Produtor rural brasileiro tem ‘feito mais com menos’, afirma Caio Carvalho

Presidente da Abag, Caio Carvalho afirma que os debates promovidos pelo Congresso Brasileiro do Agronegócio sempre resultam em uma série de pleitos que são encaminhados, por diferentes meios, às autoridades de cada setor agropecuário. Foto: Divulgação Abag
Presidente da Abag, Caio Carvalho afirma que os debates promovidos pelo Congresso Brasileiro do Agronegócio sempre resultam em uma série de pleitos que são encaminhados, por diferentes meios, às autoridades de cada setor agropecuário. Foto: Divulgação Abag

Sustentar é Integrar. Este será o tema central do 14º Congresso Brasileiro do Agronegócio, que acontece nos dias 3 e 4 de agosto, em São Paulo. A intenção é reunir especialistas das mais diferentes áreas em torno de debates sobre os atuais e futuros desafios do setor agropecuário nacional.

“Tradicionalmente, o Congresso da Abag sempre deu grande ênfase à questão da sustentabilidade. O tema deste ano dá sequência a este enfoque e nosso objetivo é trazer luz aos debates sobre as possibilidades e as oportunidades proporcionadas pela diversidade e eficiência da agropecuária tropical brasileira”, afirma Luiz Carlos Corrêa Carvalho, mais conhecido como Caio Carvalho, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio, entidade responsável pela organização do evento, e presidente da Academia Nacional de Agricultura, da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).

“Especialistas das mais diferentes correntes de pensamento foram convidados para oferecer ao público uma análise completa e pluralista sobre os principais desafios a serem enfrentados nos próximos anos pelo nosso setor, assim como para pensar, junto a uma plateia de 800 personalidades do meio, em soluções para os nossos entraves”, ressalta.

O presidente da Abag destaca que, há mais de uma década, o agronegócio brasileiro vem se consolidando como o grande esteio da economia, mesmo diante da instabilidade vivida pelo País.

“Resultado disso é que hoje ele representa 40% das exportações, 25% do Produto Interno Bruto (PIB), além de ter dado relevante contribuição ao conseguir manter estáveis os preços dos alimentos no mercado interno, o que tem impedido um descontrole inflacionário ainda maior”, salienta.

Caio Carvalho reforça que tudo isso tem sido feito com a marca da sustentabilidade, à medida que o setor consegue se colocar como alternativa global na garantia do atendimento da demanda mundial por alimentos e energia, com um impacto ambiental mínimo.

“A ideia reinante no meio rural pode ser resumida em fazer mais com menos. Este é o tom que vem sendo adotado pelos produtores rurais brasileiros, há vários anos”, comenta.

“Traduzindo em medidas concretas, isto significa elevado investimento em tecnologia e novas formas de manejo, que têm proporcionado um aumento da produção sem praticamente nenhuma evolução na área plantada; diversificação produtiva e realização de até três colheitas por ano; intensa recuperação de solos degradados; rotação de cultura e disseminação do conceito que tem por base o uso racional dos recursos ambientais.”

NOVIDADE

O evento deste ano tem como novidade o Fórum Abag Estadão, que trará debates sobre os temas Alimentos e Logística, programado para o dia 4 de agosto.

“Decidimos ampliar o evento em mais um dia, por entender que ambos os temas estão conectados com as principais preocupações do setor e necessitavam de um tempo maior para que os especialistas detalhassem melhor suas análises e propostas”, justifica Caio Carvalho.

No debate sobre Alimentos, o presidente da Abag acredita que o destaque do fórum deve ser a discussão em torno do desafio do agronegócio brasileiro de atender, em quantidade e qualidade, às demandas interna e externa por grãos, proteína animal e fibras, além de contribuir com o fornecimento de biomassa para energia renovável.

Neste sentido, ele cita um aspecto que deve merecer ênfase nas análises dos participantes: a relevância do trabalho desenvolvido pelos diferentes institutos de pesquisa, decisivos nos recentes movimentos de ganhos de produtividade, assim como no alargamento racional da fronteira agrícola brasileira, agora incorporando a região conhecida como MaPiToBa (formada pelos Estados de Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia).

“Em relação ao Fórum de Logística, embora já tenhamos dedicado uma edição inteira do congresso ao assunto, entendemos que os desafios relacionados a esta área continuam pautando o maior ou menor desenvolvimento da atividade. Assim, acreditamos que seria importante aprofundarmos as análises, até para que pudéssemos conhecer cases de sucesso nas operações de algumas cadeias, como as exportações de café, as importações de insumos e a logística reversa das embalagens de defensivos agrícolas utilizados no campo.”

Neste caso, Caio Carvalho cita um exemplo muito bem-sucedido, que coloca o Brasil entre os líderes em reciclagem deste tipo de embalagem. É que, segundo dados do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (impEV), 91% delas são recicladas, seguindo princípios ambientalmente eficazes.

“Entendemos que exemplos como esses precisam ser estudados e replicados para outras áreas”, afirma o presidente da Abag.

PLEITOS

Segundo Caio Carvalho, os debates promovidos nos eventos da Abag sempre resultam em uma série de pleitos que são encaminhados, por diferentes meios, às autoridades de forma geral. No 14º Congresso Brasileiro do Agronegócio, ele garante que não será diferente, até porque um dos pleitos recorrentes são as necessidades de fazer deslanchar os grandes projetos referentes às obras, que permitiriam uma integração maior entre ferrovias, rodovias, hidrovias e sistemas portuários do chamado Arco Norte, que estão concentradas nos Estados de Mato Grosso, Goiás, Tocantins e Pará.

“Depois de concluídas, as obras do Arco Norte permitirão que boa parte da produção de grãos do Centro-Oeste seja direcionada para os portos do Norte e do Nordeste, desafogando a estrutura portuária do Sudeste e reduzindo os custos das exportações”, analisa.

DEMANDA

Em relação à situação do Brasil no agronegócio mundial, considerando a crise econômica atual, embora os preços das commodities estejam em uma trajetória declinante, o presidente da Abag destaca que o mundo necessita cada vez mais de produtos agropecuários.

“A tendência de crescimento na demanda por alimentos por parte dos países asiáticos, aliada a uma alteração nos hábitos de consumo destas populações e ao maior índice de urbanização nos países em desenvolvimento, deve manter aquecida a procura.”

Neste caso, Caio Carvalho destaca a importância de o Brasil ter uma logística e uma infraestrutura eficientes.

“Se o produtor conta com uma logística eficiente, mesmo com um ciclo de baixa das commodities, coisa absolutamente normal no processo econômico, ele vai conseguir obter um bom resultado”, afirma.

“Com um ciclo de commodities em baixa, o nome do jogo é competitividade e quanto mais competitivo for o produtor, mais conseguirá ocupar espaço e colocar seu produto no mercado, garantindo-lhe rentabilidade. Desta forma, ele tem de cuidar para ser competitivo nos seus processos internos e mostrar ao governo que, na área de infraestrutura, esta competitividade tem de ser alcançada também”, sugere.

Para mais informações sobre o 14º Congresso Brasileiro do Agronegócio, acesse aqui, no site da SNA: www.sna.agr.br/?p=22098.

Por equipe SNA/SP

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