Demanda por milho do Brasil pode ser favorecida pelas chuvas na Ucrânia

As exportações brasileiras de milho podem ser beneficiadas pelo excesso de chuvas no Leste Europeu. Levando esse fator em consideração, a Associação Nacional de Exportadores de Cereais (Anec) elevou para 33 milhões de toneladas sua estimativa para os embarques do país em 2017. No início do mês, a entidade projetava 30 milhões. A Anec baseia suas previsões em volumes efetivamente embarcados.

“Há potencial para chegar a 33 milhões de toneladas. Nosso milho está competitivo”, disse Sérgio Mendes, diretor-geral da Anec, em evento realizado pela associação em São Paulo na semana passada.

Segundo dados do USDA, a produção da Ucrânia, principal país exportador do Leste Europeu, deverá totalizar 25 milhões de toneladas em 2017/18, cerca de três milhões de toneladas a menos que em 2016/17. Com a quebra, os embarques ucranianos deverão recuar de 21.3 milhões para 20.5 milhões de toneladas, e analistas dizem que o volume ainda poderá ser revisto para baixo.

Ao mesmo tempo, as importações dos membros da União Europeia, que compram volumes expressivos da Ucrânia, tendem a alcançar 16 milhões de toneladas, 8,1% mais que no ciclo anterior. As importações não chegavam a esse patamar desde 2013/14.

Com o excedente de milho para exportação na safra 2016/17, os produtores brasileiros veem o cenário com bons olhos. Segundo números da consultoria Safras & Mercado, o ritmo de comercialização da colheita segue lento, com apenas 61% da produção da segunda safra da região Centro-Sul, estimada em 68.7 milhões de toneladas, vendida.

Tudo indica, portanto, que haverá milho de sobra no Brasil para compensar a menor produção do cereal na primeira safra desta temporada 2017/18. Para André Pessôa, sócio-diretor da Agroconsult, 2018 terá início com estoques muito acima do nível normal, suficientes para “neutralizar a queda de produção da primeira safra”. O especialista também esteve presente no evento realizado pela Anec.

A consultoria estima uma produção de 94.4 milhões de toneladas na temporada 2017/18, apenas 5% menor que em 2016/17. Para a segunda safra de milho, que representou 70% da colheita na temporada passada, a consultoria prevê 69.3 milhões de toneladas. O número é mais otimista que o da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safrinha de 2016/17 (67.4 milhões de toneladas), considerada “mais que perfeita” pelo mercado.

Também levando em conta uma redução da produção na temporada 2017/18, com menor área semeada no primeiro ciclo e possibilidade de que a segunda safra fique mais exposta a intempéries, a Anec projeta que as exportações brasileiras de milho alcançarão 30 milhões de toneladas no ano que vem. “Eu acho que chega a mais”, disse o diretor-geral da associação. A estimativa da Agroconsult é mais ousada: 35 milhões de toneladas em 2018.

Com relação à soja, a Anec avalia que as exportações ficarão ao redor de 67 milhões de toneladas neste ano, volume recorde, 26,4% maior que o pico registrado em 2015 (53 milhões de toneladas). A estimativa do começo do mês sinalizava para 66 milhões.

A Anec também prevê exportações de 67 milhões de toneladas de soja em 2018. Além disso, projeta embarques de 17 milhões de toneladas de farelo de soja, mesmo patamar estimado para este ano.

 

Fonte: Valor Econômico

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