Consultoria reduz estimativa de safra 2017/18 de cana-de-açúcar

A consultoria INTL FCStone diminuiu, no último dia nove de maio, sua estimativa para a moagem de cana-de-açúcar na safra 2017/2018 no Centro-Sul do Brasil, principal região produtora do mundo, para 588 milhões de toneladas, 3,1% menos na comparação com 2016/2017 e 0,1% abaixo da projeção de fevereiro.

Conforme a consultoria, a revisão para baixo leva em conta a produtividade agrícola 3,3% menor, resultado do envelhecimento dos canaviais após anos de renovação aquém do ideal e estagnação da área plantada. Já a produção de cana em Goiás na safra 2017/2018 deve girar em torno de 68 milhões de toneladas, um leve acréscimo em comparação aos 67,6 milhões de toneladas produzidas na safra anterior.

Segundo o assessor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Alexandro Alves, a produção no geral deve ficar praticamente empatada ou levemente acima, em função principalmente do aumento da produtividade, já que Goiás tem condições de clima propícios para isso.

“Mesmo que a área a ser colhida venha a ser diminuída na ordem de 2,5%, a produtividade compensará”, ressalta.

Alexandro explica ainda, que o mercado sucroenergético é dinâmico e a derrocada dos preços internacionais de açúcar em função de informações de boa produção na Índia, Tailândia e Europa, podem alterar o mix de produção de açúcar e etanol no Brasil, bem como se aprovado for o retorno da taxação do etanol importado, o que promoverá uma corrida para se produzir etanol para atender o mercado interno.

“Nesse momento o planejamento mostra uma diminuição na produção de hidratado em Goiás, o segundo maior produtor brasileiro. Isso é reflexo da baixa competitividade frente à gasolina e do incentivo do governo para produção do anidro, mas tudo pode mudar no decorrer da safra”, aponta.

 

ATR

O nível de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) esperado pela INTL FCSTone em 2017/2018 é de 134,3 kg por tonelada, 1% acima da temporada passada. A consultoria ressalta que, se o inverno for mais chuvoso do que o normal, o que tem maior probabilidade de ocorrência em anos com formação de El Niño, é possível que essa concentração de sacarose seja prejudicada. A previsão é de uma oferta total de ATR de 79 milhões de toneladas, 2,2% de redução no comparativo anual e 99 mil toneladas a menos do que era aguardado em fevereiro.

A INTL FCStone estima, ainda, mix açucareiro de 47,3%, 1 ponto porcentual acima do observado na safra passada, mas 0,2 ponto porcentual abaixo da estimativa anterior. Com isso, a produção de açúcar deve totalizar 35,6 milhões de toneladas, estável frente ao ciclo anterior 2016/2017, encerrado oficialmente em 31 de março passado.

“As usinas continuam favorecendo o açúcar em detrimento do etanol por causa da maior remuneração obtida com a venda externa do adoçante em relação ao mercado doméstico do biocombustível. Além disso, muitas empresas investiram em aumento da capacidade de cristalização, incrementando assim a flexibilidade de suas operações”, destacou a consultoria.

 

ETANOL

Quanto ao etanol, a produção de anidro deve atingir 10,9 bilhões de litros, 2,3% superior à safra passada e 2,6% a mais do que o estimado em fevereiro.

“Caso o governo brasileiro decida pela tributação do etanol importado, o que esteve na pauta de discussões ao longo dos últimos meses, é possível que a participação do aditivo na produção alcooleira aumente ainda mais, em detrimento do hidratado”, afirmou Botelho.

Em relação à produção do hidratado, a INTL FCStone estima que o volume pode ficar em 13,5 bilhões de litros, recuo de 10,2% em relação ao ciclo 2016/17 e 1,6% abaixo do estimado em fevereiro.

“Além dos maiores incentivos para a produção de anidro, o hidratado vem sofrendo com a baixa competitividade nos postos diante da gasolina, cujas cotações vêm sendo pressionadas pelo cenário baixista no mercado internacional de petróleo. Em contrapartida, caso a remuneração obtida na produção de açúcar continue em declínio, parte das usinas pode mudar o mix a favor da produção dessa variedade no decorrer da safra”, concluiu a consultoria.

 

Fonte: Globo Rural e Faeg 

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