Consumo mundial de suco de laranja voltou a cair no ano passado

A forte queda da produção brasileira de laranja na safra 2016/17 aprofundou a tendência de retração da demanda mundial por suco de laranja no ano passado. E não só pelo expressivo aumento dos preços, normal em caso de problemas no lado da oferta, mas pela menor disponibilidade do produto em si, uma vez que o Brasil responde por mais de 80% das exportações globais.

Estudo recém-concluído pelo Centro de Pesquisas e Projetos em Marketing e Estratégia (Markestrat), consultoria com sede em Ribeirão Preto (SP), mostra que em 2017 a demanda mundial somou 1,882 milhão de toneladas equivalentes ao suco concentrado e congelado (FCOJ, na sigla em inglês), 3,8% menos que no ano anterior.

Pela primeira vez desde o início da série histórica do trabalho, em 2003, que o resultado ficou abaixo de 1.9 milhão de toneladas. Foi a oitava queda anual consecutiva e, na comparação com o volume de 2003, o de 2017 foi 21,6% mais baixo. São 517.000 litros a menos na comparação – quase todo o consumo americano no ano passado.

Na safra 2016/17, lembra Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR – entidade que representa as grandes indústrias exportadoras de suco brasileiro (Citrosuco, Cutrale e Louis Dreyfus Company), o agudo encolhimento da produção de laranja no cinturão formado por São Paulo e Minas Gerais, por causa de adversidades climáticas reduziu a produção e os estoques da commodity.

Com isso, as vendas ficaram limitadas, sobretudo no primeiro semestre do ano passado, antes da entrada no mercado da produção de suco com laranjas da temporada 2017/18, que retomou a rota de normalização. E, claro, o suco disponível ficou mais caro, o que colaborou para afastar os consumidores das gôndolas.

Pesquisas conduzidas por associações de citricultores da Flórida – estado americano que ainda abriga o segundo maior parque citrícola do mundo – mostram que, apesar da queda da última década, causada por intempéries e pela proliferação da doença conhecia como greening, para cada 1% de aumento de preços no varejo, por exemplo, o consumo cai quase 3% nos EUA.

No país, principal mercado do mundo para o suco de laranja, o consumo recuou 9,5% em 2017, para 570.000 toneladas. Em outros países desenvolvidos, como a Alemanha, também houve diminuição, que não foi compensada pelo incremento em emergentes como o próprio Brasil.

 

Fonte: Valor Econômico

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