O corte na produção brasileira de frangos vai derrubar a demanda por ração no segundo semestre. Essa é a avaliação do vice-presidente executivo do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), Ariovaldo Zani.
“Todos os fundamentos levam a essa conclusão”, afirmou ele, citando a forte alta dos preços do milho e do farelo de soja. Diante dos custos de produção mais elevados, a indústria de carnes decidiu cortar a produção, com o fechamento de ou paralisações temporárias de abatedouros. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), por exemplo, estima que os alojamentos de pintos de corte cairão ao menos 10% no segundo semestre.
Como a criação de aves é responsável por cerca de 60% do consumo do volume total de ração produzido (considerando frango, perus e outros), o baque previsto para o segundo semestre pode até anular o crescimento visto na primeira metade do ano, disse Zani.
Entre janeiro e junho, a produção brasileira de rações totalizou 33.3 milhões de toneladas, de acordo com estimativa do Sindirações. Trata-se de um crescimento de 3,2% na comparação com as 32.3 milhões de toneladas do mesmo período do ano passado.
Os dados do primeiro semestre, aliás, só confirmam que houve uma sobre oferta de frangos e suínos. No primeiro semestre, a indústria nacional produziu 19.4 milhões de toneladas de ração para aves, alta de 3,9% em relação aos primeiros seis meses de 2015. Considerando apenas a produção de ração para frango de corte, o aumento foi ainda maior, de 4,2%, conforme o Sindirações.
No caso das rações para suínos, a produção no primeiro semestre foi de 7.9 milhões de toneladas, 6% de alta na comparação anual. Assim na avicultura, a produção de suínos foi afetada pela disparada dos preços do milho, o que deflagrou um movimento de descarte de matrizes.
Na pecuária bovina, a produção de ração caiu, reflexo do menor rebanho disponível e da redução do número de animais confinados. Entre janeiro e junho, foram produzidas 3.6 milhões de toneladas de ração, queda de 5,1%. Desse total, 2.4 milhões de toneladas são destinadas para o gado de leite, e o restante para o gado de corte.
Fonte: Valor