A cadeia de alimentação e da agricultura precisará de pelo menos quatro meses para “uma retomada completa” das operações na China (com exceção da província de Hubei, onde o surto do Coronavírus começou). A informação foi divulgada pelo Rabobank, em relatório. Segundo o banco, bloqueios em estradas e escassez de mão-de-obra estão prejudicando o retorno à operação normal.
“Fábricas de ração, abatedouros, plantas de processamento, portos e centros de transporte/distribuição estão conseguindo operar com capacidade de 40% a 70%. Os bloqueios de estradas ainda estão atrapalhando os principais setores agropecuários, como a criação de suínos e frangos e a indústria de laticínios, desacelerando a produção ou atrasando o reabastecimento”, indicou o Rabobank.
A reposição de rebanhos suínos e novas construções de fazendas devem ser atrasadas em mais de dois meses. O armazenamento a frio (contêineres refrigerados) nos portos também está congestionado, segundo o banco, com os maiores problemas em Xangai, Xngang, Ningbo e Tianjin.
De acordo com o Rabobank, a demora na recuperação do segmento de serviços para alimentação deve afetar vários setores, como o de proteína animal, bebidas, óleos comestíveis, condimentos e certas categorias de laticínios, que terão “queda significativa” nas vendas por esse canal de distribuição. O banco avalia ainda que a oferta apertada de matérias-primas aumenta pressões de custo para todas as companhias.
“Empresas de alimentos e bebidas e companhias de entrega expressa sentirão a pressão de oferta apertada e dos custos crescentes de embalagens”, informou o Rabobank, acrescentando que a produção de ração foi atrasada porque alguns ingredientes não podem ser transportados domesticamente e outros estão bloqueados em portos.
A queda das importações, junto à elevação dos custos de embarque, piora o quadro. “Isso traz pressões de custo para criação de animais e causa atrasos na recomposição de suínos, o que levará a uma lacuna maior no suprimento de proteína animal em 2020”, indicou a instituição.
Para setores com forte presença em Hubei, o impacto é “sério”, segundo o Rabobank. Hubei é o maior produtor de fertilizantes fosfatados da China e representa 30% da capacidade do país.
“A epidemia dificulta a retomada do trabalho das empresas de fertilizantes fosfatados, e a taxa de utilização caiu de 30% a 40% na comparação anual, causando queda na produção. O impacto na produção agrícola continuará ao longo de 2020.”
Além disso, há casos em que as empresas enfrentam problemas de recebimento excessivo ou abaixo do necessário de matéria-prima em relação ao ritmo de escoamento dos seus produtos, como processadores de lácteos e fabricantes e misturadores de fertilizantes.
Para o Rabobank, é difícil prever quando os consumidores estarão “preparados psicologicamente” para voltar a comer em restaurantes ou comprar em supermercados. O banco assinalou também que o fechamento e a falência de pequenas e médias empresas vão prejudicar a cadeia de fornecedores e clientes da indústria de alimentos e agricultura.
Por fim, o Rabobank salientou que a escassez de oferta de agroquímicos e fertilizantes para exportação na China leva a um aumento do risco de cancelamento de contratos e multas. “Embora não haja embargo imposto sobre agroquímicos e fertilizantes chineses, uma continuação da epidemia vai reduzir de forma significativa o volume exportado, já que o pico da temporada no mercado externo será perdido.”
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