As contratações do crédito rural da agricultura empresarial na safra 2016/17, entre os meses de julho e setembro, chegaram à marca dos R$ 33,4 bilhões, segundo dados da Secretaria de Política Agrícola, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SPA/Mapa), divulgados na segunda-feira, 24 de outubro.
Deste montante, R$ 20,7 bilhões foram para custeio; R$ 7,2 bilhões, para comercialização; e R$ 5,6 bilhões, para investimento. De acordo com o órgão, os desembolsos representam 18% dos R$ 183,9 bilhões programados para o atual ciclo agrícola.
A modalidade investimento registrou alta de 19,1% em relação a igual período da safra anterior (2015/16), saltando de R$ 4,7 bilhões para R$ 5,6 bi.
“Considerando que os números são representativos do trimestre julho-agosto-setembro, qualquer alteração sazonal pode dar uma percepção incorreta dos dados. A modalidade investimento poderá crescer no ano, em comparação a 2015, considerando que o financiamento de máquinas sofreu com o retrocesso do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), durante o governo Dilma”, observa o diretor da Sociedade Nacional de Agricultura Fernando Pimentel, que também é diretor comercial e de operações da Agrometrika.
Em sua análise, “se os bancos tiverem linha é natural que esta modalidade cresça, porque existe uma demanda reprimida”.
O crédito para a modalidade comercialização, conforme a SPA/Mapa, também registrou aumento de julho a setembro: 17%, subindo de R$ 6,12 bilhões para R$ 7,16 bi.
O desempenho é importante, considerando que “esta modalidade é direcionada à proteção da renda do produtor rural contra os efeitos adversos da volatilidade nos preços agrícolas”.
QUEDA DAS APLICAÇÕES EM CUSTEIO
Ao contrato dos resultados anteriores, as aplicações em custeio sofreram queda de 27,8%, caindo de R$ 28,6 bilhões para R$ 20,6 bi, conforme a Secretaria de Política Agrícola. A redução, segundo a SPA, “decorreu da antecipação das contratações realizadas nos meses de maio e junho de 2016, da ordem de R$ 10 bilhões, a título de pré-custeio”.
“Este, sem dúvida, é o maior desafio para esta safra e para as próximas, pois nosso crédito rural é embasado nos depósitos à vista dos bancos e na ‘poupança verde’. Ambas as fontes sofreram fortes reduções, que têm impactado na oferta de custeio”, avalia o diretor da SNA.
Para Pimentel, “o ambiente de maior aversão ao risco tem contribuído para a redução do acesso ao crédito, sobretudo, para os produtores arrendatários”.
“Já podemos observar uma demanda maior de crédito no ambiente comercial, seja pelas operações de troca no segmento de grãos ou pré-pagamento de exportação”, destaca.
DESTAQUES
Dados da Secretaria de Política Agrícola do Mapa evidenciam, positivamente, três linhas de financiamento: o Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota); o Programa de Capitalização de Cooperativas Agropecuárias (Procap-Agro); e o Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp). Para a SPA, isto “sinaliza a almejada retomada dos investimentos no campo”.
Segundo o órgão, a contratação de recursos destinados ao Moderfrota cresceu 127%, alcançando a marca dos R$ 2,3 bilhões, no ciclo 2016/17, contra R$ 997 milhões observados em igual período da safra passada. O Procap-Agro também obteve um importante crescimento quanto à aplicação nesta linha de financiamento: R$ 733 milhões, alta de 106%, no mesmo comparativo.
“Originalmente criado no governo FHC (do então presidente Fernando Henrique Cardoso), o programa Moderfrota volta a ocupar o espaço que havia perdido para o PSI (Programa de Sustentação do Investimento), extinto pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) no dia 29 de dezembro de 2015, que era uma das referências de políticas anticíclicas do governo anterior”, lembra Pimentel.
PROGRAMA DE SUSTENTAÇÃO DO INVESTIMENTO
Em termos de custos, conforme o diretor da SNA, “o PSI era mais favorável, no entanto, já apresentava dificuldades para manter a oferta, por causa do seu custo para a União”.
“De certa forma, o PSI acelerou uma demanda, que depois desacelerou rapidamente. Os investimentos estão retornando e o crescimento se deve ao fato de 2015, neste quesito, aparentemente, ter sido o fundo do poço”, comenta Pimentel.
Em sua análise, o crescimento do Programa de Capitalização de Cooperativas Agropecuárias é natural. “O Procap-Agro cresce no momento em que as linhas de capital de giro se retraem no mercado. É uma alternativa para as cooperativas.”
Segundo a SPA/Mapa, os créditos de investimentos do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) chegaram a R$ 331 milhões, entre julho e setembro, resultando em uma acréscimo de 62% na comparação com igual período da safra 2015/16, que foi de R$ 204 milhões.
Na visão de Pimentel, o Pronamp, “de certa forma, pode estar cobrindo uma retração do custeio ordinário”.
LETRA DE CRÉDITO DO AGRONEGÓCIO
As contratações com recursos vindos da emissão da Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) foram de R$ 4,5 bilhões: R$ 2,1 bilhões a juros controlados e R$ 2,4 bilhões a taxas de juros livres.
“Quanto a este aumento das LCAs, vale ressaltar que elas acompanham o crescimento do custeio de recurso livre. Por ser livre de IR (Imposto de Renda) e apresentar baixo risco para o investidor, a Letra de Crédito do Agronegócio tem sido uma aplicação atrativa no balcão dos bancos e isto também contribui para esta elevação nas contratações”, ressalta Pimentel.
Para ter acesso ao estudo sobre financiamento agropecuário na safra 2016/17, faça o download gratuito pelo endereço divulgado pela SPA/Mapa: ow.ly/o0yP305vYBa (link encurtado).
Por equipe SNA/RJ
