Commodities exportadas pelo Brasil têm queda de preços

Durou pouco a reação das cotações do milho no mercado internacional. Após as fortes altas na bolsa de Chicago em junho e julho, alavancadas pelas incertezas relativas à produção dos Estados Unidos nesta safra 2019/20, em consequência de problemas climáticos, os sinais de que a colheita americana será maior que a esperada derrubaram os preços em agosto.

Cálculos do Valor Data baseados nas médias mensais dos contratos futuros de segunda posição de entrega mostram que a queda em relação ao mês anterior foi de quase 11%, o que devolveu os valores praticados ao nível de maio. Na comparação com a média de agosto de 2018, ainda houve alta de 3,40%.

Como já informou o Valor, o alçapão foi aberto depois que o USDA divulgou uma estimativa de área de cultivo no país nesta safra, maior que a esperada pelo mercado. O órgão cortou em “apenas” 2% a sua estimativa, para 36.4 milhões de hectares e o mercado esperava 35.6 milhões de hectares.

A estimativa de produtividade divulgada pelo USDA foi de 10,6 toneladas por hectare, contra uma expectativa média dos analistas de 10,4 toneladas por hectare, e com isso a colheita americana foi estimada em 353.1 milhões de toneladas – 20 milhões de toneladas a mais do que indicavam as bolas de cristais.

No que depender dos mais recentes movimentos dos fundos especulativos que atuam nesse mercado, novas quedas estão por vir. Na semana encerrada em 27 de agosto, indicou a Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC), as expectativas de queda aumentaram 67% em relação à semana anterior.

Não é uma boa notícia para os produtores do Brasil, que vem se consolidando como o segundo maior exportador de milho do mundo, atrás dos EUA, ainda que o câmbio esteja compensando parte da queda dos preços. Mas agrada aos frigoríficos de aves e suínos, já que os custos das rações tendem a seguir sob controle.

A soja também caiu em Chicago em agosto, embora menos. Segundo o Valor Data, a média do mês, a segunda mais baixa do ano, foi quase 3% menor que a de julho. Em relação a agosto do ano passado, houve leve retração.

Na bolsa americana, o grão tem enfrentado resistência para subir em razão da guerra comercial entre Washington e Pequim, que continua a favorecer o Brasil, mas também da menor demanda da China, independentemente das disputas.

O país asiático enfrenta uma grave epidemia de peste suína africana, que tem levado a uma expressiva redução de seu plantel de porcos e, com isso, limitado às compras de soja para ração.

Com as disputas comerciais e a peste suína, que também se espalha por outros países da Ásia e da Europa, os fundos ficaram um pouco mais pessimistas, e as expectativas de queda das cotações aumentaram 5% na semana encerrada em 27 de agosto.

A China lidera as importações mundiais da oleaginosa, ao passo que Brasil e EUA são os maiores exportadores. Além do câmbio favorável, é verdade que os brasileiros têm no aumento dos prêmios nos portos do país outro fator de compensação em relação às quedas em Chicago. De qualquer maneira, o volume de embarques do Brasil está menor e fechará o ano em queda.

 

Entre as soft commodities exportadas pelo País e negociadas na bolsa de Nova York, os destaques de agosto foram as quedas de cerca de 8% do café e do algodão em relação às médias de junho.

O café, como o açúcar, que caiu quase 4%, foi diretamente influenciado pela valorização do dólar no mês, que estimula o aumento das exportações brasileiras. Já o algodão também sofre com a troca de cotoveladas entre americanos e chineses e encara a oferta global em expansão. A média observada foi a menor desde março de 2016.

O suco de laranja finalmente recuou pouco mais de 2%, ainda pressionado pela recuperação da produção da Flórida, nos EUA, e pelas boas perspectivas para a safra da fruta no Brasil. O Brasil é o maior exportador mundial de açúcar, café e suco, e o segundo país no ranking do algodão.

 

Valor Econômico

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp