Cooperativas do Paraná elevam os aportes em outros estados

Com receitas em franco crescimento e limitações geográficas à expansão de suas atividades nas áreas em que tradicionalmente atuam, as cooperativas agropecuárias do Paraná têm intensificado os negócios fora do estado, em uma estratégia que desde o início da década passada já gerou investimentos que se aproximam de R$ 1 bilhão. Com a “exportação” da expertise que desenvolveram em assistência técnica, armazenagem e comercialização, esses grupos, muitos deles de grande porte, vêm agregando novos cooperados a seus quadros e ocupando espaços deixados por sociedades que não vingaram em outras partes do País.

O montante estimado de investimentos considera recursos aplicados por oito das mais importantes cooperativas rurais paranaenses em todo o Centro-Oeste, além de São Paulo, Santa Catarina e no vizinho Paraguai. São grupos que puxam a escalada dos resultados conjuntos das mais de 70 cooperativas do Paraná, o que já dá pistas sobre o poder de fogo que elas têm: somada, a receita bruta dessas dezenas de players subiu 158% entre 2004 e 2014, para R$ 42.2 bilhões, segundo a Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar).

A primeira onda de expansão aconteceu ainda entre os anos 1970 e 1980. Naquele período, algumas cooperativas do Paraná decidiram apostar na produção de sementes em Santa Catarina, onde o clima é considerado ideal para essa finalidade. Mas a aceleração recente dessa estratégia é focada principalmente em São Paulo e em Mato Grosso do Sul.

Segundo Flávio Turra, gerente técnico e econômico da Ocepar, os novos investimentos que começaram a ser delineados na última década ganharam ainda mais fôlego de cinco anos para cá. A entidade informou que se dedica no momento a fazer um levantamento mais detalhado sobre as dimensões dessa conquista de novas fronteiras, incluindo o número de associados e o volume de produção agregados. “Mas já sabemos que a receptividade tem sido boa, com grandes movimentações financeiras e de safra”, afirmou Turra.

 

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As experiências têm avançado inclusive em estados com perfis diferentes do Paraná, como Mato Grosso, onde as áreas produtivas costumam ser bem mais extensas que no Sul, e Goiás. Mas o frisson é particularmente grande em Mato Grosso do Sul. Nas ruas das principais cidades do centro-sul do Estado, sucedem-se unidades de cooperativas paranaenses. A região atrai atenções por três motivos principais: pela proximidade com o Paraná, por já contar com muitos produtores paranaenses estabelecidos e pela percepção de que há ali um potencial pouco explorado do conceito do cooperativismo.

As apostas no potencial de São Paulo também têm crescido entre as cooperativas do Paraná. A Castrolanda, sediada em Castro, já atua com grãos desde os anos 1980 no sul e no sudeste paulista, mas há cerca de cinco anos passou a investir no Estado vizinho em seu mais tradicional ramo de atuação: a pecuária leiteira. “Houve iniciativas de produtores de leite ligados a nós que foram para lá, e nossa intenção é sempre ir aonde os nossos associados vão”, afirmou Frans Borg, presidente da Castrolanda.

Com aportes de R$ 40 milhões, a cooperativa ergueu três entrepostos nos municípios paulistas de Itaberá e Angatuba, reforçando a estratégia local de negociação de insumos e fornecimento de assistência técnica, além da comercialização de soja, milho, trigo e feijão. Mas a maior tacada da Castrolanda em São Paulo está em Itapetininga, onde foi construída uma unidade de processamento de leite a partir de investimentos de R$ 150 milhões, feitos em parceria com outras duas cooperativas paranaenses, Batavo e Capal.

A fábrica ainda não foi inaugurada oficialmente, mas já está em atividade desde outubro. “Atualmente, essa planta opera com 400.000 a 500.000 litros por dia de leite. Mas acredito que até agosto alcançará sua capacidade total, de 1 milhão de litros”, projeta Borg.

Segundo ele, com a fábrica em pleno funcionamento, São Paulo poderá responder por cerca de 20% da receita da cooperativa (incluindo os negócios industriais e de produção), que no ano passado alcançou quase R$ 2 bilhões. “A cadeia de leite está relativamente sucateada em Itapetininga, e essa é uma região onde uma boa oxigenada em assistência técnica e pesquisa pode ser interessante”, disse o presidente da Castrolanda.

 

 

Fonte: Valor Econômico

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