Dólar fecha em alta, com queda do petróleo e incertezas locais

O dólar fechou em alta, após acumular queda de 2,5% nas últimas duas sessões, refletindo a volatilidade nos preços do petróleo e em meio a incertezas políticas e econômicas no Brasil.

O dólar comercial fechou em alta de 0,32%, cotado a R$ 3,9603 para compra e a R$ 3,9627 para venda. A moeda norte-americana chegou a R$ 3,9818 na máxima do dia, mas recuou durante a tarde reagindo a um fluxo de entrada de recursos estrangeiros, segundo operadores.

Na BM&F, o contrato futuro março fechou a sessão regular em alta de 0,40%, cotado a R$ 3,9690.

“Tivemos um período razoável de otimismo no cenário externo e hoje isso se dissipou um pouco”, disse o operador de um banco nacional.

Após subir nas últimas sessões, o petróleo desabou nesta sessão após o ministro do Petróleo da Arábia Saudita, Ali Al-Naimi, descartar a possibilidade de cortes na produção.

O recuo limitou o apetite por ativos de maior risco nos mercados globais, que vinha ajudando o dólar a cair frente ao real nas últimas sessões.

A moeda norte-americana acumula uma alta de apenas 0,37% desde o início do ano, menos do que em relação a outras moedas da América Latina, tendência que pode não durar devido às incertezas econômicas e políticas no Brasil.

No mercado internacional, por volta das 19h35 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em leve alta de 0,08%, cotado aos 97,46 pontos e o euro também estava em leve alta de 0,03%, cotado a US$ 1,1021.

Nesta sessão, operadores afirmaram que o cenário local contribuiu para limitar a alta do dólar. Parte do mercado acredita que a prisão do marqueteiro João Santana teria aumentado a chance de cassação dos mandatos da presidente Dilma Rousseff (PT) e do vice-presidente Michel Temer (PMDB), o que ajudou a limitar o avanço da moeda norte-americana.

“O mercado reagiu (à prisão) de forma cautelosamente otimista, mas a verdade é que a liquidez está muito baixa e isso pode não se sustentar”, disse o operador da corretora B&T Marcos Trabbold.

A baixa liquidez acentuou o impacto do fluxo de entrada de investidores estrangeiros no meio da tarde, segundo operadores. Entre 15h28 e 15h30, a moeda norte-americana recuou 0,51%, passando de R$ 3,9714 para R$ 3,9513.

A parcela do mercado descontente com o governo de Dilma tem reagindo positivamente a notícias que aumentam a chance de seu afastamento. Alguns ressaltaram, porém, que eventual mudança no governo pode não resultar em quadro favorável à aprovação de medidas de austeridade fiscal, que julgam necessárias para resgatar a confiança do mercado.

A consultoria Eurasia Group manteve sua estimativa de chance de 40% de Dilma não concluir seu mandato. Dentro desta margem, porém, passou a ver chances iguais de isso acontecer via cassação ou via impeachment, sendo que antes via chances maiores de impeachment.

Nesta manhã, o BC promoveu mais um leilão de rolagem dos swaps que vencem em março, vendendo a oferta total de 11.900 contratos. Ao todo, a autoridade monetária já rolou US$ 8.125 bilhões ou 80% do lote total de US$ 10.118 bilhões.

Juros futuros sobem com anúncio de dado de inflação acima do esperado

Os contratos futuros de taxas de juros subiram na BM&F nesta terça-feira em reação ao dado acima do esperado de inflação e ao ambiente externo de menor apetite por ativos de risco.

O DI janeiro/2017 subiu de 14,18% para 14,21% no fechamento do pregão regular, enquanto o DI janeiro/2018 avançou de 14,63% para 14,68%. E o DI janeiro/2021 subiu de 15,5% para 15,63%.

O dado acima do esperado do IPCA-15 de fevereiro contribuiu para diminuir as expectativas de um corte da taxa básica de juros neste ano. A inflação medida pelo IPCA-15 acelerou em fevereiro para 1,42% contra a alta de 0,92% em janeiro. O índice que mede quão difundido está o aumento dos preços aumentou de 75,3% em janeiro para 77,5% neste mês.

O Banco Central tem dito que a inflação corrente alta é um dos elementos que mais têm pesado sobre as expectativas e que, por isso, a autoridade monetária não contempla um corte da Selic neste momento.

Para o diretor de pesquisas econômicas do Goldman Sachs para a América Latina, Alberto Ramos, há mais motivos para a inflação permanecer alta do que ceder. Ele cita o risco de repasse da depreciação cambial aos preços, além dos efeitos dos mecanismos de indexação, que mantêm a inércia inflacionária alta. “Isso torna altamente provável que a inflação em 2016 fique pelo segundo ano consecutivo acima do teto da banda da meta, de 6,5%”, disse.

Já as taxas dos contratos futuros com vencimento mais longos passaram por uma correção diante do cenário de maior aversão ao risco no exterior, com a queda do preço do petróleo e alta do dólar frente às moedas emergentes.

A curva de juros projeta 0,11% de alta da Selic neste ano. Ou seja, na prática, o mercado prevê estabilidade da taxa básica em 14,25% ao ano ao longo de 2016. Considerando as expectativas para a próxima reunião do COPOM, em março, a curva embute 84% de probabilidade de estabilidade da taxa básica de juros.

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