Dólar fecha em alta em movimento de correção e à espera de BC

O dólar viveu um pregão de extremos nesta quarta-feira, ao fechar com alta de 1,03% e se reaproximar do patamar de R$ 3,80 reais com o mercado à espera de mais intervenções do Banco Central e depois de ter recuado 1% mais cedo com alívio diante do exterior e quadro político local.

O dólar comercial fechou em alta de 1,03%, cotado a R$ 3,7816 para compra e a R$ 3,7827 para venda, com máxima a R$ 3,7880 e mínima a R$ 3,7064.

“O mercado fez algumas compras, mas esperava que o Banco Central atuasse novamente. Ele colocou pouco contratos de swap hoje”, disse o gerente de câmbio do grupo Ourominas, Mauriciano Cavalcante.

No começo da tarde, quando a queda do dólar já havia perdido força, após o movimento de compra diante do baixo preço, o BC voltou a atuar no mercado, depois de ter ficado de fora na véspera, ao anunciar e vender integralmente a oferta de 20 contratos novos de swap cambial.

Esse foi o segundo leilão dessa semana de novos contratos, período em que o BC informou que injetaria o equivalente a US$ 10 bilhões em swaps. Até agora, foram US$ 2 bilhões.

A autoridade monetária também já havia vendido a oferta integral de 8.800 contratos de swap para rolar lote de US$ 8.762 bilhões que vence em julho. Com a venda de hoje, o BC já rolou US$ 6.160 bilhões e, se mantiver e vender esse volume diário até o final do mês, fará rolagem integral.

Passado o leilão, no entanto, o dólar voltou a subir para acabar o dia em alta.

Mais cedo, o dólar foi negociado em queda em função de algum alívio no quadro político local. Levantamento do Instituto Paraná feito apenas no estado de São Paulo mostrou que o pré-candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) seguia liderando, com 21,4% e 21,6% das intenções de votos em cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa, seguido por Geraldo Alckmin (PSDB), com 18,4% e 19,1% nos mesmos cenários sem o petista.

Em pesquisa realizada em fevereiro passado pelo mesmo instituto, também ouvindo apenas eleitores paulistas, Bolsonaro tinha 23,4% e 23,5% nesses cenários, com Alckmin com 22,1% e 23,2%.

O mercado doméstico piorou nas últimas semanas após pesquisas eleitorais mostraram dificuldade dos candidatos que os investidores consideram como mais comprometidos com ajustes fiscais de ganhar tração na corrida presidencial.

Também pesou a greve dos caminhoneiros, em maio, que alimentou as preocupações com a deterioração do quadro fiscal do Brasil, com a redução do preço do diesel gerando impacto bilionário sobre as contas do governo.

O recuo do dólar pela manhã também foi influenciado pelo cenário externo, onde os mercados davam um respiro depois que a China sinalizou tolerância a uma moeda mais forte ao fixar um ponto médio diário mais forte do que o esperado.

No mercado internacional, por volta das 17h40 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em alta de 0,11%, cotado aos 94,75 pontos, enquanto o euro estava em leve baixa de 0,05%, cotado a US$ 1,1583.

Na véspera, o mercado internacional viveu movimento de aversão ao risco diante do recrudescimento das tensões comerciais entre Estados Unidos e China após nova ameaça de mais tarifas comerciais pelo presidente norte-americano, Donald Trump, e retaliação de Pequim.

Juros futuros fecham em alta à espera do Copom

A expectativa pelo resultado final da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) deixa o mercado futuro de taxas de juros com leve instabilidade, mas a quarta-feira (20/6) não deixou de ser um dia de cautela. Depois da manhã marcada pela queda das taxas, seguindo o tom mais positivo no exterior, os contratos passaram a subir no meio do dia e fecharam mais altos.

Segundo David Cohen, da Paineiras Investimentos, a curva precificava perto do fechamento uma probabilidade de menos de 15% de o COPOM decidir pela alta de 0,25% da taxa básica de juros. A situação é muito mais positiva do que nas últimas semanas que, no auge dos momentos de aversão ao risco, chegaram a precificar alta de até 0,50%. “Não teve nenhum evento forte, o que vimos foi o mercado se ajustando aos movimentos das últimas semanas”, disse Cohen.

João Fernandes, economista da Quantitas, lembra que a aversão ao risco das últimas semanas levantou preocupações do Copom subir os juros para segurar o câmbio, mas afirma que elas se dissiparam. “Vimos uma acomodação forte [das taxas] e as altas de hoje não são substanciais. [Os DIs] caíram bem, começa a mudar a atratividade [dos contratos], e o mercado começa a realizar.”

O consenso entre economistas é que o COPOM irá manter o juro em 6,5% ao ano. Além de confirmar a manutenção do juro, os investidores estarão sensíveis a qualquer mudança no discurso do Banco Central. A expectativa é que o aumento dos riscos seja reconhecido e que a autoridade monetária dê indicação de que uma eventual elevação da Selic ainda em 2018 não seria conduzida pela alta do dólar, mas por uma piora nas projeções de inflação.

Uma indicação de que as condições de mercado podem estar em processo de normalização é o resultado dos leilões de títulos públicos feitos até o momento. O Tesouro Nacional poderia recomprar até 3 milhões e vender até 500.000 LTNs e comprar até 2 milhões de NTN-Fs e vender até 300.000. No entanto, nenhuma proposta foi aceita. Para NTN-B, foram adquiridos 300.000 títulos, de um total de 1 milhão de títulos, e vendidos 4.500 títulos, de um limite de até 300.000.

A atuação do Banco Central (BC) no câmbio, com oferta líquida de 20.000 contratos swap cambial, equivalente a US$ 1 bilhão, também trouxe um pouco de instabilidade para o mercado de juros. A moeda tem desempenho um pouco pior do que outras emergentes, mas não descola totalmente do ambiente externo.

No exterior, os ativos mostram alguma recuperação, revertendo em parte as perdas de terça-feira (19) com os temores da escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China. Ontem, os mercados globais fecharam em queda depois que o presidente americano, Donald Trump, pediu para o seu governo identificar US$ 200 bilhões em bens importados da China para serem penalizados com tarifas. Isso aconteceu após Pequim dizer que iria retaliar na mesma medida as planejadas tarifas dos EUA sobre os US$ 50 bilhões em importações do país asiático.

Ao fim da sessão regular, às 16h, o DI janeiro/2019 fechou a 7,025% (de 7,030% no ajuste anterior), o DI janeiro/2020 estava cotado a 8,670% (8,560% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2025 subiu para 11,82% (de 11,740% no ajuste anterior).

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp