Investir em tecnologia para aumentar a produtividade sem ferir os critérios da sustentabilidade é um desafio para o setor agrícola, de olho no aumento de sua competitividade no exterior. O assunto foi o tema central do debate mediado nesta sexta-feira, 28, pelo presidente da SNA, Antonio Alvarenga, durante o Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex). A palestra sobre o agronegócio competitivo e sustentável no comércio exterior teve também a participação do secretário de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura, Célio Brovino Porto, e o ex-ministro da Agricultura Marcos Vinicius Pratini de Moraes.
Segundo Porto, o Brasil tem apresentado uma evolução expressiva nas exportações nos últimos dez anos. Nos últimos 12 meses, foram registrados US$ 96 milhões em vendas para o exterior, o que demonstra que o país tem conseguido aumento significativo na produtividade, sem prejudicar sua área plantada. “O Brasil tem hoje o maior conhecimento e a maior experiência em agricultura tropical do mundo, o que tem servido para expandir a cooperação entre o Brasil e países em desenvolvimento. É uma clara demostração do crescimento que estamos vivenciando, e não apenas em relação à área, mas também à produtividade”, diz o secretário. Pratini de Moraes acrescenta que, para garantir esse crescimento, são necessários cinco ingredientes fundamentais: terra, água, sol, tecnologia e espírito de empresa.
Durante o debate, as novas medidas do Código Florestal foram consideradas fôlego extra para os esforços de garantir uma produção maior e ampliar o processo de produtividade. “Precisamos desenvolver mais a produtividade para compensar as áreas que serão impedidas de plantar”, destaca o secretário. Para conseguir crescer respeitando o solo e as áreas preservadas, segundo o ex-ministro, é preciso investir em produtividade. “Todo mundo associa o aumento de produção com o aumento da área plantada, mas não é assim. Quando se investe em tecnologia e inovação, a produtividade por área é ampliada”, explica.
Para Porto, uma opção para alavancar ainda mais o setor sem que haja prejuízo na questão sustentável é utilizar as áreas de pastagens. “Nós temos um potencial muito grande de crescimento, principalmente em cima de áreas degradadas por pastagens, que são muito extensas ainda em comparação com a área de produção agrícola. Todos os planos hoje são no sentido de crescer em cima do melhor uso desses espaços que já estão sendo utilizados pela pecuária”, complementa.
Fatores como a evolução populacional e de renda, a utilização dos biocombustíveis e as mudanças climáticas deverão garantir a abertura de espaço para as exportações no país. Segundo a previsão, o número de habitantes em 2050 será de 9,3 bilhões de pessoas no mundo. “São 213 mil novas bocas a serem alimentadas por dia, e o Brasil terá papel importantíssimo como um dos principais fornecedores dessa demanda”, destaca o presidente da SNA.
Os maiores importadores hoje dos produtos do agronegócio brasileiro continuam sendo a União Européia, com 24% do total produzido, e a China, com 21%, que surge como um parceiro importante. “A china desponta como um grande importador, o que preocupa, pois o comércio da China é muito dependente do complexo de soja e, por mais que sejamos muito competitivos nessa área, ficamos muito dependentes de um só produto”, diz o secretário. Pratini acredita que, para ocupar posição de destaque nas exportações, são necessários investimentos em logística e marketing. “É necessário agregar valor aos produtos, não apenas o físico, mas também o de imagem”, conclui.