Diretor da SNA avalia nova proposta do Mapa para cadeia de lácteos

Para o diretor da SNA Alberto Figueiredo, existe um medo por parte dos produtores da cadeia de lácteos no Brasil de investir em melhorias de pastagens e modificações de sistemas de alimentação e genética dos animais. Foto: Raul Moreira/Arquivo SNA
Para o diretor da SNA Alberto Figueiredo, existe um medo por parte dos produtores da cadeia de lácteos no Brasil de investir em melhorias de pastagens e modificações de sistemas de alimentação e genética dos animais. Foto: Raul Moreira/Arquivo SNA

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) deve apresentar, em breve, uma proposta que destinará R$ 300 milhões para o fortalecimento do setor de lácteos em Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Os cinco Estados juntos são responsáveis por 80% da produção de leite e derivados do País.

“Naturalmente, o valor a ser disponibilizado deve ter sido calculado em função do número de produtores que o Mapa tem como meta atender. Qualquer iniciativa neste sentido é bem vinda. Tomara que consigam viabilizar estes recursos diante da crise orçamentária que o Brasil experimenta”, comenta o diretor da Sociedade Nacional de Agricultura Alberto Figueiredo.

A intenção do Mapa é investir mais em assistência técnica, melhoramento genético e promoção comercial. Em todo o Brasil, a cadeia produtiva de lácteos envolve 1,3 milhão de pecuaristas.

“Por mais paradoxal que possa parecer, toda vez que se pergunta a produtores de leite sobre suas demandas, a resposta prioritária é relativa à ausência de assistência técnica. No entanto, quando esta é disponibilizada, como tem sido o caso do programa Balde Cheio, o que a realidade tem mostrado é a ociosidade de horas profissionais de técnicos preparados, por conta da resistência à mudança de paradigmas por parte da grande maioria de produtores”, salienta Figueiredo.

Para o diretor da SNA, existe um medo do segmento de investir em melhorias de pastagens e modificações de sistemas de alimentação e genética dos animais, porque isto tem deixado os produtores inseguros quanto aos resultados financeiros.

“Os produtores preferem adotar sistemas mais tradicionais, com menor uso de insumos, mantendo todas as crias, na ilusão de terem, sempre que ‘a coisa apertar’, a condição de lançarem mão de um garrote ou uma bezerra, ou mesmo uma vaca para suprir suas necessidades financeiras”, avalia.

METODOLOGIA ADEQUADA

Na opinião de Figueiredo, “se o programa de assistência técnica, ora imaginado, não levar em consideração uma metodologia adequada, capaz de convencer os produtores das vantagens decorrentes do aumento de produtividade, principalmente por meio do uso adequado de unidades demonstrativas, pode ser que os recursos sejam gastos ao invés de investidos, fazendo com que uma boa ideia seja mais um motivo de frustração para seus idealizadores”.

O diretor da SNA comenta ainda que estas unidades demonstrativas poderiam até receber recursos a fundo perdido para sua implantação, por intermédio de parcerias com fornecedores de insumos, como materiais para cercas elétricas, sementes de forrageiras para pastagens, fertilizantes, entre outros, “sempre acompanhadas da implantação de controles zootécnicos e financeiros, de modo a nortear a tomada de decisões mais precisas”.

Para ele, é “elogiável a iniciativa de envolvimento das indústrias de laticínios neste processo, visto que precisam ter mais responsabilidade com seus fornecedores”.

Quanto à seleção dos cinco Estados que devem receber o aporte de R$ 300 milhões do Mapa, Figueiredo entende que o Ministério da Agricultura “deveria considerar também a importância do setor para as demais unidades da Federação, como é o caso do Estado do Rio de Janeiro, onde a pecuária de leite é a atividade mais importante em relação ao número de pessoas envolvidas no meio rural”.

MERCOSUL

Durante o anúncio da proposta do Ministério da Agricultura para a cadeia leiteira, feito pelo secretário Caio Rocha, da Secretaria do Produtor Rural e Cooperativismo do órgão, foi ressaltada a necessidade de ampliar as negociações com os representantes do setor privado para garantir aos países do Mercosul uma parcela do mercado brasileiro, de forma que não afete a competitividade e crescimento da cadeia nacional de lácteos.

No entendimento de Figueiredo, “o potencial de consumo do Mercosul é limitado, até porque as grandes fronteiras para o leite e seus subprodutos tendem a ser a Rússia, a China e a África”.

Durante coletiva, o secretário do Produtor Rural e Cooperativismo do Mapa, Caio Rocha, destacou que o Brasil tem 11 estabelecimentos habilitados a exportador lácteos para a Rússia. A expectativa agora é a de que mais 13 frigoríficos venham a obter autorização para embarcar leite e derivados para aquele país.

Para alcançar este objetivo, recentemente a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, negociou com o governo russo a abertura de mais mercado aos produtos lácteos brasileiros para este país.

“A negociação com os russos nos parece a mais promissora, em função dos aspectos políticos entre aquele país e os Estados Unidos, seu fornecedor tradicional”, destaca Figueiredo.

PRODUTOS

Atualmente, o Brasil embarca para o exterior, principalmente, leite em pó e leite condensado. Estender este leque é uma dificuldade para a cadeia nacional de lácteos, avalia o diretor da SNA: “Por problema de distância e custo de frete, o leite desidratado (leite em pó) nos parece a melhor opção”.

Quanto ao mercado interno, em sua opinião, “deveria haver um esforço de governos municipais no sentido de incrementar o uso de produtos lácteos nas merendas escolares, já com embalagens individuais e práticas para facilitar o consumo, aumentando entre as crianças o hábito de consumo”.

Por equipe SNA/RJ

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