O dólar comercial fechou em alta de 0,31%, cotado a R$ 3,1370 para compra e a R$ 3,1390 para venda, com máxima a R$ 3,1456 e mínima a R$ 3,1110, à espera da divulgação do contingenciamento do Orçamento deste ano e do provável aumento de impostos e diante do cenário externo com menos preocupações com o andamento das políticas de estímulo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após a derrota no Congresso do projeto de reforma do sistema de saúde.
“O mercado está meio enjaulado, com dúvidas tanto externas quanto internas, ainda aguardando uma definição melhor para tomar uma decisão”, disse o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.
“Quando (o dólar) vai se aproximando de R$ 3,15, acabam entrando vendas”, disse.
Na véspera, os mercados reagiram mal ao fato de Trump ter sofrido importante derrota política ao não conseguir passar seu projeto para reformular o sistema de saúde norte-americano, que substituiria o Obamacare. No entanto, nesta sessão, o mercado passou a estimar que com isso, o presidente deve concentrar os seus esforços em tirar do papel o corte de impostos e o aumento de gastos em infraestrutura.
No mercado internacional, por volta das 17h30 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em alta de 0,46%, cotado aos 99,51 pontos, enquanto o euro estava em baixa de 0,50%, cotado a US$ 1,0814, após dirigentes do Federal Reserve, enfatizarem a perspectiva de mais aumentos de juros.
“O dólar subiu acompanhando o exterior e também como forma de proteção pelo ajuste do Orçamento de 2017”, disse o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik.
Internamente, o mercado trabalhou à espera da divulgação do governo sobre o corte orçamentário para garantir o cumprimento da meta fiscal deste ano, de déficit primário de R$ 139 bilhões. O anúncio estava previsto para essa tarde, mas divergências entre o Palácio do Planalto e a equipe econômica sobre aumento de impostos acabaram adiando o anúncio.
“Há um mal-estar com o adiamento da divulgação, deixa dúvidas sobre onde haverá aumento (de impostos)”, disse um operador de uma corretora local.
A assessoria do Ministério da Fazenda informou que a apresentação dos números acontecerá na quarta-feira, no final da tarde.
O Banco Central brasileiro vendeu integralmente nesta sessão o lote de 10.000 contratos de swap tradicional ofertados para rolagem dos contratos que vencem em abril. Já foram realizados nove leilões, que reduziram para US$ 5.211 bilhões o lote que vence no mês que vem.
Juro futuro de curto prazo volta a cair de olho em COPOM
Antes da divulgação do corte do Orçamento, o mercado de renda fixa voltou a concentrar as negociações focado nos próximos passos do Banco Central na política monetária.
Os DsI com vencimento em julho/2017, janeiro/2018 e janeiro/2019 foram os mais negociados nesta terça-feira, dois pregões antes da divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), para o qual se tem expectativa de que endosse o cenário de aceleração do ritmo da taxa básica. Nesta quarta-feira, os dados do setor de serviços referentes a janeiro concentram as atenções.
As posições no mercado indicam praticamente 100% de probabilidade de corte de 1% da Selic na reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM) de abril. Os contratos embutem uma taxa básica de 9% ao fim do ano.
As taxas de DI de curtíssimo prazo sofreram pressão de venda ao longo do dia após notícia de que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu corrigir as tarifas de todas as distribuidoras de energia em abril para que as empresas devolvam cerca de R$ 900 milhões cobrados a mais nas contas de luz ao longo do ano passado. A decisão foi tomada nesta manhã, e há risco de abatimento também em maio.
Isso provocou uma forte movimentação no mercado de cupom de IPCA (DAP) da BM&F. A taxa real de juros, ativo-objeto desse contrato, para maio de 2017 saltava para 8,25% ao ano na tarde desta terça-feira, máxima do ano. Ontem, essa taxa havia fechado a 6,25%. Quase 40.000 contratos já foram negociados para esse vencimento, contra uma média diária até ontem de menos de 1.000 contratos no ano.
Ao fim do pregão regular, às 16h, o DI julho/2017 caía para 11,005% ao ano, frente a 11,015% no ajuste anterior. O DI janeiro/2018 indicava 9,845%, contra 9,840% no ajuste de ontem. O DI janeiro/2019 ia a 9,450%, contra 9,410% no último ajuste.
Entre os vencimentos mais longos, a tendência de alta é clara, diante da recuperação das taxas dos Treasuries, títulos do Tesouro americano. O DI janeiro/2021 avançava para 9,920% (9,850% no ajuste de ontem). O DI janeiro/2025 subia para 10,260%, comparado a 10,190% de ontem.