Depois da Rússia, setor de aves busca mercado da China e do Oriente Médio

As lideranças da cadeia de proteína animal já contam com o aumento da demanda russa fora dos embarques de 2015. A dúvida que fica é para onde vai a oferta de aves excedente que foi gerada em função da Rússia e a principal resposta está no potencial de consumo de países como China, Índia e Indonésia, próximos alvos do setor.

De acordo com números levantados pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), as exportações de frango para o país do leste europeu chegaram a 33,61 mil toneladas em outubro, resultado 60,2% maior em relação a setembro deste ano e 455,7% na comparação com outubro de 2013. Com este desempenho, a receita dos embarques atingiram US$ 75,61 milhões, 46,3% maior que o registrado no mês anterior e 305,2% acima do obtido em outubro de 2013.

No acumulado do ano, foram embarcadas para a Rússia 92,59 mil toneladas entre janeiro e outubro, número 135,8% maior em relação ao total exportado no mesmo período de 2013. Em receita, o aumento foi de 111%, com US$ 237,95 milhões.

“Compartilho da preocupação sobre onde vai entrar esta carne de frango quando as demandas diminuírem”, afirma o sócio consultor da MBAgro, Alexandre Mendonça de Barros, durante evento em Maringá (PR), realizado pela Unifrango Agroindustrial. O especialista ainda lembra que houve queda nos preços das commodities e, historicamente, quando os grãos caem, leva de três a seis meses para que os preços do suíno e aves baixem em seguida.

Ou seja, no ano que vem existe a possibilidade de muita oferta no mercado e valores baixos para a ração, o que acarretaria uma derrubada no frango. Em vista disso, a expectativa é que o Oriente Médio e China surjam como alternativas de escoamento desta produção. Há também um segundo cenário de ajuste da oferta, considerando o fato de que o ciclo das aves é mais curto quando comparado às demais proteínas animais.

Potencial e expectativas

“A Índia consome apenas três quilos de frango per capita. Na China, este nível vai para 60 quilos. A Índia tem um potencial gigantesco e acredito nesses dois países como grandes potenciais”, diz Barros. O presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins, acrescenta que o gigante asiático tem mais de um bilhão de pessoas, “se cada uma delas passar a consumir um quilo a mais per capita a demanda subiria expressivamente”.

Para o CEO da Unifrango, Hudson Carvalho Silveira, a produção nacional tem altos níveis de qualidade, competitividade e sanidade.

A partir destas premissas, basta saber negociar com os demais países. Ele conta que já está sendo feito um trabalho intenso com mercados maduros e, na linha das fontes anteriores, aposta no Oriente Médio e Ásia para expansão.

“A própria ABPA tem trabalhado firmemente para abertura de exportação. Conseguimos uma demanda excedente neste ano, o que precisamos agora é fincar o pé nesses países em que já entramos também”, enfatiza Martins.

Sendo assim, as expectativas traçadas pelo setor para 2015 são positivas, porém, diversas. “Ouso em dizer que vamos crescer na média de 6% ano que vem, impulsionados por vendas externas e internas”, estima o presidente do Sindiavipar. Silveira já considera uma possível manutenção nos níveis de crescimento do mercado ou uma ligeira alta, tendo o consumidor doméstico como uma grande alternativa. Em contrapartida, o consultor da MBAgro cita uma aumento médio entre 3% e 4%, nada além disso.

Ração

Puxadas pela maré positiva das carnes, a produção de ração a partir do milho e farelo de soja também disparou. O engenheiro agrônomo e consultor da Agropecuária Consultoria, Antônio Klein, destaca que o Brasil é o terceiro maior produtor de rações para suínos e aves do mundo, perde apenas para China e Estados Unidos e houve um incremento neste ano que pode gerar uma incerteza sobre o escoamento do produto em 2015.

“Devemos fechar 2014 com cerca de 65 milhões de toneladas de ração produzidas, segundo avaliação do Sindirações [Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal]. O consumo é majoritariamente interno, sendo pelo menos 57% para aves e 25% para suínos.”F

Fonte: DCI

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