Consumo de carne bovina cai ao menor nível em 14 anos; de suíno e frango cresce

Consumo de carne bovina teve retração de 8,4% em comparação com o ano anterior. Já o consumo de carne de suíno e de frango teve alta de 44,4 e 14,8 quilos, respectivamente. Foto: Divulgação
Consumo de carne bovina girou em torno de 30,6 quilos por pessoa, em 2015, uma retração de 8,4% em comparação ao ano anterior. Já o consumo de carne de suínos e de frangos teve alta de 44,4 e 14,8 quilos, respectivamente. Foto: Divulgação

O Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo, mas o mercado nacional tem mostrado um cenário diferente: houve queda no consumo interno nos últimos 14 anos, principalmente por causa dos preços praticados pelo setor varejista. Em contrapartida, o consumo de carne de suínos e de aves cresceu consideravelmente, em quase duas décadas. É o que aponta uma pesquisa divulgada, recentemente, pela consultoria MB Agro.

No primeiro trimestre deste ano, o consumo de carne bovina chegou ao menor nível desde 2001. Segundo cálculos feitos pela MB Agro, levando em conta dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), cada consumidor no País adquiriu, em média, 30,6 quilos de carne bovina no ano passado, o que correspondeu a uma queda de 8,4% em comparação a 2014.

Ainda conforme a consultoria, este desempenho se deve à menor oferta do bovino de corte e à alta do preço do boi gordo, responsável por 80% dos custos da produção do setor pecuário. Esta combinação fez com que os preços ao consumidor final subissem muito, levando-os a optar por carnes mais baratas, como as de frango e suína. A atual crise econômica também tem sido apontada como uma das vilãs do segmento: com menos dinheiro no bolso, o brasileiro está tentando economizar como pode.

 

BOI GORDO

Dados da Agroconsult mostram que, no primeiro trimestre deste ano, tomando como base o Estado de São Paulo, os preços do boi gordo tiveram um aumento importante: 6,3% em relação a igual período do ano passado, quando registrou alta em torno de 15%. Por causa disto, a margem bruta dos frigoríficos de carne bovina caiu de 17,3% em dezembro de 2015, frente aos 9,4% registrados em março deste ano.

No início de 2016, em entrevista ao Canal Rural, o sócio-consultor da MB Agro Alexandre Mendonça de Barros antecipou a queda do consumo de carne bovina no Brasil: “Provavelmente, nós vamos ver um setor dividido, com margens boas nas exportações, e margens apertadas no mercado interno, pela dificuldade de transmitir este preço ao consumidor brasileiro”. No atual cenário, “só se salva quem exporta”, alertou o analista da consultoria César Castro Alves, em nota da MB Agro.

Durante o 7º Seminário Confinatto, que foi realizado em março passado pela empresa de nutrição animal Agroceres Multimix, Barros afirmou também que “a confusão política dificulta ainda mais a situação do consumidor, que teve seu poder aquisitivo diminuído e acabou optando por alternativas mais baratas”.

A consultora de mercado Lygia Pimentel concorda: “O poder de compra do consumidor não é mais o de anos anteriores. Agora, a opção é pelas carnes de aves e suínos, a preços acessíveis e com a mesma qualidade oferecida pela bovina. Daí, a diminuição da demanda (da carne bovina), de acordo com o consumo interno”.

 

OUTRAS PROTEÍNAS ANIMAIS

Se o mercado nacional da carne bovina vive um momento delicado no País, o de frango e de suíno tem todos os motivos para comemorar. É que o consumo de ambas subiu consideravelmente, desde 1997, também de acordo com levantamento feito pela MB Agro: 44,4 e 14,8 quilos, respectivamente.

 

Para o presidente da ABPA e ex-ministro da Agricultura Francisco Turra, o cenário econômico por causa da atual crise, que tem influenciado na renda das famílias, “vem mudando a decisão de compra dos consumidores, que estão preferindo investir em proteínas mais acessíveis, como a carne de frango, de suíno e ovos”. Foto: Divulgação ABPA
Para o presidente da ABPA e ex-ministro da Agricultura Francisco Turra, o cenário econômico por causa da atual crise, que tem influenciado na renda das famílias, “vem mudando a decisão de compra dos consumidores, que estão preferindo investir em proteínas mais acessíveis, como a carne de frango, de suíno e ovos”. Foto: Divulgação ABPA

Para o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e ex-ministro da Agricultura Francisco Turra, o cenário econômico por causa da atual crise, que tem influenciado na renda das famílias, “vem mudando a decisão de compra dos consumidores, que estão preferindo investir em proteínas mais acessíveis, como a carne de frango, de suíno e ovos”. “Este cenário poderia ser melhor, não fosse a situação econômica, que causou desemprego e diminuiu significativamente o poder de compra do brasileiro”, destaca Turra, em entrevista à equipe SNA/RJ.

Em sua opinião, existem outros fatores neste contexto: “A oferta de carne bovina diminuiu significativamente nos últimos meses, o que encareceu o preço dos produtos nas gôndolas”.

Conforme estimativas da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO/ONU), nos próximos dez anos as aves devem desbancar os bovinos, e até mesmo os suínos, tornando-se a carne mais consumida em todo o mundo.

 

Por equipe SNA/RJ

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