Dólar continua a elevar os custos da próxima safra

O plantio da safra 2015/16 de grãos só começará em meados de setembro no País, mas os agricultores já colecionam preocupações em relação aos custos de produção da nova temporada. Em Mato Grosso, que lidera a produção nacional, estimativas iniciais do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) já antecipavam que será o ciclo mais caro da história, mas a contínua valorização do dólar frente ao real motivou mais uma revisão para cima das previsões de gastos nas lavouras de soja, milho e algodão.

Para a soja, carro-chefe do agronegócio do Estado e do País, o IMEA prevê um custo total (que inclui mão de obra, depreciação e arrendamento) de R$ 2.949,07 para um hectare transgênico, levando em conta dados de março. O valor é 7,6% maior que os R$ 2.741,58 projetados pela entidade no mês passado e, se confirmado, será 22,3% superior aos R$ 2.412,05 de 2014/15. Para a soja convencional, o cálculo do IMEA aumentou de R$ 2.724,47 para R$ 2.922,95 por hectare, 20,6% acima dos R$ 2.422,49 da temporada passada.

Segundo o IMEA, defensivos e fertilizantes permanecem como os itens de maior peso para os produtores de soja, com gastos previstos em R$ 849,80 e R$ 724,88 por hectare, respectivamente – levando em conta o plantio transgênico, que é dominante no Estado.

Se por um lado encarece os insumos (boa parte deles é importado), por outro a alta do dólar eleva o preço de venda das commodities, mas ainda é cedo para saber qual o prato da balança terá mais peso. E o início do plantio da safra 2015/16 também está distante o suficiente para coibir projeções mais concretas sobre a produtividade das lavouras, outro fator que faz parte da equação de rentabilidade dos agricultores.

Para a atual safra de soja (2014/15), que já está 98,6% colhida em Mato Grosso, o IMEA estima produção de 28.1 milhões de toneladas, bem próxima das 27.8 milhões previstas pela Conab.

No caso da safra de algodão, que em Mato Grosso começará a ser plantada no fim de dezembro, a previsão do IMEA é de um custo total de R$ 8.078,60 por hectare, aumento de 8,9% na comparação com os R$ 7.416,96 indicados pelo IMEA no mês passado, com base em dados de fevereiro. Na comparação com 2014/15, a alta é de 16,4%. Somente os gastos com agroquímicos devem chegar a R$ 3.155,93 por hectare, 20% acima do ciclo passado, de acordo com a entidade. A expectativa do IMEA é que Mato Grosso encerre a atual safra com uma colheita de 856.180 toneladas de algodão em pluma, 14% abaixo de 2013/14.

Para o milho, cujo ciclo 2015/16 será semeado apenas no início do ano que vem (Mato Grosso concentra o cultivo do grão na segunda safra), a expectativa é de um encarecimento de 7,9% no custo de produção de lavouras de alta tecnologia, em relação ao ciclo anterior, para R$ 2.203,25 por hectare. A estimativa do mês anterior do IMEA previa montante um pouco menor, de R$ 2.063,55 por hectare.

Diferentemente da soja e do algodão, mais impactados pelo custo dos defensivos, o milho sente mais o peso dos fertilizantes. Os investimentos em adubação devem absorver R$ 595,13 por hectare de milho, projeta o IMEA, contra os R$ 533,40 da temporada passada. A entidade calcula que na atual safrinha, que começará a ser colhida em junho, Mato Grosso produza 15.29 milhões de toneladas de milho, 14% abaixo do ano passado.

 

Fonte: Valor Econômico

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