De olho na produção sustentável, homeopatia agropecuária ganha espaço

Médico veterinário homeopata da Epagri-SC, Marcelo da Silva Pedroso orienta pecuarista quanto ao uso de tratamentos homeopáticos para o rebanho. Foto: Marcelo da Silva Pedro/Divulgação Epagri
Médico veterinário homeopata da Epagri-SC, Marcelo da Silva Pedroso orienta pecuarista quanto ao uso de tratamentos homeopáticos para o rebanho. Foto: Divulgação Epagri

A homeopatia agropecuária, utilizada no Brasil há mais de 25 anos, vem ganhando cada vez mais adeptos nos dias atuais, principalmente pecuaristas que estão de olho na saúde e bem estar dos próprios animais e, consequentemente, na sustentabilidade do setor produtivo do agronegócio.

“Tanto os produtores quanto os consumidores clamam por produtos livres de resíduos tóxicos no tratamento dos animais e em seus produtos derivados”, defende o médico veterinário Marcelo da Silva Pedroso, especialista em homeopatia animal da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural do Estado de Santa Catarina (Epagri).

Amparada oficialmente pela resolução n° 625, de 16 de março de 1995, do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), a homeopatia aplicada em animais dispõe sobre o registro de título de especialista no âmbito dos conselhos regionais. Na maioria dos Estados brasileiros, segundo a Associação dos Médicos Veterinários Homeopatas do Brasil (AMVHB), as clínicas de pequenos pets (cães e gatos) já oferecem atendimento do gênero.

No campo, segundo a instituição, especialmente as fazendas certificadas para produção de alimentos orgânicos têm aplicado bastante os medicamentos homeopáticos e muitos zoológicos já adotam estes produtos como recursos terapêuticos.

Pedroso explica que a homeopatia agropecuária funciona da mesma forma em comparação à humana, “utilizando medicamentos homeopáticos para o tratamento das enfermidades nos animais, sejam elas quais forem, independentemente de seu curso –  se agudas ou crônicas”.

“A homeopatia possui quatro pilares básicos, mas o principal deles é o princípio da semelhança, ou seja, o medicamento capaz de produzir sintomas no indivíduo sadio é capaz de curar os mesmos sintomas no indivíduo doente. Neste sentido, necessitamos fazer uma anamnese (investigação) bastante apurada dos rebanhos a serem tratados, para que possamos chegar ao medicamento semelhante (simillimum), curando os animais das enfermidades acometidas por eles”, ressalta o especialista.

Ele destaca que a homeopatia em animais de companhia (pets) é praticada há bastante tempo, mas sua utilização na produção agropecuária, no Brasil, é mais recente – em torno do final da década de 1990 e início dos anos 2000. “A homeopatia veterinária se fortaleceu em 1993, com a criação da Associação dos Médicos Veterinários Homeopatas do Brasil (AMVHB). Sete anos depois, a instituição recebeu a autorização do Conselho Federal de Medicina Veterinária para titular os profissionais especialistas na área, regularmente certificados.”

 

SUBSTITUIÇÃO

Conforme Pedroso, a aplicação de medicamentos homeopáticos pode, sim, substituir o uso dos remédios convencionais, em toda e qualquer situação de doença, seja ela aguda ou crônica: “Da mesma forma que os tratamentos convencionais possuem prognósticos favoráveis, reservados e desfavoráveis, assim também é a homeopatia, muito embora casos dados como reservados e/ou desfavoráveis pela clínica convencional, já conseguimos restabelecer o equilíbrio e proporcionar a cura dos animais”.

Na opinião do médico veterinário, a questão central é que, na homeopatia, existe a necessidade de um conhecimento muito mais aprofundado sobre a Filosofia Homeopática, Matérias Médicas Homeopáticas, Repertorização, dentre outros temas relacionados, “para que possamos prescrever a medicação correta e conduzir o caso ao sucesso”. “Devemos saber que, para trabalharmos com a homeopatia, precisamos entender o processo de adoecimento e cura dos animais, ou seja, não é apenas a mudança de método terapêutico e, sim, uma mudança profunda de filosofia de trabalho.”

 

CASOS

Para explicar melhor os resultados, Pedroso conta suas experiências: “Em nossa rotina de trabalho, exemplos importantes são os casos de Mastite Subclínica, na situação em que o leite do animal não está ainda comprometido, mas a doença traz perdas significativas de produção nos rebanhos leiteiros”.

“Os tratamentos convencionais, neste caso, são tecnicamente desaconselháveis, pois, além do baixo índice de cura destas enfermidades, ainda há o descarte do leite de todo animal durante o período de tratamento, adicionado ainda do período de carência. Com o uso da homeopatia, temos tido excelentes resultados porque, como é um método terapêutico não residual, o leite do animal em tratamento não necessita ser descartado, retomando a produção de leite dos animais ainda na mesma lactação.”

“Experiências exitosas temos diversas, que vão desde o controle das mastites clínicas e subclínicas, doenças reprodutivas, doenças de pele, a doenças do sistema respiratório, do sistema digestivo, endo e ectoparasitas, comportamento animal. Enfim, temos casos de sucesso em todo e qualquer mal que acometa os animais”, salienta o especialista em homeopatia animal.

 

Por equipe SNA/RJ

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