Cooperativismo rural, por Ronaldo de Albuquerque

Todos os produtores têm que ter uma proteção dos valores humanos na vida rural. Tudo deverá ser feito pelos próprios agricultores, com o seu espírito de colaboração. Havendo solidariedade entre eles, mais facilmente será atingida a preparação técnica e profissional, hoje reclamada, com insistência, pelo progresso das ciências aplicadas à agricultura.

Para esse fim, devem se unir em cooperativas, para garantir-lhes as vantagens da exploração agrária e tornar suas propriedades mais produtivas. Podem viver baseados na ajuda mútua. Há de prevalecer o bem geral e subordinar-se a ele. Com isso, o homem será elevado socialmente, com apoio material: condições de trabalho; habitação saudável; aquisição de insumos e comercialização; apoio social; instrução técnica e profissional; apoio educacional: sentido social e responsabilidade no trabalho. Isso contribuirá para uma estabilidade social mais firme e no encorajamento da classe rural.

“Cooperativismo é a doutrina que preconiza a cooperação como forma de organização e ação econômica, pela qual as pessoas ou grupos que têm o mesmo interesse se associam, a fim de obter vantagens comuns em suas atividades econômicas. Como fato econômico, o cooperativismo atua no sentido de reduzir os custos de produção, obter melhores condições de prazo e preço, edificar instalações de uso comum, enfim, interferir no sistema em vigor à procura de alternativas e seus métodos e soluções” (Enciclopédia Barsa, V-IV, pág.399).

O painel Cooperativismo e Sustentabilidade, apresentado por Márcio Lopes de Freitas, presidente do Sistema OCB, no 13º Congresso de Agribusiness, organizado pela SNA, faz referência à participação do ex-ministro Roberto Rodrigues como embaixador mundial da FAO para o cooperativismo. “Devemos ter o reconhecimento de outras instituições de que o cooperativismo pode ser uma ferramenta cada vez mais adequada. Isso fortalece ainda mais o sistema. Roberto Rodrigues foi convidado pela FAO, um órgão das Nações Unidas, para assumir a posição de embaixador mundial da FAO para o cooperativismo. Sua missão é levar o cooperativismo como ferramenta de combate à fome. Isso nos dá uma alegria muito grande, principalmente quando é uma pessoa do porte do Roberto”, disse Freitas.

Na encíclica Divini Redemptoris, dizia S.S. Pio XI: “Mostramos que a sã propriedade deve ser reconstruída de conformidade com os verdadeiros princípios de sadio cooperativismo, que respeite a devida hierarquia social, e como todas as corporações devem unir-se em harmônica unidade, inspirando-se no princípio do bem comum da sociedade. E a principal e a mais genuína missão do poder público e civil consiste, precisamente, em promover, com eficácia, essa harmonia e coordenação de todas as forças sociais”.

O princípio do bem comum, segundo S.S. Pio XI: “consiste na paz e segurança de que as famílias e cada um dos indivíduos podem gozar no exercício dos seus direitos e, por sua vez, no maior bem estar espiritual que seja possível, na vida presente, mediante a união e coordenação de todos”.

Leão XIII, na encíclica Rerum Novarum, falou do homem e a sua subsistência, assim: “As necessidades do homem renovam-se perpetuamente; satisfeitas hoje, renascem amanhã com novas exigências. Foi por isso preciso que a natureza pusesse ao seu dispor, para que pudesse realizar o seu direito em todo o tempo, um elemento estável e permanente, capaz de lhe fornecer perpetuamente os meios de subsistência. Ora, esse elemento só poderá ser a terra com os seus recursos sempre fecundos”.

João XXIII, in Mater e Magistra, assim se pronunciou: ”Os trabalhadores da terra devem sentir-se solidários uns com os outros e colaborar para dar existência a organizações cooperativas, a associações profissionais ou sindicais. Umas e outras são indispensáveis para tirar proveito do progresso técnico na produção, para dar contribuição eficaz à defesa dos preços, para manter o nível de igualdade com as outras profissões dos outros setores de produção, ordinariamente organizados, para ter voz ativa nos domínios político e administrativo. Nos nossos dias, uma voz isolada quase nunca tem maneira de se fazer ouvir, e muito menos de se fazer escutar”.

A condição de vida, hoje, é medida pela qualidade do ar respirado, da água e do alimento. As pessoas necessitam alterar sua conduta, devendo o homem do campo aceitar um novo padrão de comportamento e desencorajar o que for incompatível com a sua maneira sustentável de viver. As cooperativas estão preparadas para orientar o homem rural quanto a essas mudanças ecológicas e institucionais de tal maneira que se assegure continua satisfação das necessidades humanas para as gerações presentes e futuras.

Margareth Thatcher, falecida em 2013, fez o seguinte pronunciamento: ”Deixe-me dizer em que acredito: no direito do homem de trabalhar como quiser, de gastar o que ganha, de ser dono de suas propriedades e de ter o Estado para lhe servir e não como seu dono. Essa é a essência de um país livre, e dessas liberdades dependem todas as outras”.

Por Ronaldo de Albuquerque, diretor da SNA

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