Cooperativas leiteiras e o pequeno produtor

Autor: Joel Naegele, vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura

Se existe uma preocupação constante no setor cooperativista de leite, ela reside exatamente na condição de dificuldade vivida pelo pequeno produtor, principalmente em relação àquele que está povoando a faixa que vai de um a 50 litros de leite/dia.

Desde que comecei a trabalhar nesta área, tive minha atenção voltada para acompanhar as estatísticas que apuram o volume de leite recebido, o número de fornecedores e a relação dos que produzem mais e menos.

A partir daí, estabeleci comparações e analisei as repercussões na economia, não só em termos de cooperativa, mas dando prioridade à questão de como os volumes e valores pesam no aspecto econômico dos produtores em particular, e como se refletem no âmbito dos municípios. Já faz tempo que me dedico a essa tarefa, e se há alguma coisa que tem persistência na análise é que cerca de 80% dos produtores de leite no país garantem até cem litros ao dia, e perto de 50% deles estão presos na faixa de até 50 litros diários.

É um número que impressiona, e muito, a qualquer observador do cenário que permeia, por exemplo, a empobrecida área rural da região serrana de Nova Friburgo, também conhecida como Centro-norte fluminense.

Esse quadro de pobreza e dificuldades pode mudar, se as lideranças estiverem dispostas a investir em inovação. Isso começa a dar sinais evidentes por parte da administração da Cooperativa de Macuco (RJ), com a criação de um novo setor de fomento, que tem como alicerce o programa Balde Cheio, da EMBRAPA.

Um dos seus cérebros é o renomado profissional Arthur Chinellato, estrela de primeira grandeza na constelação que brilha e quer dar brilho ao panorama leiteiro, a começar por onde devia: fazer com que o pequeno produtor deixe sua situação de dificuldade e cresça na produção e na renda.

Dentro dessa ideia, o zootecnista Luiz Roldão Marques Menezes – diplomado em 1987 pela conhecida e prestigiosa Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, e com experiência adquirida pelo exercício de suas atividades em diversas fazendas – já se incorporou na tarefa de mudar o quadro existente. Está em plena atividade no escritório destinado a esse fim, com foco nas onze primeiras propriedades definidas como “Unidades Demonstrativas”.

O programa, que conta com o apoio de atores importantes, como o SEBRAE-RJ, a SESCOOP, a FAERJ e a própria Cooperativa de Macuco, e que já é consagrado nas regiões onde foi anteriormente instalado, pretende – e espero que consiga – mudar o atual cenário de dificuldades enfrentadas por nossos pequenos produtores.

Com a transferência de tecnologias adequadas, e com a assistência projetada, tenho a convicção de que nossos municípios vão viver uma nova época de progresso e enriquecimento.

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