Dólar fecha em alta após medidas de Trump

O dólar comercial fechou em alta de 0,37%, cotado a R$ 3,2541 para compra e a R$ 3,2548 para venda, com máxima a R$ 3,2723 e mínima a R$ 3,2426, em sintonia com o aumento da aversão ao risco após a notícia sobre a imposição de tarifas sobre as importações de aço e alumínio nos Estados Unidos.

“O mercado americano está preocupados que o presidente Trump tenha iniciado uma guerra comercial entre países”, disse o diretor de operações da corretora Mirae, Pablo Syper.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quinta-feira que seu governo vai impor tarifas de importação para aço e alumínio de 25% e 10%, respectivamente, na próxima semana.

As bolsas norte-americanas caíram fortemente, com temores de que uma guerra comercial eleve as preocupações sobre os aumentos de juros no país.

Mais cedo, em seu segundo depoimento ao Congresso norte-americano, desta vez no Senado, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse que não vê fortes evidências de inflação salarial e que não há sinais de que a economia norte-americana está superaquecendo.

Na terça-feira, em seu primeiro depoimento na Câmara, ele havia sinalizado que os juros nos Estados Unidos podem subir mais rapidamente do que o inicialmente previsto.

Para o presidente do Fed de Nova York, William Dudley, quatro altas de juros pelo Fed neste ano, no entanto, configurariam um aperto “gradual” da política monetária. O Fed projetou em dezembro três altas de juros em 2018.

No mercado internacional, por volta das 17h25 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em baixa de 0,39%, cotado aos 90,26 pontos, enquanto o euro estava em alta de 0,55%, cotado a US$ 1,2260.

No Brasil, o mercado se debruçou sobre os dados do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre. Diferentemente de Estados Unidos e zona do euro, os números não costumam impactar diretamente as cotações diárias do câmbio.

Mas a evolução de longo prazo da economia e, sobretudo, as expectativas para os próximos anos tendem a andar “juntas” com a taxa de câmbio.

Câmbio e diferencial de crescimento

Spread em pontos percentuais; índice de câmbio em pontos.

Fonte: Banco Central, FMI.

Pesando sobre os números gerais do PIB, as exportações caíram 0,9% no quarto trimestre sobre o terceiro, enquanto as importações subiram 1,6% na mesma base de comparação. Os dados coincidem com o comportamento mais errático dos termos de troca, que desde o segundo trimestre do ano passado interromperam tendência mais clara de alta.

“O que mais vai determinar essa dinâmica é a demanda externa. O câmbio influência, claro, mas é a procura por bens, num cenário de crescimento global mais firme, que mexe com as exportações e o restante das variáveis”, disse Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos.

O Banco Central não anunciou qualquer intervenção para o mercado cambial nesta quinta-feira. Em abril, vence um lote de US$ 9.029 bilhões de contratos de swap cambial tradicional.

Recuperação gradual da atividade econômica reforça cenário de Selic baixa

O mercado futuro de taxas de juros futuros se mostrou cada vez mais confortável com a expectativa da manutenção de um ambiente de inflação controlada e nível baixo da Selic. Os sinais de que a atividade econômica está se recuperando de maneira apenas gradual reforçam o cenário de que a economia ainda se beneficia do estímulo monetário.

Nesta quinta-feira, aumentaram ligeiramente as expectativas de novo corte da taxa básica. Os contratos futuros de DI projetam mais de 60% de probabilidade de uma queda de 0,25% da Selic em março. Até a sessão passada, a possibilidade girava em torno de 55%. O que abriu espaço para o movimento no mercado foi a frustração com o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre do ano passado. Entre outubro e dezembro, a economia cresceu apenas 0,1%, com desaceleração da demanda doméstica. E os números vieram na sequência de dados mais fracos de emprego.

Sob uma perspectiva de “amplo” hiato do produto, diferença entre o PIB efetivo e o PIB potencial, e de “baixa” inflação corrente, o UBS revisou para menos sua expectativa para a Selic neste mês, citando a “ainda moderada recuperação” econômica. O banco passou a ver corte de 0,25%, para 6,5% ao ano. Antes, o UBS previa estabilidade do juro básico em 6,75%.

Talvez tão importante quanto o ponto final do ciclo é a duração do juro baixo. Para a economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour, a “folga” do mercado de trabalho e no setor de bens capital dá conforto para o Banco Central manter as taxas baixas por algum tempo. Em algum momento a Selic no Brasil tem de sair de terreno expansionista para um nível neutro. “Mas dificilmente sobe neste ano”, disse.

Sinal de que essa leitura perpassa o mercado, os contratos futuros de prazos intermediários voltaram a cair, a despeito do ambiente externo mais adverso nesta quinta-feira. No fim da sessão regular, a taxa projetada pelo DI janeiro/2019 caiu 0,015% para 6,560%. Com queda de mesma magnitude, o DI janeiro/2020 saiu de 7,550% para 7,540%.

Antes de aumentar as expectativas, entretanto, o mercado ainda busca sinais mais concretos da inflação. O diretor do Banco Central Carlos Viana se reuniu com profissionais do mercado na manhã e na tarde desta quinta-feira em São Paulo. A reunião com o economista serve de base para formação do cenário usado no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), que será divulgado em 29 de março. Nesta sexta-feira, o BC realiza reunião no Rio de Janeiro.

No fim da sessão regular, o DI janeiro/2021 ficou estável a 8,450%. Entre vencimentos mais longos, o DI janeiro/2023 subiu para 9,290% (9,250% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2025 avançou para 9,670% (9,640% no ajuste anterior), em linha com a alta do dólar e queda das bolsas globais.

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