Cooperativas no agronegócio  

 Por Marcelo Sá
Equipe SNA

Modelo de negócios particularmente popular no Brasil em vários setores, o cooperativismo se reveste de especial importância no campo, pois, de acordo com a Forbes, 15 das 50 maiores empresas do agronegócio brasileiro adotam essa estrutura. A cooperativa é criada a partir da associação entre vários produtores com atividades semelhantes ou complementares entre si, com o objetivo de ampliar a produção, dividindo custos, funções, carga de trabalho e o lucro.

A organização funciona como uma central de logística e gestão para armazenagem e escoamento, na qual todos possuem a mesma participação no processo decisório, não havendo uma chefia destacada. A partir de consensos entre os associados, há um ganho progressivo na cadeia produtiva, na medida em que os encargos são compartilhados em cada etapa, desde a aquisição de insumos e maquinários até a chegada ao consumidor final.

Sem intermediários, os cooperados seguem competitivos e garantem melhor remuneração. Com frequência, uma cooperativa, quando já robusta e estabelecida, conta com um banco próprio para atender esse público, organizar a distribuição dos dividendos e financiar compras necessárias ao trabalho.

Com efeito, esses modelos oferecem ambientes favoráveis à troca de experiência e conhecimento, permitindo que os participantes tenham assessoria técnica e atualização das tecnologias empregadas nas mais variadas operações. Dessa forma, diminui o risco inerente à produção, pois reúne pessoas que, conjuntamente, conseguem atingir patamares mais difíceis para um produtor que atue sozinho. Tudo isso com a garantia dos direitos trabalhistas e previdenciários previstos em lei, inclusive onde há demanda por mão-de-obra temporária ou sazonal.

De acordo com o IBGE, em seu mais recente Censo Agropecuário, o Brasil possui 1.600 cooperativas agrícolas, perfazendo um total de 181.000 associados e empregando mais de um milhão de pessoas. Respondendo por 48% da produção agrícola nacional, o cooperativismo está presente em todos os segmentos do setor, gerando economia de escala, agregando valor à produção e estimulando uma concorrência mais justa no mercado.

Essas entidades também facilitam o diálogo entre os associados e outros campos da sociedade, que compram e consomem sua produção, aumentando a representatividade e interlocução de um importante grupo. Assim, as cooperativas se preocupam com o bem-estar não somente de seus membros, mas também com o ambiente e com a comunidade em que elas estão inseridas. Nesse sentido, cabe salientar que, no Brasil, as sociedades cooperativas se dividem em três categorias. São elas:

Singular (primeiro grau): cooperativa que tem como objetivo prestar serviços diretamente aos cooperados, podendo ser pessoas física ou jurídica (desde que a PJ não atue no mesmo campo econômico da cooperativa);

Federação (segundo grau): conhecida também como central, trata-se de uma cooperativa que congrega as cooperativas de primeiro grau. Seu objetivo é alinhar os interesses das filiadas, ampliando a escala dos serviços prestados;

Confederação (terceiro grau): cooperativa que reúne várias federações, cuja principal função também é o alinhamento de interesses e a ampliação dos serviços e produtos.

Dentro da hierarquia, uma cooperativa singular integra uma federação que, por sua vez, faz parte de uma confederação.

Exemplos de sucesso não faltam.  A Copersucar S/A  é a maior cooperativa brasileira de açúcar e etanol. No setor, também merecem destaque a Coamo, com receita anual de R$ 15 bilhões e responsável por 3% da produção de grãos como soja, milho, trigo, café e algodão em pluma; e a Aurora, terceiro maior conglomerado industrial do setor de carnes, que fatura cerca de R$ 9 bilhões por ano.

 

 

 

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