Muito antes da conclusão do plantio da safra 2017/18 de soja em Mato Grosso, produtores voltam sua atenção e preocupação para o cultivo do milho safrinha, opção que vai tomando forma pelo campo assim que a soja começa a ser colhida, em um trabalho simultâneo que redesenha as lavouras com a ajuda de plantadeiras e colheitadeiras.
A preocupação atual existe porque clima, preços e custos se mostram menos favoráveis e são indicadores importantíssimos para tomada de decisão. Nessa primeira impressão da safrinha, números apontam para uma redução significativa de área, produção e produtividade ao cereal mato-grossense.
Segundo estimativa realizada pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a safrinha de milho no estado tem, num primeiro levantamento, revisão negativa em relação ao consolidado na última safra, a de 2016/17, observando-se apenas a questão financeira.
O principal sintoma dessas incertezas começa a ser mensurado na expectativa de área plantada, que deve recuar mais 10%, saindo de 4.73 milhões de hectares, recorde para cultura no estado, para algo em torno de 4.24 milhões de hectares.
Deste modo, com a redução nas estimativas de área cultivada e também de produtividade (- 9,37%), a primeira estimativa para a produção mato-grossense de milho na safra 2017/18 é de 24.74 milhões de toneladas, com redução de 18,75% em relação ao colhido nesse ano.
Como explicam os analistas do Imea, os baixos preços da safra 2016/17 pagos ao produtor mato-grossense não estão animando a destinação de áreas para o cultivo do cereal na segunda safra.
Para se ter uma ideia da diferença de cotações entre esse ano e o ano anterior, há uma perda pontual de R$ 10,00/saca. Em boa parte do mês de novembro, a saca de 60 quilos do cereal foi cotada a um pouco mais de R$ 15,00, média no estado, contra quase R$ 26,00 em igual período do ano passado.
Outro fator, também decisivo para planejar a lavoura de milho, é o clima, que não colaborou em nada para a definição do produtor. Baixos volumes e atraso na chegada das grandes chuvas seguraram o plantio da soja. Esse retardo interfere no desenvolvimento da oleaginosa. Com isso, adia a colheita e, por consequência, a ‘liberação’ dos hectares para a semeadura do milho, o que no campo é chamado de ‘encurtamento da janela ideal de plantio’.
Para o milho mato-grossense, as melhores produtividades são atingidas com plantio realizado entre meados de janeiro até 20/25 de fevereiro.
“O baixo volume pluviométrico registrado nos últimos meses e os atrasos na semeadura da soja estão gerando preocupações em relação aos impactos que podem ocasionar na janela ideal da semeadura do milho. E por isso, prevemos até o momento uma redução de 10,34% na área destinada ao cereal em relação ao ciclo passado”, informam os analistas do Imea.
O custo alto de produção e o baixo preço do cereal também pesam no bolso do produtor mato-grossense, que pode reduzir os investimentos em tecnologia na nova safra nesse momento de incertezas climáticas, advertem os analistas. Com isso, no que diz respeito à produtividade das lavouras mato-grossenses, pode haver recuo de 9,37% em relação a safra anterior, ficando estimada em 97,06 sacas por hectare contra 107 sacas por hectare colhidas nesse ano.
Fonte: Diário de Cuiabá