Uma delegação mexicana de representantes do governo e do setor privado está em negociações com parceiros brasileiros para fechar novos acordos de fornecimento de milho, soja e arroz e reduzir a dependência de produtos agrícolas dos Estados Unidos, disseram integrantes da missão na quinta-feira (11).
No segundo dia de uma visita de três dias ao Brasil, Raúl Urteaga, coordenador geral de assuntos internacionais do Ministério da Agricultura do México, disse que o principal objetivo da missão é acelerar os contatos comerciais entre os dois países, como parte de esforços mais amplos para diversificar os laços comerciais do México com outras nações além dos Estados Unidos. A delegação também visitou a Argentina.
“A principal razão para a missão desta semana é procurar fornecedores brasileiros de grãos”, disse Urteaga. O México quer substituir fornecedores de milho, principalmente norte-americanos. Um objetivo no longo prazo é aprofundar um acordo de cooperação econômica entre o Brasil e o México. “Ambos os lados estão buscando um melhor acesso aos mercados um do outro”, disse Urteaga, sem divulgar detalhes sobre qualquer negócio fechado.
A visita mexicana coincide com as próximas negociações para mudar o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) e evidencia as preocupações do México sobre uma possível revisão do pacto com o Canadá e os Estados Unidos. As exportações do México com origem no campo, que vão da cerveja à carne e tequila, somam cerca de US$ 30 bilhões por ano, com os EUA comprando 78% do total, disse Urteaga.
A indústria avícola mexicana utiliza cerca de 10 milhões de toneladas de milho e três milhões de toneladas de farelo de soja como ração animal por ano, disse César Macías, chefe da União Nacional de Avicultores, que também está na delegação.
O México não produz o milho em volume suficiente para alimentar suas criações, e uma abertura para outros mercados poderia acabar com a condição dos EUA como fornecedor prioritário. “A ração representa cerca de 70% dos custos de produção de frango e ovos”, afirmou o dirigente.
“O comércio com os EUA é muito eficiente por causa da infraestrutura existente, mas acreditamos que o Brasil também pode ser competitivo, especialmente se puder enviar a produção de forma eficiente, a partir de seus portos do norte”, declarou Macías.
Fonte: Reuters