixar o câmbio flutuar um pouco. Espero que anuncie apenas que vai atuar no mercado cambial quando necessário”, disse Foresti, para quem o efeito surpresa poderia ter mais impacto sobre o mercado.
A opinião é compartilhada por outros especialistas, que avaliam que o mercado esteve mais racional nesta semana e o BC apenas deveria reforçar que seguirá monitorando as condições, sem anunciar previamente o volume das intervenções que pretende fazer.
Durante a sessão, além do exterior, o mercado também monitorou o quadro político doméstico, diante da dificuldade de candidatos que considerem mais comprometidos com o ajuste fiscal de subirem nas pesquisas de intenção de voto.
Outra preocupação era o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) que pode colocar em liberdade o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, marcado para o dia 26. Nessa situação, ele seria um forte cabo eleitoral, podendo favorecer a disputa de candidatos que menos agradam a investidores.
No mercado internacional, por volta das 17h40 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em baixa de 0,27%, cotado aos 94,52 pontos, enquanto o euro estava em alta de 0,28%, cotado a US$ 1,1606.
Após decisão do Copom, câmbio segue exercendo forte influência sobre juros futuros
Embora a manutenção do juro básico em 6,5% ao ano e a comunicação do Banco Central (BC) tenham sido elogiados por economistas, o mercado futuros de taxas de juros continua cercado por uma série de incertezas e volátil. O que ficou claro na sessão hoje é que o câmbio e os juros mantêm grande correlação.
Ao longo do dia, os DIs mais curtos oscilaram seguindo o movimento do real versus o dólar, cujo desempenho em boa parte do pregão foi pior do que de boa parte das moedas emergentes. No fim da sessão regular, os contratos de menor prazo fecharam de lado. Enquanto isso, os vencimentos médios e mais distantes registraram valorização.
O dólar fechou em baixa de 0,42%, cotado a R$ 3,7622, mas chegou a encostar o patamar de R$ 3,80. Ao longo do dia, o BC fez duas intervenções, sendo cada uma com a oferta de 20.000 novos contratos de swap cambial, de modo a reduzir a volatilidade da moeda durante o dia.
“Temos pressões por todos os lados: político, fiscal, externo, atividade baixa e inflação de curto prazo. O mercado está com dificuldade de precificar a curva de juros”, disse uma fonte que preferiu não ser identificada.
Segundo Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho, a lógica para os contratos com prazos médios e longos de vencimento, vai para além das próximas decisões desse Banco Central e chega nas incertezas com as eleições. “O próprio BC voltou a falar da necessidade de avançar com as reformas e sabemos que o atual governo, muito enfraquecido, não conseguirá. Passa a depender do próximo presidente e isso ainda está muito incerto, o que favorece a manutenção dos prêmios.”
O estrategista afirma ainda que, na ponta longa, as questões externas afetam as taxas, como uma potencial guerra comercial global, alta de juros nos Estados Unidos e riscos políticos. “A parte longa tem menos espaço para retroceder.”
No comunicado publicado ontem, o colegiado deixou de fazer referências sobre seus próximos passos. O cenário externo mais difícil e as incertezas de curto prazo trazidas pela greve dos caminhoneiros sobre o comportamento da inflação e da atividade deixaram o BC com uma postura mais cautelosa. Foi eliminado o trecho em que o comitê dizia ver como adequado a manutenção da Selic no patamar corrente. A mensagem transmitida é que a taxa básica será elevada quando for necessário e confirma que não há clareza sobre o futuro, indicação que não acalma investidores.
O Tesouro não aceitou propostas de compra e venda de LTNs e NTN-Bs nos leilões. Para NTN-Fs, foram adquiridos em leilão 115.000 títulos ou 5,75% de um total de até 2 milhões de títulos, sem nenhuma proposta de venda ser aceita. Além disso, foi feita a venda integral de 2 milhões de LFT para março de 2024 no único leilão tradicional mantido pela instituição nas últimas semanas, em meio as intervenções na renda fixa.
Começa a pesar também, segundo alguns operadores, o temor de uma piora do quadro político. Na próxima terça-feira, a segunda turma do Supremo Tribunal Federal (STF) vai julgar um pedido da defesa para suspender a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A liberação do recurso para o julgamento foi do ministro relator da Lava-Jato no Supremo, Edson Fachin.
O DI janeiro/2019 encerrou o pregão regular, às 16h, com taxa de 7,03% (7,04% no ajuste de ontem), o DI janeiro/2021 encerrou com taxa de 9,73% (9,67% no ajuste de ontem) e o DI janeiro/2025 terminou com taxa de 11,89% (11,76% no ajuste anterior).