Rico em proteína e carboidrato, o leite é considerado o principal alimento fonte de cálcio para a nutrição humana.
Para suprir as necessidades diárias de cálcio, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) recomenda consumir três porções de lácteos por dia ou 1000 mg. O ideal é ingerir um copo de 200 ml da bebida, uma fatia de queijo de 50 gramas e um iogurte.
1º de Junho é o dia em que se comemora o Dia Mundial do Leite. Criada em 2001, pela FAO, a data celebra a importância econômica e social do leite, especialmente pelo que representa para a saúde alimentar.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), juntamente com as Federações de Agricultura e Pecuária, parabeniza a todos os produtores de leite que contribuem para o aumento da oferta e do consumo do produto no Brasil e no mundo.
A atividade leiteira se destaca no país por forte demanda doméstica e pela exportação do leite em pó. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2015, o Brasil produziu 34 bilhões de litros, sendo as regiões Sul e Sudeste responsáveis, cada uma, por 12 bilhões desse total.
O maior estado produtor de leite é Minas Gerais, com 9,3 bilhões de litros, o que corresponde a 27,18% do mercado brasileiro. Em seguida vem o Rio Grande do Sul com 4,6 bilhões e Paraná com 4.5 bilhões de litros. Dados do IBGE revelam, ainda, que o crescimento médio brasileiro, em 10 anos, foi de 4,1%. O consumo de lácteos per capita cresceu 3,3% neste mesmo período e, em 2015, fechou em 170 litros per capita, conforme a Scot Consultoria.
Com relação às exportações de produtos lácteos, o Brasil faturou US$ 319 milhões, em 2015. O maior comprador foi a Venezuela (US$ 238 milhões). Segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) o principal produto embarcado foi o leite em pó, responsável por US$ 234 milhões da receita.
As exportações brasileiras aumentaram com a abertura de novos mercados, como a China e Rússia, que são os maiores consumidores de produtos lácteos do mundo. Para suprir a demanda interna por lácteos, a Rússia fechou acordo com 26 estabelecimentos brasileiros para importar leite em pó, queijos e manteiga. Esse acordo rendeu ao Brasil um faturamento de US$ 2.5 milhões, no ano passado.
Rebanho ordenhado
De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o Brasil ocupou, em 2014, a segunda posição mundial quanto ao efetivo de vacas ordenhadas, ficando atrás apenas da Índia, que possui o maior rebanho de bovinos do mundo. Minas Gerais, Goiás e Bahia apresentaram os maiores rebanhos, com 25,2%, 11,5% e 9,0% do total de vacas ordenhadas, respectivamente.
Veja abaixo entrevistas com produtores brasileiros.
GOIÁS
Sebastião Werlen e sua família
Em março de 2015, o produtor Sebastião Werlen, 42 anos, tirava de 15 animais, 35 litros de leite por dia e em novembro a produção dobrou. O segredo segundo ele, está no Programa Goiás Mais Leite, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (SENAR/GO), implantado em sua propriedade de 8 hectares, localizada no município de Ouvidor, a 294 quilômetros de Goiânia.
Com o mapeamento e o manejo adequado do solo, os animais, que antes não passavam de 35 litros leites por dia, hoje superam 70 litros. “Mesmo com um espaço pequeno, mas com o recurso de técnicas de correção no solo, adubação, gestão e manejo de pastagem, conseguimos intensificar a produção”, destacou Sebastião Werlen.
Outro fator fundamental são as adequações da propriedade respeitando as áreas ambientais. “Por meio do Programa, a gente consegue produzir mais, com qualidade e respeitando o meio ambiente”.
Atualmente, o produtor tem 12 vacas da raça girolando em lactação e pretende chegar a 20 animais, com produção de 300 litros de leite por dia. O que antes era apenas um sonho, agora tem toda a sustentação necessária para se tornar realidade. Ele sabe que precisa ter o maior número possível de animais em produção em relação às “vacas secas” e para isso investe no básico: alimentação de qualidade – silagem, cana e capim e um bezerro por vaca a cada 12 meses.
A qualidade do aleitamento das bezerras é outro aspecto fundamental do manejo reprodutivo. Para garantir a nutrição adequada, o aleitamento é artificial, iniciado logo após as bezerras mamarem o colostro na mãe. “Isso melhorou muito o crescimento”, disse.
Sebastião Werlen afirma que as fêmeas jovens, com nutrição adequada, passaram a ter a primeira cria entre 24 e 26 meses. “Antes de receber a assistência técnica do Programa Goiás Mais Leite, os primeiros partos aconteciam de 36 a 48 meses”, completa.
SANTA CATARINA
Antônio Maldaner e sua família
Antônio José Maldaner trabalha com bovinocultura de leite, desde 2004, em Linha Salete, no município de Pinhalzinho (SC), em sua propriedade, com 24 vacas, em sete hectares. Em 2015, a produção foi de mais de 128.000 litros de leite. De acordo com Maldaner, a cada ano o investimento na qualidade do leite tem sido maior.
“Participei de treinamentos do SENAR/SC que me auxiliaram na melhoria do meu produto. Para ter um bom retorno financeiro é preciso oferecer um leite de qualidade e é nisso que investimos”, ressalta o produtor.
MINAS GERAIS
Produtor Samuel Fernandes
Há três anos, o pecuarista Samuel Fernandes Rino, de Divinésia, Zona da Mata Mineira, ingressou no Programa Balde Cheio, da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (FAEMG). Desde então é assistido pela agrônoma Karla Maria Valente.
“Considero fundamental para a sustentabilidade de minha propriedade ter o acompanhamento de um extensionista. Juntos, em pouco tempo, reduzimos os custos de produção, melhoramos a qualidade do rebanho e das pastagens e aumentamos os ganhos. Aprendi a não investir em animais que não dão alto retorno. Descarto vacas doentes ou com baixa produtividade e fertilidade e faço a triagem da recria. Intensificamos o uso da área destinada à produção de leite, liberando hectares para outras atividades. Outro aprendizado foi o controle de gastos e receita. A cobrança da Karla para que eu anote tudo me ajudou a corrigir as falhas e manter um fluxo de caixa sempre positivo”, afirma o produtor.
RIO GRANDE DO SUL
O Programa Leitec, criado pelo SENAR/RS, em 2014, foi a primeira iniciativa de assistência técnica para produção leiteira da instituição no Rio Grande do Sul. Desde a sua implantação, já foram beneficiados em torno de 500 produtores, em cerca de 40 municípios gaúchos.
São 42 turmas em andamento, em 41 cidades, contemplando outros 500 produtores. Estruturado para capacitar os produtores de leite em conhecimentos gerenciais e técnicos na produção, o programa aborda aspectos de gestão, manejo, solos, genética, sanidade e nutrição.
Além de orientar melhorias em práticas e manejo por meio dos cursos, os instrutores também acompanham as rotinas das propriedades inscritas no programa. Com isso busca-se proporcionar um salto de qualidade na produção. Foi esse acompanhamento que já possibilitou ao produtor Paulo Leite, de Rio Grande, uma descoberta muito importante.
Ele começou o programa em março deste ano e na primeira visita à propriedade, a instrutora técnica identificou o problema que provocava a morte de animais. “Eu colocava blocos de sal na área de pré-parto e isso causava a descalcificação das vacas nessa fase”, relata. “Foi só fazer uma mudança mínima para resolver o problema”, acrescentou.
Com uma produção de 8.000 litros de leite/mês, Paulo diz que procurou o SENAR/RS para tornar sua propriedade mais produtiva e considera que o programa “é muito favorável ao produtor”. Jorge Hister, de General Câmara, compartilha dessa opinião: “Comecei há pouco tempo com o leite, mas já aprendi muito graças aos técnicos”. Sua produção é de 250 a 300 litros/dia.
Jorge também planta fumo em sua propriedade, mas pretende, aos poucos, diminuir a área de cultivo por causa da mão de obra onerosa. Dessa forma, irá ampliar a produção leiteira “para tocar com a família”. O produtor destaca que o aprendizado sobre manejo de pastagens foi fundamental para a sua atividade. Jorge tem 51 cabeças de gado e quer chegar a 100 ainda neste ano.
O Leitec também permitiu à Mara Mattesdesse um salto na produção em sua pequena propriedade em Porongos, interior do município de Estrela. “Estou muito feliz por ter participado. No início pensava que não era para mim, pois me sentia como um grãozinho de areia perto dos grandes”, contou. “Antes eu tirava leite com balde, agora tenho até sala de ordenha”, comentou orgulhosa.
Ela começou a produção há três anos com apenas duas vacas e agora já são cinco em lactação, garantindo a média de 180 litros a cada dois dias. Animada com os resultados, Mara revelou que até a filha está com vontade de participar do programa para poder ajudar melhor a família.
Fonte: Agrolink