CTC desenvolve primeira cana transgênica resistente à broca

Jorge Luis Donzelli
Variedades de cana geneticamente modificadas oferecem alto retorno na tecnologia investida

 

A broca da cana-de-açúcar (Diatraea saccharalis) é uma das pragas que mais causa prejuízo à cultura. Segundo o CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), a infestação dessa praga tem muita abrangência e representa a perda potencial estimada em R$ 370 por ha/ano, um valor alto, considerando os 9,5 milhões de hectares cultivados com cana no País (números do IBGE).

Para minimizar o problema, o CTC está desenvolvendo a primeira variedade de cana-de-açúcar geneticamente modificada resistente à broca. “Os pesquisadores do CTC já dominam a tecnologia para produzi-la, mas ainda existem algumas etapas do trabalho de pesquisa a serem desenvolvidas até que o produto chegue ao mercado, certificado pelo órgão CTNBio”, informa Jorge Luis Donzelli, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro.   Segundo ele, os experimentos com a variedade, denominada cana BT, estão em fase de Casa de Vegetação (estufa), que é um estágio anterior aos testes no campo. A previsão é que esteja disponível ao mercado em 2017.

Donzelli cita vantagens da cana BT em relação à convencional. “Além de um aumento de produtividade, as variedades de cana-de-açúcar geneticamente modificadas oferecem ao produtor um alto retorno na tecnologia investida”, destaca. “No caso da variedade resistente à broca, por exemplo, inestimável a tranquilidade que o produtor ao saber que o seu canavial está seguro”, acrescenta e lembra que o uso das variedades de cana BT viabilizará a expansão da cultura e a manutenção da posição do Brasil como um líder na produção de cana, açúcar, etanol e energia.

O CTC realiza pesquisas relacionadas à transgenia desde 1994, quando foi responsável pela primeira transformação genética da cana-de-açúcar no Brasil, resultando em uma variedade de cana transgênica tolerante a herbicida. “São 20 anos de trabalho voltados para o desenvolvimento de uma tecnologia que permitirá o crescimento das lavouras de cana de forma sustentável, com utilização de menor quantidade de recursos para obtenção de maior produtividade”, observa e informa que, a princípio, os projetos trazem características como resistência a insetos e herbicidas; tolerância à seca e aumento no teor de açúcar.

Parceria

Recentemente, o CTC e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) assinaram convênio para desenvolver experimentos na busca de promotores de genes para o processo de transformação da cana-de-açúcar. “A parceria permitirá explorar nos bancos de dados da Embrapa e do CTC os promotores que possam auxiliar na transformação e sejam mais adequados ao cultivo da cana”, afirma Donzelli.

O Centro conta com diferentes promotores de cana, porém, o que apresenta melhor desempenho é o denominado Ubi- 1, um promotor de milho que foi adaptado à cana-de-açúcar e se adequa às diversas variedades presentes no portfólio do CTC. “Embora tenha sido identificado nos meados da década de 1990, a intensificação do seu uso ocorreu recentemente”, diz.

Aproximadamente 15 pessoas estão envolvidas no projeto CTC/Embrapa, que será desenvolvido em cinco anos com recursos estimados em R$ 7 milhões, dos quais 90% do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) e 10% do CTC.

 

Por Equipe SNA/SP

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