A demanda em alta pela carne de ovinos seria motivo de comemoração para os criadores não fosse um problema: a produção nacional está longe de dar conta da procura pelo produto, que cresce durante o final do ano. Para abastecer o mercado brasileiro, é necessário importar de países como Uruguai, Chile, Austrália e Nova Zelândia. Hoje o Brasil conta com um rebanho de 17,6 milhões de cabeças, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Como conseqüência, toda a produção nacional acaba tendo como destino o mercado interno.
Para o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco), Paulo Schwab, a oferta reduzida faz com que a ovinocultura brasileira perca oportunidades no exterior. Ele afirma que a genética nacional está entre as melhores nas 28 raças disponíveis por aqui. Ainda assim, não há como atender potenciais importadores do produto. “Somos demandados na Arco por várias regiões do mundo à procura de carne ovina. E nós não conseguimos atender ninguém nem conversar, nem para amanhã e nem para depois de amanhã. Tudo o que produzimos estamos consumindo aqui”, observa.
Cada brasileiro consome, em média, 400 g de carne ovina por ano – muito pouco se comparado ao consumo de frango, bovinos e suínos, que fica entre 30 e 50 kg. Schwab calcula que, para ampliar o consumo para 2,5 kg, seria necessário triplicar o rebanho. Para que isso ocorra, segundo ele, o criador necessita de apoio. “Precisamos de extensão, de técnicos que tenham conhecimento da ovinocultura”, avalia o presidente da Arco. De acordo com ele, o animal possui diversas especificidades que exigem um manejo diferenciado, como o controle de verminoses. “Temos um problema sério de mão de obra. A ovelha não é uma vaca pequenininha”, acrescenta.
A coordenadora técnica da Associação Brasileira de Criadores Dorper, Regina Valle, acredita que, antes de pensar no mercado externo, o criador de ovinos tem que buscar a profissionalização e organizar a cadeia, para que ela funcione de forma adequada. “Temos empresas frigoríficas desenvolvendo projetos com o objetivo de popularizar o consumo de carne ovina, mas, para que tenham sucesso, o produtor precisa estar organizado para oferecer com regularidade e qualidade o projeto que o consumidor deseja”, salienta.
Devido à informalidade, segundo a Arco, torna-se difícil obter projeções precisas na área da ovinocultura para os próximos anos. Estima-se que mais de 90% dos abates sejam informais. “Mesmo as informações sobre o abate formal não condizem com a realidade, mas é possível dizer que a atividade está em expansão tendo em vista a criação de marcas de carne ovina e projetos para a produção de carne”, acrescenta Regina. “A expectativa para os próximos anos é que a atividade continue em expansão, conquistando mais espaço no prato do consumidor brasileiro.”
Por Equipe SNA/RJ