Desempenho do frango vivo em fevereiro e no 1º bimestre

A afirmação de que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar é mito. Basta olhar a avicultura de corte brasileira: em 2018, pelo terceiro ano consecutivo, raios caem sobre o setor, minando, logo no início do período, as expectativas de um melhor desempenho no decorrer do exercício.

Em 2016 foi a crise no abastecimento de matérias-primas. Em 2017 foi a Operação Carne Fraca e questões de delação. Nos “raios” de 2018 estão envolvidas as exportações, ainda fracas, o baixo poder aquisitivo do consumidor e, na contramão dessa situação, novos aumentos no preço das matérias-primas. É, como diz um executivo do setor, “a tempestade perfeita”.

Os primeiros efeitos desse comportamento foram vistos em janeiro e se intensificaram no decorrer de fevereiro, período em que, cotado a R$ 2,50/kg no início do mês, o frango vivo comercializado no interior paulista encerrou o mês cotado a R$ 2,40/kg.

Foi pouco, naturalmente, apenas 4% de queda. Mas a cotação mencionada representou apenas um referencial, pois, dada a fraqueza do mercado, combinação nefasta de alta oferta e baixa procura, grande parte dos negócios foi realizada por valores até R$ 0,20 inferiores. O que significou, na prática, redução de mais de 12% do início para o final do mês.

O fato principal é que, alcançando valor médio de R$ 2,48/kg (considerado aqui o valor de referência, não o valor realmente recebido), o frango vivo completou, em fevereiro, 15 meses consecutivos de preços inferiores aos do mesmo mês do ano anterior. O que significa que a média registrada, nominalmente, o menor valor dos últimos 32 meses, permanece aquém, também, do que foi registrado em fevereiro de 2016.

A situação não apresenta grandes diferenças quando analisada sob o aspecto do primeiro bimestre de 2018. A média do período, pouco superior a R$ 2,52/kg, se encontra mais de 4% aquém do que foi alcançado no primeiro bimestre de 2017 e, comparativamente às médias anuais registradas em anos anteriores, corresponde ao pior desempenho dos últimos quatro anos.

Porém, levada em conta a inflação acumulada nos últimos anos, a constatação é a de que, aos valores atuais, o produtor vem obtendo a menor remuneração dos últimos seis anos. Ou seja: na prática, apesar do tempo transcorrido e dos aumentos de custos enfrentados, estamos ainda antes de 2013.

Seria ótimo contar com algo melhor em março. Mas além de estarmos na Quaresma (que se estende até o final do mês), podemos enfrentar mais problemas nas exportações. Quer dizer: um ano depois da Operação Carne Fraca o setor continua não tendo o que comemorar.

 

Fonte: AviSite

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