Diante da perspectiva de uma boa safra nos EUA, soja despenca na CBOT e pressiona preços no Brasil

Os contratos futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) encerraram a sessão em forte queda. Durante o dia, os principais vencimentos ampliaram o movimento negativo e fecharam o pregão registrando baixas de 27 a 32,50 centavos. O setembro/16 fechou cotado a US$ 9,98 ¼, o novembro/16 a US$ 9,75 ½ e o janeiro/17 a US$ 9,77 ½ o bushel.

Segundo as agências internacionais, os bons números reportados pelo Crop Tour Pro Farmer sobre o desenvolvimento da safra americana de soja foram os responsáveis pela queda registrada hoje. Segundo dados divulgados no site Pro Farmer, no Sudoeste de Iowa, a contagem de vagens por amostragem ficou em 1.380,97. O número representa um aumento de 6,5% em relação ao ano passado.

Já em Illinois, importante estado produtor de soja, o número está próximo de 1.318,09 vagens por amostragem, um aumento de 10,7% em relação ao ano de 2015. Em Minnesota, o número ficou 1.098,0 vagens por amostragem, levemente abaixo do registrado no ano passado, de 1.152,4 vagens por amostragem. Porém, o número está acima da média dos últimos três anos, de 1.077 vagens por amostragem.

“Essa semana temos o relatório dos números do Crop Tour indicando uma boa safra no país. E esse fator tem potencial para pressionar um pouco mais os contratos futuros da soja, que estão precificando a perspectiva de uma grande produção. Mas, por outro lado, temos a demanda, que ainda deve ajudar os preços”, disse Jack Scoville, vice-presidente da Price Group, em entrevista ao Notícias Agrícolas.

Jason Ward, Diretor de Grãos e Energia, disse que o mercado está digerindo as maiores perspectivas de produção de soja dos EUA. “Além disso, o lado técnico do mercado de soja que está mostrando várias tentativas fracassadas de superar a resistência de US$ 10,20 no vencimento novembro/16. As tentativas falhas geraram realização de lucros pelos especuladores que estão mantendo posições compradas”, disse.

Além disso, “também estamos a 3 dias consecutivos sem vendas de soja diárias. E temos todos esses números de contagem de vagens. Assim, a queda de braço entre a grande produção e a grande demanda continua, e hoje a produção está ganhando”, disse.

Contudo, Scoville ressalta que a força da demanda pode voltar a impulsionar os preços e mantê-los acima de US$ 10,00 o bushel. “As cotações podem operar entre US$ 10,25 e US$ 10,50 o bushel. Isso não será problema”, disse.

Mercado interno

A forte queda registrada na Bolsa de Chicago também pesou sobre os preços no mercado interno brasileiro. Em Mato Grosso, nas regiões de Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, a saca caiu 4,05%, cotada a R$ 71,00.

Em Sorriso (MT), a queda foi de 2,67%, com a saca cotada a R$ 73,00. Já em São Gabriel do Oeste (MS), a saca foi cotada a R$ 73,50, em baixa de 2%. Já no Paraná, a saca caiu 1,43% em Ubiratã e Londrina, cotada a R$ 69,00. No Oeste da Bahia, a queda foi de 0,25%, com a saca cotada a R$ 67,50.

Em Paranaguá, a saca disponível foi cotada a R$ 82,00, em baixa de 2,38%. A saca no mercado futuro foi cotada a R$ 78,00, em baixa de 2,50%. No terminal de Rio Grande, a saca disponível foi cotada a R$ 79,50, em baixa de 2,45% e a no mercado futuro a R$ 78,50, em baixa de 2,24%.

Dólar

A moeda norte-americana fechou cotada a R$ 3,2316 para venda, em ligeira alta de 0,27%.

Milho: Focado na safra americana, contratos futuros caem pelo 4º dia consecutivo na CBOT 

Os contratos futuros do milho recuaram e fecharam em queda pelo 4º dia consecutivo. Os principais vencimentos encerraram o pregão com perdas de 4 a 4,25 centavos. O setembro/16 fechou cotado a US$ 3,23 ½, enquanto o dezembro/16 fechou a US$ 3,32. Já o março/17 fechou a sessão a US$ 3,42 o bushel.

O mercado de milho, assim como o da soja, permanece atento às informações reportadas pelo Crop Tour Pro Farmer, que traz os relatos dos campos americanos.

Ainda hoje, dados do tour apontaram o rendimento médio das lavouras de milho em Minnesota em 194,67 sacas por hectare. No ano anterior, a produtividade foi de 202,72 sacas de milho por hectare. Já a média dos últimos três anos é de 189,8 sacas por hectare. Nesta sexta-feira, serão divulgados números dos principais estados produtores nos EUA.

No caso do milho, há muitas especulações a respeito dos números estimados. Segundo a Bloomberg, “existem evidências de que a estimativa de safra recorde feita pelo USDA pode ser exagerada, uma vez que o tempo quente prejudicou a safra em algumas localidades”.

Em entrevista ao Notícias Agrícolas, Jack Scoville, vice-presidente da Price Futures Group, disse que a produtividade média estimada pelo USDA para as lavouras de milho de 185,22 sacas por hectare não deve ser atingida. “Este número de produtividade não é ruim. Teremos uma boa safra, mas não será uma safra recorde”, prevê.

Assim, diante da consolidação de uma safra cheia nos EUA, as informações da demanda também serão importantes na sustentação dos preços.

Mercado brasileiro

O recuo registrado em Chicago também pesou sobre os preços no mercado doméstico. Segundo levantamento da equipe do Notícias Agrícolas, os preços caíram mais de 6% em Campo Novo do Parecis e Tangará da Serra, ambas em Mato Grosso. Com isso, a saca foi cotada a R$ 28,00. No Paraná, nas localidades, de Ubiratã, Londrina e Cascavel, a queda foi de 1,43%, com a saca cotada a R$ 34,50. Já em São Gabriel do Oeste (MS), a cotação registrou ligeira alta, sendo cotada a R$ 33,20. E, em Sorriso (MT), a saca subiu 3,57%, cotada a R$ 29,00. Nas demais praças o dia foi de estabilidade aos preços.

No Porto de Paranaguá, a saca para entrega setembro/16 caiu 1,52% e fechou o dia cotada a R$ 32,50.

Enquanto isso, na BM&F Bovespa, o dia também foi de queda para os contratos futuros do milho. Os principais vencimentos registraram quedas de 1,90% a 3,65%. O contrato setembro/16, referência para a safrinha, caiu 2,35% e voltou para o patamar de R$ 42,00. O vencimento novembro/16 fechou cotado a R$ 42,20/saca, em baixa de 3,65%.

 

Fonte: CBOT

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp