O desempenho do frango vivo em dezembro de 2016 foi um retrato fiel da profunda crise que afeta consumo e consumidores em todo o país. Começa pela ruptura da longa estagnação de preços (R$ 3,10/kg por 99 dias, um recorde no setor no tocante à duração). Mas não para revitalizar as bases de negociação e, sim, para derrubar ainda mais a cotação que, até então, vinha sendo apenas um referencial, já que muitas transações eram concretizadas por valores inferiores.
Com isso, a cotação-base do produto no interior paulista recuou para R$ 3/kg, valor que se manteve durante 23 dos 31 dias do mês. Mas apenas pró-forma, visto que negócios a valores menores continuaram sendo realizados. Assim, em todas as cinco semanas do mês, o mercado permaneceu extremamente frágil, nada indicando que se tratava do período de festas.
O grande detalhe, aqui, é que o exercício foi encerrado com o mesmo valor nominal registrado no encerramento de 2015. Mas agora, apenas como referencial. Portanto, com o frango valendo menos que um ano atrás – isto, em valor nominal e real. Como consequência desse fraco desempenho, o preço médio do mês – R$ 3,02/kg – ficou 1,04% abaixo do registrado em dezembro de 2015 – resultado negativo que não era enfrentado há 19 meses, ou seja, desde junho de 2015. O que tornou este dezembro um dos piores de todos os tempos.
Dezembro, porém, foi apenas pequena parte das vicissitudes que o frango (não só o vivo) enfrentou no decorrer de 2016, com certeza o mais desafiante de toda história do setor. Tanto que muitos não sobreviveram a ele. E a maioria encerra o período no vermelho.
É verdade que, na média dos 12 meses, o preço registrado – perto de R$ 2,89/kg – apresentou valorização anual próxima de 10,5%, superando, com isso, a inflação do período, ora estimada (IPCA) em pouco menos de 6,5%. Mas isso está muito aquém da elevação dos custos – leia-se: principalmente do milho – que, em determinados momentos do ano, chegaram a apresentar alta de 35% a 40% em relação aos mesmos períodos do ano anterior (levantamento da Embrapa Suínos e Aves), e nos 12 meses encerrados em novembro de 2016 ficaram 21% acima do que foi registrado em idêntico período anterior.
Por tudo de ruim que apresentou, 2016 deveria ser esquecido. Mas exatamente pelos desafios que gerou e pelas respostas que forçou a avicultura a buscar, merece ser definitivamente lembrado, pois armadilhas do gênero ressurgem quando menos se espera.
Fonte: AviSite