O dólar comercial fechou em alta de 0,42%, cotado a R$ 3,1787 para compra e a R$ 3,1799 para venda, com máxima a R$ 3,1960 e mínima a R$ 3,1487, com o mercado aproveitando as baixas cotações registradas na primeira parte do pregão, mas sem desviar o foco do noticiário político local.
O dólar acumula uma alta de 1,26% nestes dois pregões. No ano até agora, no entanto, a moeda norte-americana ainda acumula perdas de 4,06%.
“Entraram compras perto dos R$ 3,15”, disse o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado, acrescentando que o mercado já mostrava alguma cautela antes da reunião do Federal Reserve, no dia seguinte.
Na quarta-feira, às 17h00 (Horário de Brasília), o Fed anunciará a sua decisão de política monetária. A expectativa era de que o banco central não mexa nos juros agora, mas sinalize que poderá elevá-los em março.
No exterior os rendimentos dos Treasuries seguem em forte alta.
No mercado internacional, por volta das 17h30 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em baixa de 0,19%, cotado aos 89,00 pontos, enquanto o euro estava em alta de 0,16%, cotado a US$ 1,2402.
O mercado acompanhou ainda as negociações do governo para conquistar os votos que ainda faltam para aprovar a reforma da Previdência, considerada essencial para colocar as contas públicas em ordem e cuja votação está marcada para o próximo dia 19 na Câmara dos Deputados.
Na segunda-feira, fontes disseram à Reuters que a base aliada no Senado não garante uma aprovação “automática” da reforma caso o texto passe pela Câmara.
Exterior arisco favorece alta de juros futuros na BM&F
Os contratos futuros de taxas de juros até desaceleram as altas perto do fim da tarde desta terça-feira, mas ainda chegaram ao término do pregão regular na BM&F apontando para cima. O movimento é atribuído por analistas ao ajuste negativo nos mercados externos, com destaque para a contínua escalada dos rendimentos de títulos do Tesouro americano, que por sua vez impõe às bolsas de Wall Street o pior dia de 2018.
Ao fim do pregão regular, às 16h, o DI janeiro/2019 subia para 6,805% ao ano (6,785% no ajuste anterior). O DI janeiro/2020 estava cotado a 7,990% (7,97% no ajuste anterior). O DI janeiro/2021 mostrava 8,800% (8,79% no ajuste anterior). E o DI janeiro/2023 operava estável, a 9,510%, depois de uma máxima de 9,560%.
Após um começo de ano que ainda surpreende pela forte demanda por ativos de risco, e de emergentes, analistas já previam alguma correção mais expressiva. A dúvida é qual a resistência do sentimento positivo a um salto adicional nas taxas dos Treasuries, que já subiram cerca de 0,30% neste ano. Hoje, o “yield” (retorno ao investidor) do título de dez anos, referência para a renda fixa global, bateu 2,733% ao ano, máxima desde abril de 2014.
Com a linha dos 3% cada vez mais próxima, ganha força o debate acerca do potencial de ajuste dos mercados. E, dada a queda dos prêmios de risco no Brasil neste ano, as taxas de juros de vencimentos mais longos poderiam ter caminho livre para revisitar patamares mais altos de semanas atrás.
Não seria uma surpresa a continuidade do ajuste lá fora provocar uma correção nas taxas longas, disse Arnaldo Curvello, sócio-diretor da Ativa Corretora. Para ele, é muito mais uma questão da velocidade do que da trajetória ascendente em si. Se for de forma gradual, como se espera, não vejo problemas. A questão é uma surpresa com inflação ou um ‘sell-off’ mais intenso nos Treasuries, disse.
Por ora, os preços na renda fixa brasileira não revelam aumento substancial de nervosismo. Os contratos de DI embutem Selic de 8,03% para o fim deste ano, alta de 0,07% sobre ontem, mas ainda abaixo dos 8,23% precificados recentemente. E alguns FRAs de DIs para prazos mais longos oscilam nesta terça-feira em leve baixa.
Mais otimistas que no começo da semana passada, alguns analistas destacam que os temas locais devem ganhar mais visibilidade a partir de agora e, portanto, abrir espaço para mais volatilidade em caso de virada de humor no exterior. O desenrolar do noticiário sobre potenciais candidatos à Presidência da República e a evolução da agenda de reformas são pontos bastante sensíveis ao mercado hoje e, dada a indefinição, ainda geram ansiedade.
Nesta quarta-feira, os ânimos do mercado podem ser colocados à prova com os resultados de pesquisa Datafolha de intenção de votos à Presidência. Será a primeira grande sondagem a ser reportada após o julgamento do TRF-4, que não só confirmou a condenação de Lula como aumentou a pena do petista.
O mercado deve se voltar cada vez mais para a agenda doméstica, disse Luis Laudísio, da Renascença, segundo o qual outro tema volta ao radar do mercado: a reforma da Previdência. Não acho que o mercado vai reagir tão mal em caso de não haver votação em fevereiro. Reagiria melhor se houvesse a surpresa de acontecer a votação.
Nesta terça-feira, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou ser preciso fazer a reforma da Previdência enquanto o cenário global está favorável.