Crescem os desembolsos de crédito rural

Os desembolsos totais de crédito rural parecem ter finalmente engatado uma marcha de recuperação mais consolidada nesta safra 2016/17, que teve início em julho. Em novembro, cresceram 9,4% em relação ao mesmo mês do ano passado e alcançaram R$ 15.1 bilhões, conforme dados do Banco Central. O salto embutiu um importante impulso nos financiamentos tomados com juros livres, que aumentaram 42% na comparação, para R$ 2 bilhões. Essa tem sido uma opção mais recorrente de médios e grandes produtores e, apesar de mais cara, envolve recursos próprios captados pelos bancos e não incluem subsídios públicos.

 

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Quem mais opera com taxas livres são os bancos privados, que também seguiram ampliando suas carteiras de crédito rural em novembro. Concederam R$ 4.7 bilhões no mês – 46,8% mais que em novembro de 2015. E os financiamentos a juros livres foram puxados pelas Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), que irrigaram o setor com R$ 1.3 bilhão, mais que o dobro que em novembro de 2015.

As LCAs são títulos financeiros isentos de imposto de renda, cujas captações são destinadas a operações de crédito rural geralmente a taxas livres. Na atual temporada (2016/17), o governo resolveu estimulá-las ainda mais, criando uma modalidade de crédito com base nessas letras, que conta com taxas controladas de 12,75% ao ano. Somente para essa “novidade” já houve demanda de R$ 901.2 milhões em novembro.

No caso dos bancos públicos – nos quais se insere o Banco do Brasil, líder no segmento crédito rural no país -, os desembolsos alcançaram R$ 8.5 bilhões no mês passado, com queda de 2%. Só o BB amargou retração de 8%, para R$ 7 bilhões nos desembolsos em suas linhas. Mas, em contrapartida, havia comemorado boa demanda por crédito para o pré-custeio da safra no primeiro semestre deste ano, o que reduziu e distribuiu melhor a demanda por custeio no segmento agropecuário no início do ciclo atual.

A queda nas contratações junto aos bancos públicos em novembro é um reflexo claro desse melhor equilíbrio. Mas, de maneira geral, as contratações de crédito rural para custeio, incluindo todos os bancos, registraram crescimento da ordem de 1%, para R$ 8.6 bilhões. “Esse movimento do agronegócio pegando mais recursos livres é o que vai prevalecer na nova política agrícola. Já é a silhueta dos próximos Planos Safra do governo”, avalia o consultor Ademiro Vian, ex-diretor da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

Se, no geral, houve melhora nas contratações de financiamentos rurais em novembro, no acumulado dos primeiros cinco meses do ciclo 2016/17 (julho a novembro), o volume de crédito liberado ainda apresentou queda de 6,5% em relação ao mesmo período da temporada passada, para R$ 68.2 bilhões. Mas, mesmo assim, o volume de desembolsos com recursos a juros livres registrou aumento de 68% para R$ 10.6 bilhões.

 

Fonte: Valor Econômico

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