Dólar fecha em alta de olho na inflação dos EUA

Após uma manhã marcada pela oscilação, o dólar se firmou em alta ao longo da tarde, em sintonia com o exterior, e terminou a sessão desta sexta-feira acima de R$ 4,90. Entre mínima a R$ 4,8640 e máxima a R$ 4,9080, ambas ocorridas na primeira etapa de negócios, a moeda encerrou o pregão cotada em R$ 4,9040 para venda, em alta de 0,45%, acumulando uma valorização de 0,59% na semana e de 3,69% em agosto.

No exterior, a taxa do Treasury de 10 anos ganhou força ao longo da tarde e o Dólar Índice renovou máximas, em alta em relação ao euro. A moeda americana subiu em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities. Entre as raras exceções, figurou o peso mexicano, impulsionado pela decisão ontem do Banco Central do México (Banxico) de manter a taxa básica de juros do país a 11,25%.

Depois de alívio ontem com a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA em linha com as expectativas, houve um desconforto hoje com o índice de preços ao produtor (PPI) de julho acima do esperado. Monitoramento da CME mostrou leve redução das chances de manutenção da taxa básica americana em setembro, que voltaram a ficar abaixo de 90%. Há expectativas de que após nova pausa em setembro, o Federal Reserve volte a aumentar os juros em novembro.

“Houve uma reação natural de alta do Dólar Índice e do dólar em relação a moedas emergentes após a inflação ao produtor vir acima do esperado. Tivemos nesta semana discursos divergentes de dirigentes do Fed e existe a possibilidade de nova alta dos juros”, disse o sócio e chefe de câmbio da Nexgen Capital, Felipe Izac.

Por aqui, o IPCA de julho referendou a continuidade do processo de redução da Selic pelo Banco Central, com parte do mercado de juros futuros reforçando as expectativas da aceleração do ritmo de queda, para 0,75%. Após a deflação de 0,08% em junho, o IPCA subiu 0,12% em julho, no teto do intervalo de estimativas colhidas pelo Projeções Broadcast, de 0,008% a 0,12%, com mediana de 0,06%. Houve, contudo, arrefecimento da média dos núcleos e do setor de serviços, além queda do índice de difusão. Como esperado, a inflação acumulada em 12 meses acelerou de 3,16% para 3,99%.

A equipe de pesquisas do Goldman Sachs tem uma visão positiva para o real e o peso colombiano. No caso da moeda brasileira, o banco americano estima que o BC será cauteloso no ciclo de redução da taxa de juros, uma vez que a atividade mostra resiliência e a inflação acumulada em 12 meses indica leve aceleração.

“Nossa perspectiva para a economia dos EUA permanece consistente com o cenário de pouso suave, o que deve beneficiar moedas emergentes pró-cíclicas que têm relativamente menos exposição à Zona do Euro e à China, como o real e o peso colombiano”, indicou o Goldman Sachs, para quem a queda das moedas emergentes neste início de mês pode ter sido motivada pela combinação da “preocupação de uma erosão maior do que a esperada do “carry trade” e os riscos de piora da economia global em razão da China”.

Fonte: Broadcast Agro
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