A Companhia Nacional de Abastecimento revisou para baixo a projeção para a safra nacional de grãos 2013/2014. Divulgado na terça-feira, 11 de fevereiro, o 5º Levantamento de Safra 2013/2014 estima colheita de menos 3 milhões de toneladas em relação à previsão de janeiro, passando de 196,672 mi de t para 193,590 mi de t. Mesmo com a estimativa de encolhimento da atual safra agrícola, os números apontam para um novo recorde, com volume 3,6 % maior na comparação com o ciclo 2012/2013, que fechou em 186,867 mi de toneladas. Os prognósticos parecem “otimistas” na avaliação do diretor da SNA Fernando Pimentel.
“Considerando que o levantamento foi feito em Janeiro e, normalmente, os dados são coletados na segunda quinzena inteira, acho que o relatório está otimista, já que a situação da seca evoluiu muito de lá para cá”, observa. “As perdas em milho, em algumas regiões também na soja e no feijão, colocam esse números em dúvida. O ambiente produtivo no campo muda muito rapidamente e alguns levantamentos, por questão de tempo ou metodologia, não captam essas mudanças de cenário.”
Nos cálculos da Conab, a soja mantém sua posição de destaque na produção brasileira, ainda que tenha sofrido uma leve revisão para baixo na comparação com janeiro, de 90,331 mi para 90,013 mi. Pimentel acredita que este cenário tende a se agravar.
“Com certeza, o número não é mais esse. Na soja, já estão revisando de 600 a 800 mil toneladas a menos”, diz ele, que lembra que, “com a seca, muitas pragas, sobretudo as lagartas, se aproveitam da baixa pluviometria para atacar as lavouras”. Em relação ao ciclo 2012/2013, no entanto, a oleaginosa apresentou incremento de 10,4%.
A nova estimativa mostra desempenho negativo das culturas de milho primeira e segunda safras, que apresentaram, respectivamente, redução de 6,2% (2,17 milhões de toneladas) e de 7,2% (3,30 milhões de toneladas) em relação ao mesmo período do ano passado.
O comportamento do milho segundo safra é explicado pela Conab como reflexo de “um forte grau de incerteza, motivado pelas alternativas que o mercado atualmente disponibiliza para avaliação do setor produtivo, coincidindo com o plantio, relacionado às elevações internas e externas das cotações do algodão, ao bom desempenho tanto da produção quanto da comercialização do trigo e, por que não dizer, de um leve suporte apresentado recentemente pelo setor de milho, respaldado pelas exportações que tiveram influência positiva nas valorizações ocorridas com o dólar”.
Área
O 5º Levantamento de Safra indica uma redução de 407,9 mil hectares em relação ao anterior, de 55.386,9 milhões para 54.979 milhões no cálculo atual. Ainda assim, o resultado é 3,2% superior à área cultivada na safra 2012/2013, de 53,26 milhões .
A Conab avalia que os ganhos nas áreas de soja (107,0 mil hectares) e de 16 mil hectares no algodão foram anulados, principalmente pelas perdas no milho primeira safra (42,0 mil hectares), no milho segunda safra (445,5 mil hectares) e no arroz (59,0 mil hectares). A estimativa para o milho
IBGE
Em sua primeira estimativa para a safra atual, também divulgada na terça-feira, 11 de fevereiro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística prevê colheita de 193,9 milhões de toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas em 2014, 3% acima do ciclo anterior.
O relatório também destaca a participação da soja na safra brasileira, que deve subir dos 43,4%, em 2013, para 47,1%, em 2014. A estimativa para o milho, entre os mesmos períodos, indica queda de 42,8% para 39%. Arroz (com participação de 6,4% na produção deste ano), trigo (2,5%), feijão (2,0%), algodão (1,2%) e sorgo (1,1%) completam a lista dos principais cultivos brasileiros.
O IBGE informa que os dados foram coletados até a segunda semana de janeiro e não levam em conta os efeitos do clima mais quente e seco sobre as lavouras brasileiras.
USDA eleva estimativa para produção de soja brasileira
Na segunda-feira, 10 de fevereiro, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estimou a safra de soja brasileira em 90 milhões de toneladas – ante 89 mi de t do relatório de janeiro -, resultado que supera a projeção da colheita norte-americana, mantida em 89,51 milhões de toneladas.
O órgão do governo norte-americano credita o incremento a “maiores produtividades, refletindo os resultados iniciais de colheita no Centro-Oeste”.
Os números da Conab vão ao encontro da estimativa do órgão do governo norte-americano de que o Brasil pode ser elevado à posição de maior produtor mundial da oleagionosa. O diretor da SNA, entretanto, não acredita que essa previsão se confirme. “Devemos produzir um pouco acima de 89 milhões de toneladas.”
Na safra 2012/13, de acordo com o USDA, o Brasil colheu 82 milhões de toneladas de soja, contra 82,56 milhões nos EUA.
Por Equipe SNA/RJ