Congresso da Abag defende um plano estratégico para o Brasil

O presidente da Abag, Luiz Carlos Corrêa Carvalho. Foto: Gerardo Lazzari

Uma das principais conclusões do 12º Congresso Brasileiro do Agronegócio, promovido no dia 5 de agosto pela Abag – Associação Brasileira do Agronegócio, foi a proposta de uma agenda para atender às principais demandas do setor e exigir dos governantes, políticos e até de futuros candidatos um compromisso para a execução das medidas propostas.

As palestras destacaram temas recorrentes como: segurança jurídica para cumprir os marcos regulatórios, esforços para regularização fundiária, política de seguro agrícola para minimizar o risco do produtor com relação a pragas, doenças e problemas climáticas, além de esforço na execução de obras, de forma a reduzir os gargalos logísticos e de transporte, mote central do evento.

“O Brasil se destaca cada vez mais no cenário mundial da produção de alimentos e bioenergia. Além de ter a tarefa de dar conta de 40% do aumento esperado para a demanda global de alimentos até 2020, é um importante formador de preços de várias commodities. No entanto, os problemas logísticos reduzem a nossa competitividade internacional”, afirmou o presidente da Abag, Luiz Carlos Corrêa Carvalho.

Bernardo Figueiredo, presidente da Empresa Brasileira de Logística, apresentou, na abertura do evento, os projetos e os seus cronogramas de implantação. Para Yoshiaki Nakano, da FGV, os ganhos de produtividade proporcionados pela logística e infraestrutura melhoram a qualidade dos resultados econômicos. Já o consultor e economista Alexandre Schwartsman destacou a precificação das tarifas para efeito de cálculo da taxa interna de retorno das empreiteiras, de modo a não ocorrer paralisações e atrasos nos cronogramas, com necessidade de ajustes e renegociações dos projetos.

Os participantes do congresso foram unânimes ao afirmar que o desafio do agronegócio é continuar crescendo através da tecnologia e sem ocupar novas áreas, com o objetivo de continuar com os ganhos de produtividade. Evaristo Miranda, técnico da Embrapa, apresentou dados sobre a perda de áreas disponíveis para a agricultura em função das áreas de conservação, terras indígenas e quilombolas. Enfático, citou que somente com o Novo Código Florestal serão, no mínimo, 45 milhões de hectares.

Fernando Sampaio, diretor executivo da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), citou um estudo da Embrapa sobre fatores de expansão da pecuária brasileira entre 1950 e 2006, segundo o qual o crescimento da produção de carne no período foi decorrente do aumento da produtividade (79%) e da expansão da área (21%). “Sem esse aumento da produtividade, seriam necessários 525 milhões de hectares a mais para alcançar o nível de produção de carne existente”, analisa.

Segundo Eduardo Assad, pesquisador da Embrapa, existem ainda muitas áreas já cultivadas e que a produtividade pode ser melhorada. Ele chamou a atenção para a necessidade de reestruturação da assistência técnica para o produtor rural, além da busca de uma maior articulação entre os governos municipais e estaduais com o governo federal.

Na opinião de Carlos Fávaro, presidente da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado do Mato Grosso), não é por falta de recursos que o Brasil não possui uma infraestrutura e uma logística adequadas para atender as necessidades do agronegócio. “Outros fatores dificultam o andamento das obras, como o licenciamento ambiental, a fiscalização dos territórios indígenas e os questionamentos do Tribunal de Contas da União (TCU). A vocação do Centro-Oeste, por exemplo, é exportar pelo Arco Norte. O desenvolvimento de hidrovias nos diversos rios navegáveis seria uma maneira eficiente e mais barata para escoar a produção”, ressaltou.

Segundo o sócio-diretor da MBAgro, Alexandre Mendonça de Barros, a disponibilidade de áreas para a agricultura está concentrada na América do Sul e principalmente no Brasil. “Temos de usar melhor o estoque de terras com melhores produtividades e recuperação dos solos degradados”, afirmou Marcelo Brito, da Agropalma. Já Julio Pizza, da Brasil Agro, diz que o governo deve atrair capital internacional para aplicar no agronegócio.

 Por Equipe SNA/SP

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp