Custo operacional do trigo sobe 7%; compras de insumos estão mais lentas

O custo operacional efetivo (COE) estimado para o trigo 2015/16 está 7,2% maior que o calculado para a safra passada, considerando as principais regiões produtoras do Sul brasileiro.

Diante desses aumentos e de outras incertezas climáticas de mercado, produtores têm adquirido insumos em ritmo mais lento que no ano passado.

As regiões paranaenses de Londrina e Cascavel se destacam com os menores custos operacionais, contrapondo-se a Chapecó (SC) e a Castro (PR), que se encontram no outro extremo.

Para o cálculo dos custos, foram considerados o preço dos insumos entre os meses de abril e maio de cada ano e os coeficientes técnicos da safra 2014/15 coletados em campo por pesquisadores do CEPEA – a metodologia adotada é a de “Painel”, que consiste em reunião com produtores e técnicos locais para a apuração da estrutura produtiva mais comum em cada região.

A produtividade considerada também foi captada em Painel, referindo-se, portanto, à típica de cada região, na temporada 2014/15. O preço de comercialização do trigo representa a média de março e abril.

Na região de Londrina, o COE na temporada 2015/16 é estimado em R$ 1.534,17/ha. Considerando-se a produtividade típica média da região de 49,6 sacas/ha, o produtor precisaria vender o trigo a um preço mínimo de R$ 30,93/saca.

Como o preço médio de venda da saca foi de R$ 40,89 em março-abril/2016, o produtor teria um lucro operacional de R$ 9,96/saca sobre o COE. Nessa região, analisando-se os componentes do COE individualmente, destacou-se o aumento no desembolso com sementes e inseticidas, em 54,6% e 38% respectivamente.

Em Cascavel, o custo operacional se manteve como o segundo mais baixo, totalizando R$ 1.706,01/ha. Com a produtividade média da região de 50 sacas/ha, os triticultores de Cascavel teriam margem operacional de R$ 6,80/saca, já que o preço de venda médio de 2016 foi de R$ 40,92/saca.

Na região, o preço de nivelamento com os custos operacionais está estimado em R$ 34,12/saca. O produtor de Cascavel se deparou com aumento de 45% dos preços de fungicidas e de 35% do diesel em relação ao ano passado.

Castro se destacou com o maior desembolso para o pagamento das atividades operacionais da fazenda, totalizando R$ 2.715,57/ha, para uma produtividade média de 66,5 sacas/ha.

Com isso, o preço mínimo para que o produtor cobrisse os custos operacionais seria de R$ 40,84/saca. Como o preço médio no início deste ano esteve em R$ 46,35/saca, o triticultor de Castro pagaria o custo operacional e teria sobra de R$ 5,51/saca. Nessa região, o gasto com inseticidas aumentou 44,6% de uma safra para outra.

Para Chapecó, as estimativas do CEPEA apontam aumento de 5% no custo operacional. Na marca de R$ 2.400,88/ha, a região tem o segundo maior custo de trigo do Sul do País. O preço de nivelamento chega a R$ 43,65/saca, uma vez que a produtividade típica da região foi de 55 sacas/ha na safra 2014/15.

Ao contrário de outras praças, o preço médio de venda nos últimos meses foi de R$ 37,46/saca, o que representa R$ 6,19 por saca a menos que o necessário para o produtor fechar a conta. Dentre os componentes que mais influenciaram no aumento do COE de 2015 para este ano, estão fungicidas (35%) e adjuvantes (34%).

Na região de Passo Fundo (RS), o COE está previsto em R$ 1.995,60/ha, valor 8% mais alto que o do ano anterior. Também nessa praça, o produtor pode ter prejuízo, de R$ 6,83 por saca, uma vez que o preço mínimo para o pagamento integral do COE seria de R$ 39,91/saca e o valor médio negociado em março-abril foi de R$ 33,08/saca.

Em Guarapuava (PR), o COE médio foi calculado em R$ 1.993,27/ha e, com uma produtividade média de 60 sacas/ha, o preço de nivelamento seria de R$ 33,22/saca. Dado que o preço médio recente foi de R$ 40,69/saca, o produtor teria R$ 7,47/saca de sobra após o pagamento do custo operacional.

 

Figura 1 – Custo Operacional, Produtividade, Preço de Nivelamento e Preço Regional para o trigo nas praças acompanhadas pelo CEPEA em SC, PR e RS – Fonte: CEPEA

 

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Em meio a esse encarecimento da produção, levantamentos do CEPEA mostram que os produtores estão cautelosos para efetivar as compras de insumos.

É evidente o atraso na negociação de insumos para a safra 2016 de trigo (Tabela 1). No final de abril do ano passado 100% dos insumos em Cascavel já haviam sido vendidos. Agora, as negociações não passam de 40%.

Observa-se também tendência de substituição do trigo pelo milho de inverno, principalmente nas regiões de Londrina e Cascavel.

 

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Fonte: Cepea/Esalq

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