Dólar fecha em baixa acompanhando o exterior

O dólar iniciou a semana em baixa no mercado doméstico de câmbio, acompanhando o movimento de queda no exterior, em meio a temores de desaceleração mais forte da economia global. Com oscilação de R$ 0,03 entre mínima (R$ 4,7580) e máxima (R$ 4,7850), a divisa encerrou o dia cotada a R$ 4,7680 para a venda, em baixa de 0,22%, interrompendo uma sequência de dois pregões de leve alta. Em junho, o dólar à vista já acumula uma queda de 6,03%.

Cautela

Segundo operadores, a cautela deu o tom das negociações, com investidores apenas realizando ajustes finos de posições à espera da agenda doméstica carregada desta semana. Principal termômetro do apetite por negócios, o dólar futuro para julho registrou um baixo volume de negócios, pouco acima dos US$ 10 bilhões. O volume negociado deve aumentar ao longo dos próximos dias, tanto pelos eventos relevantes quanto pela proximidade de rolagem de posições e da disputa técnica pela formação da última Ptax de junho, na sexta-feira, 30.

Expectativa

É grande a expectativa pela divulgação amanhã, 27, da ata da reunião do COPOM na semana passada, quando a Selic foi mantida em 13,75% ao ano em um comunicado considerado duro. Uma parcela relevante do mercado espera que o COPOM adote um tom mais ameno na ata, o que pode dar ainda mais força à expectativa de redução da taxa básica em agosto. Nesta terça-feira, também será divulgado o IPCA-15 de junho, que deve mostrar forte desaceleração de 0,51% para 0,03%, segundo mediana da pesquisa Projeções Broadcast.

“O comportamento do mercado de câmbio hoje foi de cautela. Os investidores estão na expectativa sobre qual vai ser o tom da ata do COPOM amanhã e se o BC irá ou não dar alguma sinalização sobre o início do ciclo de queda da Selic”, disse a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest.

Definição das metas de inflação

A agenda ainda traz na quinta-feira (29), o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) e a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) para definição de metas de inflação. É figurinha fácil entre economistas a avaliação de que a manutenção de uma meta de 3% será benéfica para a ancoragem das expectativas e deixará o Banco Central mais confortável para iniciar o ciclo de afrouxamento monetário em agosto. Isso mesmo que a meta deixe de ser definida para ano-calendário e passe a ser contínua.

Balança comercial

Dados da Balança Comercial divulgados hoje reforçam percepção de analistas de que a entrada de fluxo comercial, sobretudo em razão das exportações do agronegócio, tem contribuído para a recente apreciação do real. Há também expectativa de fluxo financeiro com a emissão pela Petrobras de Bonds de 10 anos. Segundo fontes, a empresa captou US$ 1.25 bilhão, com uma demanda superior a US$ 5 bilhões.

Segundo a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a Balança Comercial registrou um superávit de US$ 1.374 bilhão na quarta semana de junho (dias 19 a 25). No mês, o superávit acumulado é de US$ 8.081 bilhões e no ano é de US$ 43.003 bilhões.

Exterior

No exterior, o Dólar Índice operou em leve queda entre 102.600 e 102.800 pontos. Houve uma apreensão em razão de crise militar na Rússia, com insurreição de grupo de mercenários contornada por Moscou no fim de semana. A moeda americana caiu em relação à maioria de divisas emergentes e de países exportadores de commodities. Entre as moedas latino-americanas, destaque para o peso colombiano e o real.

“O mercado local trabalhou em banho-maria hoje, seguindo o exterior. O fato é que vem ganhando força maior nos últimos dias a preocupação com uma desaceleração mais forte da economia americana, o que enfraquece o dólar e ajuda a sustentar o real”, disse a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, ressaltando que nesta semana o Banco Central Europeu (BCE) realiza evento que vai contar com a presença do Presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, cujas declarações podem mexer globalmente com o dólar.

Fonte: Broadcast Agro

 

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