Crise econômica não afeta dólar nem preços do agronegócio

Crises no Brasil sempre respingam sobre preços e comércio agrícola. O dólar fica instável, com tendência de alta, favorece exportações e eleva preços internos. A atual crise tem efeitos tão intensos na política que nem o dólar consegue reagir.

Além disso, apesar de o país ser líder em produção e exportação de vários produtos agrícolas, o mercado externo ignora o cenário do Brasil. O resultado é que o mercado olha só para Chicago e para os efeitos da supersafra colhida nos Estados Unidos e na América do Sul.

O dólar está em R$ 3,10, o mesmo valor de um mês atrás, e não consegue acelerar exportações. A soja, o principal item da pauta de exportação agrícola, estava a R$ 66 a saca há dois meses. Na segunda-feira (17), terminou o dia sendo negociada a R$ 59,50, uma queda de 10%, segundo a agência AgRural.

O mercado não perde de vista também os números de plantio nos Estados Unidos em 2017/18. No caso da soja, voltam a ser recordes.

Os fundos de investimento colocam os preços ainda mais para baixo. Em meados de fevereiro, eles tinham em suas carteiras contratos futuros equivalentes a 23.2 milhões de toneladas de soja compradas. Por algum motivo ainda acreditavam em alta de preços.

A partir daquela data começaram a vender até zerarem as posições. Na semana passada, adotaram posição inversa e já tinham o equivalente a quatro milhões de toneladas vendidas. Ou seja, acreditam em cenário de queda para a oleaginosa. O mercado financeiro, com aversão a riscos no momento, também coopera para a queda dos agrícolas. Os investidores apostam em ouro.

Por ora, os bons preços de 2015 e início de 2016 ficaram para trás. Além disso, o dólar, ligeiramente forte e estacionado no patamar atual há várias semanas, torna o produto brasileiro menos atrativo no mercado internacional.

 

Fonte: Folha de S. Paulo

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