As mudanças climáticas já podem ser sentidas na produção e preço de alguns tipos de alimentos, como as verduras, antes mesmo da chegada do verão. O aumento de chuvas na estação influencia diretamente no trabalho dos agricultores familiares que cultivam hortaliças, raízes e outras variedades de alimentos.
Segundo o Centro de Monitoramento de Tempo, do Clima e dos Recursos Hídricos de Mato Grosso do Sul (Cemtec), em novembro deste ano, Campo Grande registrou 52,9% de chuva acima da média histórica, com acumulado de 315,8 milímetros. O esperado era de 206,5 mm.
O engenheiro agrônomo da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer), Paulo Márcio Vieira, chama a atenção para a perda integral das hortaliças, decorrente das alterações climáticas. “Se o agricultor familiar faz o cultivo no modo mais tradicional, ou seja, a céu aberto, a perda pode ser de até 100%”, alerta.
“Chuva muito forte pode encharcar o solo e apodrecer certas folhosas, criar um ambiente propício para as pragas e doenças, e ainda tem a chuva de granizo que pode acabar com tudo”.
Por conta dos riscos, poucos agricultores de cultivo tradicional optam por continuar a cultivar as folhosas durante o verão. “A maioria vai para alimentos como o jiló e o quiabo, por exemplo, que são mais resistentes ao clima da estação”, afirma Vieira.
Segundo ele, os agricultores que fazem uso do cultivo protegido, em viveiro com hidroponia, são os que comumente permanecem na produção de hortaliças. “Assim há uma queda na produção local de folhosas, o que encarece o mesmo nas gôndolas dos mercados”.
Outro fator que contribui com encarecimento é o aumento no consumo de hortaliças no verão. Como são alimentos refrescantes, nesta época do ano agradam mais o paladar das pessoas que buscam aliviar o calor com uma alimentação mais leve ou que desejam entrar em forma devido às festividades de fim de ano ou as férias na praia.
Alternativas
A Agraer acompanha diversos produtores no cultivo convencional ou no protegido, a fim de minimizar os prejuízos. “A gente sempre fala para que os agricultores familiares busquem o escritório da Agraer mais próximo. Lá, eles terão atendimento e um profissional irá visitar a propriedade para ver qual a medida mais recomendável para certo tipo de situação ou cultivo”, diz Vieira.
Uma hortaliça que é vendida a R$ 0,80 no inverno, pode chegar até R$ 3,00 no verão. “O custo é maior, contudo, é mais compensatório”, afirma o engenheiro agrônomo da Agraer.
Fonte: Capital News