Dólar enfraquece no final do pregão com medidas fiscais e fecha estável

Após passar a maior parte do dia em alta, o dólar perdeu fôlego na última hora de negócios e, em meio a máximas do Ibovespa, encerrou a sessão praticamente estável. A inversão de tendência da moeda americana no mercado doméstico coincidiu com a divulgação de detalhes das medidas do governo para tributar fundos exclusivos e offshores, duas medidas consideradas essenciais para o cumprimento da meta de zerar o déficit primário de 2024. Com uma máxima a R$ 4,9120, a moeda fechou cotada a R$ 4,8750 (-0,01%). A mínima, foi registrada logo após a abertura, a R$ 4,8660. No mês, o dólar ainda acumula alta de 3,08%, o que reduz a desvalorização no ano para 7,66%.

Operadores afirmam que o dia foi de ajustes de posições e de operações pontuais de realização de lucros, após a queda de 1,86% da divisa na semana passada. Na expectativa pela agenda pesada aqui e lá fora nos próximos dias, os investidores adotaram uma postura cautelosa, o que resultou em pregão de liquidez bem reduzida. Principal referência do apetite por negócios, o vencimento setembro do contrato futuro do dólar movimentou menos de US$ 8 bilhões.

Passado o efeito da aprovação final do arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados na semana passada, as atenções se voltaram para a tramitação do Orçamento e do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, que precisa ser concluída até 31 de agosto. Na reta final do pregão, o Planalto informou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assina hoje a Medida Provisória para tributar os fundos exclusivos e um projeto de lei com taxação para trusts e offshores.

Segundo o Ministério da Fazenda, a MP dos fundos exclusivos tem potencial de arrecadar R$ 3.21 bilhões em 2023, compensando as perdas com a mudança da tabela do Imposto de Renda. Para 2024, a expectativa é de arrecadação de R$ 13.28 bilhões. Já o PL de offshore, enviado com urgência constitucional para a Câmara dos Deputados, teria, segundo a Fazenda, potencial de arrecadar R$ 7.05 bilhões no ano que vem.

“As medidas parecem que agradaram ao mercado, que reagiu bem. A aprovação do arcabouço mostra que o governo provavelmente conseguirá aprovar projetos nas próximas votações. O sentimento de melhora de risco pode continuar apoiando o real”, disse o analista Elson Gusmão, da corretora Ourominas, que vê a taxa de câmbio no curto prazo oscilando em uma faixa entre R$ 4,85 e R$ 4,95.

No exterior, o Dólar Índice operava à tarde praticamente estável, em nível elevado, no limiar dos 104.000 pontos. O dólar tinha comportamento misto em relação as divisas emergentes e de países exportadores de commodities. Entre os pares do real, o peso chileno e o peso mexicano se fortaleceram, ao passo que o peso colombiano e o rand sul-africano recuaram em relação a moeda americana.

No exterior, será divulgado na quarta-feira, o PIB dos Estados Unidos no segundo trimestre, e na sexta-feira o relatório do mercado de trabalho (payroll) de agosto. Ambos podem mexer com as expectativas em torno da política monetária americana, após o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, reforçar no Simpósio de Jackson Hole que um novo aumento dos juros está condicionado, mais do que nunca, aos indicadores econômicos.

Fonte: Broadcast Agro
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