Crise China/EUA é destaque em reunião do Conselho de Economia da SNA

Participando do encontro, o embaixador José Botafogo e o ex-ministro Márcio Fortes de Almeida. Foto: SNA

 

O recente embate comercial entre China e Estados Unidos ganhou destaque na reunião do Conselho de Economia da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), realizada na terça-feira (27/3) na sede da instituição. Convidado para falar sobre o tema, o economista Roberto Fendt também traçou um breve cenário da economia chinesa.

“São dois países que se complementam. Não deveria haver nenhum tipo de rivalidade. No entanto, o presidente Trump está cercado pelos chamados ‘falcões do comércio’, que acham que o mundo explora os EUA, e pelos ‘falcões da segurança nacional’, que dizem que é preciso impedir que os chineses ganhem competitividade tecnológica porque isso ameaça a segurança dos EUA”, disse Fendt.

Ele acredita que o uso do argumento de defesa nacional como base para impor medidas restritivas ao comércio é um aspecto crítico neste contexto, assim como as represálias aos países que infringem o direito de propriedade intelectual.

“A China, por sua vez, reduz em US$ 100 milhões o seu superávit com os EUA. Já os americanos querem que os chineses desmantelem sua política industrial. Quanto mais a China ascende, mais os EUA se sentirão ameaçados. Não há muito que fazer nessa situação”, afirmou o economista.

“A chance de crise militar é zero, mas nada impede que haja uma guerra comercial”.

Fendt informou que “a China quer instituir um sistema de governança que tornará o país uma grande potência em 2050”, que “o cenário atual é de crescimento da produção industrial, das construções e dos desembolsos de capital” e que “a economia chinesa retornou aos patamares de 6,5% de crescimento ao ano”.

 

OBJETIVOS

Ao abordar a nova política industrial do país, o economista disse que a meta dos chineses é melhorar a produtividade com o uso intensivo da tecnologia da informação; aumentar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (“em 2016 foram US$ 232 bilhões”) e atingir, até 2025, 70% de autossuficiência na utilização de componentes básicos como matérias-primas.

Presente ao encontro do Conselho, o ex-ministro da Fazenda Marcílio Marques Moreira disse que “a nova guerra fria entre China e Estados Unidos tem um componente novo: nem só os EUA querem manter sua hegemonia, mas a Rússia quer manter seu status de grande potência, e isso cria mais um complicador. É um quadro difícil”.

Analisando a perspectiva brasileira no cenário global, o embaixador José Botafogo disse que “o Brasil, por suas dimensões populacionais e geográficas, tem condições de definir seu próprio projeto estratégico de crescimento, sem depender das políticas de outros países”.

 

ERROS

Ainda durante a reunião do Conselho, coordenada por Rubem Novaes, o economista Antonio Lício disse que “o Produto Interno Bruto (PIB) divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) contém erros de cálculo”.

“O PIB descarta toda a variação de preços dos produtos e insere os preços de um período base”, explicou Lício, acrescentando que o IBGE, baseado na metodologia de cálculo das Nações Unidas, entende como inflação a alteração de valores.

O economista destacou que “o PIB mostrado por produtos finais (ou seja, seus valores finais no varejo e nas exportações) é diferente do PIB por valor agregado”. Para Lício, é preciso que os erros sejam corrigidos. “Houve uma grande inflexão de preços”, ressaltou.

Também participaram da reunião na Sociedade Nacional de Agricultura o ex-ministro Márcio Fortes de Almeida; o presidente da SNA, Antonio Alvarenga; os vice-presidentes da instituição, Hélio Sirimarco e Tito Ryff; os diretores Francisco Villela, Marcio Sette Fortes e Paulo Protásio ; e os economistas Antonio Meirelles, Carlos Von Doellinger, Claudio Contador, Helio Portocarrero, Paulo Guedes, Roberto Castello Branco, Rubens Penha Cysne, Sergio Gabizo e Thomas Tosta de Sá.

 

 

Por Equipe SNA-Rio

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