O Programa de Melhoramento Genético do Café da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), instituição participante do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café, desenvolveu mais uma cultivar de café: a MGS Aranãs, lançada durante a Expocafé 2015. O pesquisador da Epamig, César Botelho, apresentou a cultivar MGS Aranãs como potencial material genético para a cafeicultura mineira.
“A Aranãs é resistente à ferrugem, tem alta produtividade e se destaca por seus grãos graúdos e bebida de qualidade”, afirma.
A avaliação de quatro primeiras safras, em área experimental no Vale do Jequitinhonha, apontou produtividade média de 56,48 sacas por hectare e excelente qualidade da bebida.
“O nome Aranãs, com significado ‘aves que veem do Sul’, é uma homenagem às comunidades indígenas historicamente ligadas à região”, conta.
Segundo o pesquisador, a utilização da Aranãs resulta também na diminuição de custos, uma vez que a característica de resistência à ferrugem permite que os cafeicultores realizem apenas uma aplicação de defensivo ou até mesmo a utilização somente de fungicidas protetores.
“E tem o apelo ambiental por permitir usar menos produtos químicos no ambiente. A nova cultivar foi registrada no Ministério da Agricultura em novembro do ano passado e, neste ano, estamos fazendo trabalho de divulgação e disponibilização de sementes”, explica Botelho. A nova cultivar é indicada para o Sul de Minas e regiões de morro, mas também para a cafeicultura empresarial de áreas mais planas.
MGS ARANÃS
Origina-se do cruzamento, iniciado em 1985 no Campo Experimental da Epamig em São Sebastião do Paraíso, das cultivares Icatu Vermelho IAC 3851-2 e Catimor UFV 1602-215, ambas portadoras de resistência genética ao agente causador da ferrugem do cafeeiro. A cultivar MGS Aranãs foi testada nas regiões Sul de Minas (São Sebastião do Paraíso, Machado e Três Pontas) e Vales do Jequitinhonha e Mucuri (Aricanduva) e apresenta adaptação às principais regiões cafeeiras de Minas Gerais e ainda outros estados brasileiros aptos à espécie Coffea arábica.
Dentre as principais características destacam-se, além da resistência à ferrugem do cafeeiro, o porte baixo (altura média de 2,7 metros) e a copa em formato cônico. Os frutos maduros apresentam coloração vermelha e as sementes são graúdas. As folhas novas são de coloração bronze e, quando adultas, verde-escuro brilhante.
Testes preliminares de avaliação sensorial apontaram elevada qualidade de bebida (88 pontos na escala, que vai de zero a cem pontos pelos critérios da Brazil Specialty Coffee Association – BSCA). Apresenta notas de frutas secas (damasco), bom corpo e finalização agradável.
EPAMIG E O CAFÉ
Os estudos de melhoramento genético do cafeeiro na Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais começaram na década de 70, após a ferrugem ser constatada na cafeicultura brasileira. A Epamig, uma das pioneiras no País em pesquisas de café, realiza pesquisas de cafeicultura para criar e adaptar tecnologias que possibilitem atender às necessidades do produtor rural, o que significa inclusão social, ampliação do agronegócio café, redução da desigualdade regional e aumento da produtividade em benefício da economia de Minas Gerais como um todo.
As linhas de pesquisas da Epamig sobre o café incluem temas como o preparo do solo; desenvolvimento de novas cultivares resistentes a pragas e doenças e com maior produtividade; a indicação de cultivares selecionadas; controle químico e biológico de pragas e doenças; cuidados pós-colheita, entre outras. Esses estudos, desenvolvidos em seus 41 anos de existência da Empresa de Pesquisa, foram fundamentais para a tecnificação das lavouras e melhoria na qualidade de vida dos cafeicultores do maior estado produtor de café do Brasil.
SOBRE O CONSÓRCIO CAFÉ
Criado em 1997, congrega instituições de pesquisa, ensino e extensão localizadas nas principais regiões produtoras do País. O modelo de gestão do Consórcio incentiva a interação das instituições e a otimização de recursos humanos, financeiros e materiais. As instituições fundadoras são: Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Instituto Agronômico (IAC), Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro-Rio), Universidade Federal de Lavras (Ufla) e Universidade Federal de Viçosa (UFV).
Fonte: Embrapa Café