Em setembro, o frango vivo comercializado no interior paulista sofreu novo e consecutivo recuo de preços. Próxima de 5%, a redução enfrentada no mês fez com que a cotação do produto retrocedesse ao menor valor dos últimos sete meses, ficando perto de 12% aquém do pico de preços alcançado em abril – até aqui o mês de melhor desempenho histórico do produto.
A queda de setembro teria sido corriqueira e até palatável não fosse o fato de a cotação média do mês ter ficado 4,40% abaixo da registrada um ano atrás, no mesmo mês. Isto, sem que o custo tivesse recuado, pois, conforme a Embrapa Suínos e Aves, embora apresentando evolução mais moderada, o custo fechado em agosto ainda apresentava aumento anual próximo de 3,5%, ou de mais de 10% na média dos oito primeiros meses de 2022.
É preciso observar, neste caso, que a ocorrência de preços inferiores aos de um ano antes tem sido rara no setor. O último registro do gênero data do bimestre abril/maio de 2020, ocasião em que o isolamento social e a paralisação das atividades econômicas afetou a operação dos abatedouros, fazendo com que os preços do frango despencassem.
Agora, a causa é outra: perda crescente da capacidade aquisitiva do consumidor, fator que não deve ser equacionado em curto espaço de tempo, ainda que a inflação dê sinais de arrefecimento. Daí a possibilidade de a situação atual permanecer ou mesmo se agravar neste trimestre final de 2022. Isto, independentemente de a oferta permanecer ajustada e/ou de as exportações permanecerem em bom ritmo.
No ano passado, os preços do frango vivo permaneceram estáveis entre agosto e outubro e só em novembro entraram em um processo contínua de baixa que se estendeu até fevereiro de 2022. Neste ano, o processo começou antes, em setembro. Pode se estender até 2023 se, nesse meio tempo, a oferta não for melhor ajustada à fraca demanda.