O Índice de Confiança do Agronegócio (ICAgro), calculado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), caiu novamente no terceiro trimestre e atingiu o menor patamar da série histórica, iniciada no quarto trimestre de 2013.
Mas a queda foi menor que as anteriores, o que sugere que o pessimismo que prevalece no setor desde o início do ano pode ter chegado ao limite. Segundo a Fiesp e OCB, o ICAgro ficou em 82,4 pontos entre julho e setembro, 0,4 ponto abaixo do resultado captado no segundo trimestre, quando a queda em relação aos três primeiros meses deste ano havia sido de 2,7 pontos. A escala do indicador vai de zero a 200 e 100 é o ponto neutro. O resultado é dimensionado a partir de 1.500 entrevistas (645 válidas) com agricultores e pecuaristas de todo o País. Cerca de 50 indústrias de insumos também são consultadas.
“Os indicadores de confiança dos produtores e das indústrias se mantiveram em níveis baixos, mas relativamente estáveis em comparação com o trimestre anterior. Em ambos os casos, observa-se um equilíbrio entre aspectos positivos para o agronegócio – como a perspectiva de bons preços em reais para os produtos agrícolas, como consequência da desvalorização cambial recente – e situações negativas, como o quadro geral de incertezas na economia brasileira”, informa relatório recém-concluído pelas duas entidades.
Ainda que o resultado consolidado do terceiro trimestre possa ser interpretado como um sinal de estabilidade para o ICAgro, houve mudanças de percepção relevantes do segundo trimestre para o terceiro. Entre os produtores, os agrícolas ficaram mais confiantes e os pecuaristas, menos. Entre as indústrias, as que atuam “antes da porteira” ganharam ânimo, na contramão daquelas que concentram seus negócios “depois da porteira”.
O indicador que mede apenas a confiança dos agricultores chegou a 86,8 pontos no terceiro trimestre, acima dos 86 pontos do segundo, sob a influência das turbulências na economia brasileira e do aumento dos custos de produção – e apesar do otimismo em relação à produtividade e preços. Na mesma comparação, o índice dos pecuaristas passou de 88,7 para 83 pontos, pressionado pelos mesmos fatores negativos que preocupam os agricultores e pela queda dos preços do boi e leite. Na média, o índice do produtor agropecuário caiu 0,8 ponto, para 85,9.
No caso das indústrias, o indicador que mede a confiança das que atuam antes da porteira foi “contaminado” positivamente pelos itens “confiança no setor” e “confiança regional” e subiu de 66 para 73,3 pontos. Mas para aquelas que estão “depois da porteira”, o peso das incertezas econômicas no Brasil foi maior e o índice caiu de 85,8 para 82,7 pontos. Na média, o indicador da indústria subiu 0,1 ponto, para 79,9.
Além de pesar negativamente sobre o índice de confiança do produtor rural, o aumento de custos também está entre os fatores que têm restringido os investimentos dos agropecuaristas, conforme apontaram os participantes da pesquisa realizada pela Fiesp e OCB para o índice de confiança.
No terceiro trimestre, 52% dos agricultores consultados afirmaram que têm planos de ampliar o padrão tecnológico de suas lavouras com mais aportes em sementes, fertilizantes e defensivos, ante 68% no primeiro trimestre. Apenas 14% deles disseram que pretendem investir em máquinas e equipamentos, mas nesse caso o percentual está no mesmo patamar observado no início do ano (13%). Entre os pecuaristas ouvidos, 66% disseram que planejam investir mais em tecnologia, a maior parte em genética. No primeiro trimestre deste ano, entretanto, o percentual chegou a 73%.
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Fonte: Valor Econômico