Dólar fecha em alta após renovar a máxima em cerca de dois anos com tensão entre EUA e Irã

O dólar comercial fechou em alta de 0,45%, cotado a R$ 3,5682 para compra e a R$ 3,5689 para venda, mas distante da máxima do dia de R$ 3,5945. A mínima foi R$ 3,5555. A pressão externa volta a pressionar os mercados emergentes em função das incertezas sobre o ritmo de aperto monetário do Federal Reserve e a instabilidade nos preços das commodities.

Na máxima do dia, o dólar registrou a maior cotação desde 3 de junho de 2016 (R$ 3,5970).

As atenções no exterior se voltam para anúncio do presidente americano, Donald Trump, a respeito da permanência ou não dos Estados Unidos no acordo nuclear internacional de 2015 e se vai haver a retomada de sanções contra o Irã.

“Trump fez um discurso duro, mas sinalizou que quer um novo acordo”, disse o operador da corretora H.Commcor Cleber Alessie Machado.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta tarde que retomará sanções econômicas contra o Irã e retirará seu país do acordo internacional concebido para impedir Teerã de obter uma bomba nuclear. Trump disse ainda que estava pronto para negociar novo acordo com o Irã.

As sanções econômicas ao Irã podem afetar a produção e exportação de petróleo do país, afetando os preços da commodity.

Preços mais caros de petróleo impactam a inflação e podem levar o Federal Reserve a ser mais austero e elevar mais do que o esperado os juros, o que poderia atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados em mercados considerados de maior risco, como o brasileiro.

No mercado internacional, por volta das 17h40 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em alta de 0,32%, cotado aos 92,92 pontos, enquanto o euro estava em baixa de 0,47%, cotado a US$ 1,1867.

O presidente argentino, Mauricio Macri, anunciou nesta terça-feira (8/5) que começou a negociar com o FMI para obter uma linha de crédito, em meio à turbulência financeira que tem provocado a desvalorização do peso argentino frente ao dólar.

“Decidi começar diálogos com o FMI”, disse Macri, diante da crise cambial que vive a Argentina nos últimos dias.

Macri lembrou que a Argentina é o país do mundo que mais depende de financiamento externo, e reconheceu que variáveis externas, como o possível aumento das taxas de juros pelo Fed e a alta do preço do petróleo, atrapalham a situação econômica da Argentina. “São variáveis que não administramos”, disse.

O presidente argentino lembrou que optou por uma política econômica gradualista para “equilibrar o desastre que deixaram nas contas públicas”, mas esse caminho fez a Argentina ficar dependente da emissão de dívida no mercado externo. “Estou convencido de que o caminho que tomamos resultará em melhor futuro para todos.”

O BC vendeu pelo quarto dia a oferta integral de 8.900 contratos de swap cambial tradicional. Com a venda de hoje, o BC já rolou US$ 1.780 bilhão do total de US$ 5.650 bilhões que vence em junho.

Se mantiver e vender esse volume diário até o final do mês, o BC terá rolado integralmente o lote que vence no mês que vem e terá colocado o equivalente a US$ 2.8 bilhões adicionais.

Com menor expectativa de corte da Selic, juros futuros fecham em alta

Faltando uma semana para a reunião do COPOM, o cenário de juros baixos no Brasil foi posto em xeque pelo mercado nesta terça-feira (8/5). A expectativa de um corte final da Selic perdeu a convicção de boa parte do mercado, que adotou uma postura mais defensiva diante da persistente alta do dólar e das incertezas no exterior.

A probabilidade de queda de 0,25% da taxa para 6,25% ao ano, recuou para cerca de 60%. E cada vez mais dividida, a expectativa do mercado contrasta agora com a chance de quase 90% apurada há algumas semanas, quando se debatia até uma atuação mais ousada da autoridade monetária para as próximas reuniões.

“A certeza do mercado foi colocada em dúvida a partir da alta global do dólar, que ainda não deu sinais de reversão”, disse Rodrigo Borges, diretor de renda fixa da Franklin Templeton no Brasil. “E a cada ponto que o dólar sobe, aumenta a dúvida sobre a atuação do COPOM”, disse o especialista.

O BofA é uma das grandes instituições financeiras que já assumiu uma visão mais cautelosa. Agora, em vez de um corte de 0,25% da Selic, a expectativa é de que o colegiado vá manter a taxa estável, em 6,50%, em 16 de maio. O aumento na incerteza internacional é o principal fator para a mudança de projeção do banco, que cita desde o avanço dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano e o aperto monetário nas economias desenvolvidas até os riscos geopolíticos.

E o mercado também teria leitura semelhante se o COPOM não tivesse declarado sua intenção de cortar a taxa, destaca o Bofa. De acordo com a ata da última reunião, esse estímulo adicional mitigaria “o risco de postergação da convergência da inflação rumo às metas”. Só que, agora, o balanço de risco, na avaliação de especialistas, parece ter se deteriorado.

Na noite desta terça, o presidente do Banco Central pode ter uma última oportunidade de direcionar a leitura do mercado pelo discurso. O dirigente vai conceder entrevista à Globonews às 22h30, no último dia antes do período do silêncio imposto nos dias que antecedem a reunião. Para operadores, é provável que Ilan mantenha esse tom na entrevista que concederá hoje. Mas, ainda assim, é elevada a expectativa com essas declarações, o que amplia a cautela no mercado de juros.

“O sentimento é de que a alta do dólar veio para ficar e pode até piorar um pouco mais”, disse o trader de renda fixa Matheus Gallina, da Quantitas. Nesse sentido, o mercado reduz a exposição nos vencimentos curtos, disse o especialista, diante do receio de que o câmbio impacte a percepção de risco e as decisões do COPOM, por mais que a inflação corrente ainda esteja bem-comportada.

Para além da próxima decisão de juros, cresce a preocupação de que o COPOM terá de antecipar uma futura elevação de juros. Até por isso, os juros curtos e intermediários sofrem com as altas mais acentuadas, enquanto o dólar se aproxima cada vez mais de R$ 3,60.

“O câmbio não para de piorar e isso coloca pressão no miolo da curva”, disse o estrategista Fernando Ferez, da Renascença. “Os juros podem até cair mais na semana que vem, mas também tem o risco de o COPOM precisar subir as taxas mais rápido do que previa”, disse.

A falta de surpresas positivas vindas das expectativas de inflação também pesa. A estimativa dos economistas para o IPCA de 2019 foi mantida em 4,03%, segundo os números do Boletim Focus de segunda-feira (7/5), em mais uma semana sem melhora nas projeções. Para um prazo mais curto, o cenário de preços ainda é favorável ao consumidor, mas a recente alta do dólar pode conter as frequentes revisões para baixo nas estimativas para a inflação, avaliam economistas ouvidos pelo Valor.

Com isso, a inflação projetada nas NTN-Bs, títulos atrelados ao IPCA, seguem a mesma direção de alta nos últimos dias. O título com vencimento em agosto/2020 embute uma inflação implícita, calculada pela diferença entre o juro do papel e a taxa do DI de prazo equivalente, na casa de 4,52%. A alta acumulada em quase um mês é de 0,18%, contra 4,34%.

Por volta das 16h, no fim da sessão regular, o DI janeiro/2019 subia para 6,340% (de 6,300% no ajuste anterior), o DI janeiro/2020 avançava para 7,270% (7,130% no ajuste anterior), o DI janeiro/2021 estava cotado a 8,300% (8,160% no ajuste anterior), o DI janeiro/2023 subia para 9,460% (9,330% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2025 avançava para 9,950% (9,820% no ajuste anterior).

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